domingo, 23 de maio de 2010

A NOSSA TRANSA (MÚSICA)

Menina esse teu amor
Tem veneno e vai me matar
O teu beijo tem um raro sabor
Das frutas nobres do jardim de Alá

Esse teu jeito maroto me alucina
Me embriago nesse teu olhar
Se te encontro sobe a adrenalina
Na vontade louca de poder te amar

Nosso amor tem algo novo e inconsequente
A nosso transa é densa e astral
Sacio a sede da paixão ardente
No teu corpo lindo, belo e escultural

Apaixonado feito uma fera insandecida
Eu entrei de cara nesse amor
Vamos ser amantes no melhor da vida
O sonho continua e não cabou

quarta-feira, 19 de maio de 2010

ESCULTURA SERTANEJA (MÚSICA)

AO MEU AMIGO LENIVAL NÚNES DE ANDRADE

Altura mediana,
Corpo lindo, escultural,
Cabelos pretos e longos,
Rosto meigo angelical,
Cor de Madalena,
Mulher mais que um vulcão
Olhar de Iracema
A fina flor do meu sertão,
Traços provocantes
Curvas firmes sensuais,
Andar de manequim:
Essa mulher é demais, é
Essa mulher é demais, é
Essa mulher é demais.

Manhosa caliente,
Sexe e inconsequente,
Filha da mais pura raça,
Escultura sertaneja
Que o meu desejo deseja
Quando ela por mim passa,
Mulher que me tira o sono,
Eu queria ser o dono
Dos teus sonhos originais,
Perfeita obra divina,
Linda cria nordestina
Essa mulher é demais, é
Essa mulher é demais, é
Essa mulher é demais.

sábado, 15 de maio de 2010

EU VENHO DA TERRA SECA

Eu venho da terra seca
No peito trago a bravura,
Na mão a selvagem história
No rosto a verdade dura;
Na pele o cheiro do mato
Nas veias um liquido abstrato,
Na boca o grito contra a escravidão:
Nos olhos tristeza, a fome
Já diz o meu grande nome,
Eu venho lá do sertão.

Não venho para ensinar
E nem sei se posso aprender;
Trago a liberdade nos músculos
E a vontade maiúscula de vencer;
Trago ideias de brasileiro,
O desprezo ao cativeiro
Filho unigênito da maldição:
Do profeta embriagado
trago o sudário rasgado
E na mente a libertação.

Sim, eu venho lá da caatinga
Aonde a terra esposa a dor,
Morrendo para ser livre
E morto para ser senhor;
Bradando a voz de gigante
Qual o chacal arrogante
Pra dos ferros se libertar:
Bem mais forte do que leão
É a força que há no coração
E o anseio do meio popular.

Eu venho de longe, mais venho
E nem sei se posso agradar;
Venho em nome dos Hércules
Disposto, ávido à lutar;
Venho da senzala, da choça,
Da triste e rude palhoça
Bem no seio da criação:
Venho da multidão, do nada,
Venho da terra Sagrada,
Eu venho lá do sertão.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

NA TUA BOCA DE CEREJA (MÚSICA)

Meu desejo te deseja
Na tua boca de cereja
Quero beber o teu mel,
quero ter o teu amor
E me sentir um beija-flor
pra voar no teu céu.

Quero te amar sozinho
Pra gozar o teu carinho
E do teu beijo o sabor,
Na cama te deixar louca,
Tirar a tua roupa
E me queimar no teu calor.

Quero matar a paixão
Que tenho no coração
Do teu corpo sensual,
Contigo sonho a cordado
Sou mais que apaixonado,
És meu anjo divinal.

És meu mundo, meu prazer
Nos teus braços vou morrer
De amor e de paixão;
Esse teu amor menina (Bis)
Me castiga, me domina,
Machuca meu coração.

O ATRASO TAMBÉM DEIXA O POVO FELIZ

Só o atraso
Cresce na minha cidade,
Venham por caridade
Correndo nos visitar:
Antes que se acabe
A coisa aqui tá preta
Que nem mesmo uma micareta
Faz a vida melhorar.

Tem gente aqui
Que ganhou troféu
E até prêmio Nobel
De bajulador:
Puxa saco, baba ovo
Tem cargo importante
E diploma na estante
De incensador.

Tem compra de voto,
Tem adestramento
De eleitor por todo lugar
A ju$tiça ver o crime
E faz que não ver
O dinheiro é poder,
O jogo é jogar.

O rico tem a lei,
O pobre o abandono
Pense num cão sem dono
Que vive a sofrer,
Sempre escravizado
No mundo sem prumo
Sua vida é levar fumo
Sendo o dono do poder.

Padece porque quer
Gosta de ser enganado
É desorganizado
Tá na contramão,
Não gosta de política,
Mas vota em quem gosta,
Eis um palhaço feliz
No meio da multidão.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

FORRÓ MANEIRO (MÚSICA)

Toque, toque,
Toque, toque sanfoneiro,
Toque um forró maneiro
Desses de arrepiar,
Pra eu fungar
No cangote da morena
E fazer jogo de cena
Até o dia clarear.
Pode tocar,
Sanfoneiro não dê mole
Toque até furar o fole
E a pueira levantar
Que vou ficar
Aqui no salão dançando
E o chinelo chiando
ate a sola se acabar.

terça-feira, 11 de maio de 2010

A DONZELA DO LÁCIO

Ao insigne poeta Harrison Chianca

Oh! Filho dos deuses, ò varão estupendo,
Do Lácio roubaste a mais pura donzela
Flor que Bilac em sua lira singela
Cantou seus dotes de amores morrendo.

Cuideis poeta, talvéz da última Cinderela
Que da Lusitana grandeza veio correndo
Servir a escrava por ordem do colendo
Império bárbaro que desgirvinara ela.

Zeleis gênio, a musa sedutora dos poetas,
A perigosa lâmina rutilante dos sábios,
A espada conversora dos profetas.

Temeis seu repouso em falsos lábios
Para que se perpetue pura a donzela
De hálito de hortelã e face bela.

NUMA CASINHA DO SERTÃO (MÚSICA)

O amor dela
Tem um quê de diferente,
Maltrata, machuca a gente,
Mas faz bem ao coração;

O amor dela
Me inspira, me atormenta,
Me desnuda, me inventa
Numa noite de São João;

Eu gosto dela
Sou o seu apaixonado
Transo esse amor safado
Me comendo de paixão;

Na cama rola um amor louco
Sem fronteira,
Um dengo à brasileira
Numa casinha do sertão;

Amor intenso,
Puro, lindo, verdadeiro,
Doi em mim o dia inteiro,
Mas faz bem ao coração.

Mas faz bem ao coração, amor... (Bis)
Mas faz bem ao coração:
Vivo feliz
Levando uma vida singela
Desfrutando o amor dela
Numa casinha do sertão

ULTRAÍSMO

Lá na terra árida há uma linda gente,
Que se enleva com a sua desgraça; 
Exulta o rude, que a magoa na praça 
Zombando da dor que omissa sente. 

Tolhida, infausta, a linda gente passa 
Os séculos da vida, a tudo indiferente, 
Mendigando restos da ceia excludente 
Que alimenta a sanha da ilustre massa. 

Acuado e humilhada no seu domínio 
Faz do peito sofrido um mero escrínio 
De livre esperança num ideal novo, 

Mas, quando das cinzas, ressurgir a lei 
Fará justiça ao beijo que traiu o Rei 
julgará o lábio que enganou o povo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

VOCÊ FOI MAIS QUE UMA CRUZ

Refrão

Eu não aceito mais você [Bis]
O nosso amor chegou ao fim,
Você foi mais que uma cruz
Agora eu vou cuidar de mim.

Fiz meu mundo e lhe dei
Por você até chorei
Pra manter o nosso amor,
Conquistei a liberdade
Busquei a felicidade
Descobri o esplendor,
Lhe dei vida de princesa
Atropelei a pobreza
Transformei pedra em pão,
Me fiz o seu alquimista
Mais que um amante, um artista
Em nome dessa paixão.

Refrão

O seu amor já é passado
De você estou cansado
A nossa transa se acabou,
Dessa casa vá embora
Pois "quem sabe faz a hora"
E essa hora chegou,
Saia sem fazer barulho
E não fira o meu orgulho
Mais do que você feriu,
Dizem quem ama perdoa [Bis]
Siga em frente numa boa
Entre nós nada existiu.

domingo, 9 de maio de 2010

ALGAROBEIRO

Algarobeiro, algarobeiro
Predestinado sombreiro
Do transeunte trigueiro
Que vagueia meu sertão,
Num caminhar de formigas
E, sob as sombras amigas
Descansam suas fadigas
Num ato de comunhão.

E, quando a tarde desmaia
O véu da noite se espraia,
E os pardais em gandaia
Comemoram envaidecidos,
Depois vem a madrugada
E o canto da passarada
Desvirgina a alvorada
Nos teus galhos escondidos.

Algarobeiro, as alegrias
Que inocente tu sentias
Quando a mão de Malaquias
Com carinho te aguou
Mas, agora em fase adulta
Outra mão mais que estuta
De forma cruel e bruta
Tua morte decretou.

DE RAQUIM À ASRAIL

Das Mãos de Deus sublime dádiva
Foi-lhe santa, um dom, obra divina
Quando sua alma serva e peregrina,
Sorria aos olhos e livre sonhava.

Uma benção dos céus em meio à sina
Da gente inutil, poviléu; mas a brava
Índole de nós que no berço despertava
À caridade, morreu antes da esquina.

Tempos idos! ah, velhos tempos idos!
Que morreram nos bercos esquecidos
No tempo da existencia do sudra insano.

Mas, das Mãos de Deus sublime dádiva
Há de renascer sempre - forte gritava
Uma voz aos ouvidos do asrail tirano.

MOÇA BONITA - XOTEADO

Moça bonita, oi flor de mussambê
É um prazer ter a sua companhia,
É bom demais cantar você
Sentir seu cheiro é alegria.

É alegria ver o seu molejo
O meu desejo é ter-la nua
Meu caja-manga, minha água doce
Sonho de consumo, meu dengo de rua.

Corpo lindo pérola da mais pura cor
O seu amor apelo de delicia rara
Estrela guia brilho do planeta terra
Linda quimera feitíço de minha tara.

Andar de diva, passos firmes, elegantes
Estonteantes curvas nobres sensuais,
Fenomenais traços da mãe natureza
Com tanta beleza essa mulher é demais.

Olhar sublime, profundo como de santa
Que me encanta e desperta o meu tesão,
És minha cara metade que me faz guerra
Flor da serra que enfeita o meu sertão.

sábado, 8 de maio de 2010

A CIDADE DOS MORTOS

Na cidade dos mortos a insanidade
É atributo sábio do abutre afaimado
De carne em sangue do Eu humilhado
Morto antes de morrer na eternidade.

Matar o morto, eis um troféu exaltado
Pela turba impiedosa da infernalidade
Que sob ordens do guia da imortalidade
Tortura-se à morte o morto condenado.

Alardeia-se Indômito! Treme-se ao forte
A vossa áurea pálida; debil sem norte;
Um deus apenas diante do pequeno!

Um dia a plebe triunfará sobre vossa lama,
Morto! Riso sardônico, desdem, um drama
De um diabo que bebeu o prórpio veneno.

A FLOR DESÉRTICA

Sob um sol causticantemente tirano,
Uma linda flor solitariamente ferida
Esmaece lentamente e já combalida
Morre-se sob o nariz do rude insano.

A flor dos tempos idos era protegida
Por jardineiro de caráter espartano,
Ilibado, gesto nobre e calor humano
Dedicados à flor por toda sua vida.

Mas, o rude ver a flor se ultimando
Aos seus pés os antigos implorando
Para que a salve num ato soberano,

Porém, a morte da flor se concretiza
Do visionário [a profecia se realiza]
À sombra de Melão-de-São-Caetano.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

ABRAM AS PORTEIRAS DEIXEM PASSAR A CANTORIA POPULAR

De "mala e cuia" sem pedir licença e sem dever favores a figurões - exploradores que se apresentam como importantes para facilitar, mas que somente atrapalham - abram as porteiras que ai vem a "cantoria popular". A famosíssima "pé de parede" que está deixando o berço rústico das fazendas e bares das pequenas cidades do interior para definitivamente, emplacar nos teatros das grandes cidades.
Já era tempo. Hoje, a cultura popular se encontra em todos os setores da vida do povo, isto com certeza mostra certo nível de oposição à cultura geralmente dita oficial, no fundo erudita. Sabe-se também que esse tipo de cultura explode com um vigor genioso nas sociedades onde reina uma acentuada divisão de classes.
No Brasil, essa divisão é bem mais grave, talvez seja por isto que a cantoria popular tenha tanto espaço principalmente nas camadas mais baixa da sociedade. Dentro desse pensamento, um dos grandes poetas do repente, Ivanildo Villa Nova, num poema histórico mostra claramente essa caracterização da divisão das classes " Imagine o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente".
No entanto, é preciso que se observe que a cultura tem o seu próprio movimento no meio. A civilização nordestina, principalmente a sertaneja tem evoluido nesses últimos tempos e com ela a literatura de cordel e a cantoria "pé de parede", marca registrada deste País chamado Nordeste. Não custa muito para se perceber esse grande salto na qualidade dos versos: a educação, mesmo de má qualidade tem chegado a muitos lugares, produzindo bons frutos. O poeta repentista tem procurado melhorar a pronuncia, a dicção - desprezando um pouco os "cumas e os pruques - transformação importante que contribui decisivamente para que os jovens buscassem mais a literatura de cordel e a cantoria popular como forma de expressão e identidade cultural sem estigmatizá-la.
Antigamente, a classe dominante nos seus belos salões produzia saraus de uma grandeza extraordinária, exaltava os seus poetas preferidos e os festejava como deuses. Era proibido falar em literatura popular - imagine declamar um verso de Leandro Gomes de Barros, de Pinto de Monteiro ou de Catulo da Paixão Cearense - poetas da época. Não porque esses expoentes não fossem grandes intelectuais, por isso não. Mas porque o estilo deles tinha um linguajar de péssimo gosto e não fazia parte do idioma português, portanto não falado pela classe culta e sim pela ralé.
Agora os tempos são outros, a cultura da ralé do passado é a cultura do intelectual do presente. Isto não significa que os intelectuais estejam perdendo o seu tino culto, mas absorvendo uma cultura rica para aumentar o seu cabedal de conhecimentos e poder compreender a civilização dos caipiras sertanejos, que não desprezam o que eles conhecem como terra mãe, o velho e santo sertão. A civilização dos matutos precisa alcançar o seu lugar na história, precisa fazer parte dos programas curriculares nas escolas para não ser esquecida e morrer sem eternidade como já aconteceu com culturas fabulosas do passado. Temos um péssimo costume em reconhecer culturas de outras civilizações e relegamos a um descaso profundo a nossa. Tenho plena certeza que tal sorte não vai recair sobre a glória dos matutos sertanejos, porque poetas populares jamais deixaram de existir e o dom, dádiva natural do extremo criador, continuará a inspirar esses deuses da cantoria pé de parede a produzirem verdadeiras obras primas do saber humano. As cantorias realizadas hoje nos templos (teatros) das grandes cidades do País, têm e seguem os mesmos ritos da tradicional, com participação decisiva do público. Inicia-se pela sextilha, estrofe de seis versos, cada verso composto de sete sílabas. Depois baiões livres - preferencialmente em sextiha, onde se segue temática e toada específica - nesse estilo os repentistas recebem os motes do público presente. Geralmente, são de duas linhas que não rimam entre si, sendo que a partir dai os repentistas cantadores improvisam uma estrofe inteira encerrando-as dentro e com o tema pedido pelo público (o mote).
Muitos são os nomes que fazem parte dessa arte esplêndida. Não vou citar nomes dos mais ou menos famosos, vou apenas listar alguns deles para que o leitor possa se situar melhor: Fenelon Dantas, Sebastião da Silva, Oliveira de Panelas, Moacir laurentino, Zé Laurentino, Daudete Bandeira, Severino Feitosa, Leandro Gomes de Barros, Patativa do Assaré, Cuíca de Santo Amaro, Rodolfo Coelho Cavalcante, Raimundo Santa Helena, Os Nonatos, Os Irmãos Pereira, Franklin Maxado, João Martins de Atayde e Ivanildo Villa Nova.
A cantoria pé de parede migrou definitivamente para o meio urbano, trouxe graça, conteúdo e muito talento. Até que enfim o jovem se deu conta e está consumindo o que é realmente seu, o que genuinamente é produto nosso e da melhor qualidade.

domingo, 2 de maio de 2010

O QUE DISSE SILVESTRE PINHEIRO FERREIRA SOBRE A ARTE

"É o êxtase daquele que imagina e dar origem as várias denominações, que importa conhecer. porquanto, se aquele, cuja imaginação se apresentam os objetos, no-los reproduz a nossa vista, ao nosso tato, aos nossos ouvidos, com o lápis ou com o pincel, com o burril, com o cinzel, com o gesto, ou com os sons, tanto da voz como dos instrumentos; denomina-se aquela imaginação o talento, o gênio das Belas Artes: isto é, da Pintura, da Literatura, da Gravação, da Escultura, da Mímica, ou da Música".