terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O FILÓSOFO PLUTARCO JÁ DISTINGUIA O VERDADEIRO AMIGO DO BAJULADOR

Um amigo me mandou esta pérola!
livro “Da maneira de distinguir o bajulador do amigo”, escrito por Plutarco, um dos maiores filósofos do Império Romano, poderia ter sido redigido hoje, por sua atualidade e porque o tema é universal e ultrapassa todos os tempos e fronteiras. Escrito na Antiguidade, em torno do Ano 100 depois de Cristo, o texto filosófico vai fundo no conceito da bajulação que promove a ilusão de amizade. Bajulação é uma forma de agradar para subjugar, define Plutarco. E onde há poder e poderosos, sempre haverá um ou mais bajuladores, que representam, com sua astúcia dissimulada, enorme perigo para os que ficam cegos com os seus elogios e sua prática nefasta.
O bajulador ganha, assim, pouco a pouco, a estima e a admiração da vítima e se comporta socialmente como um camaleão, ora prestativo e adulador, ora guerreiro e grosseirão, ora efeminado e estrategista, com uma sedução sem limites! É mestre na arte de agradar e se instala no gabinete mágico das vaidades e dos prestígios. O bajulador é uma espécie de ocultista astuto, com o encanto irresistível e agressivo dos mágicos. A bajulação, portanto, é uma coirmã da arte do teatro. No fundo, o bajulador é um velhaco; servidor das vaidades, serviçal de cabeça fria e ator principal da comédia da sedução. O bajulador sempre tem em mente algum engano proveitoso, um truque, uma carta na manga, uma fraude inédita. A bajulação é de fato uma perversão.
Com tantas artimanhas, torna-se difícil distinguir o amigo do bajulador. A bajulação vai mais longe que a amizade, em matéria de pequenas amabilidades. O verdadeiro bajulador parece sempre divertido e expansivo, não se opõe a nada, jamais contradiz, explica Plutarco. O bajulador é um parasita que tem sempre um elogio no bolso, para agradar e exercer seu ofício com habilidade, rodando em volta de seus bajulados… É difícil identificar os mais talentosos bajuladores, porque ocultam sua verdadeira face e se dedicam a ostentar o zelo, a diligência e a prontidão em atender os poderosos, que se tornam suas presas fáceis. A artimanha do bajulador é derramar elogios, ao contrário dos amigos que dizem a verdade, se necessário for, mesmo que não agrade, mesmo que seja algo que não se queira ouvir.
Aqui em Saquarema (São Mamede) como em tantos lugares, há bajuladores onde menos se espera. Inclinados diante da riqueza e do poder, com sua devoção servil, o bajulador afasta os verdadeiros amigos e amigas de suas vítimas. Faz um cerco, para melhor exercer a sua dominação. Ridiculariza os que significam algum tipo de ameaça, para o seu domínio e seu raio de influência. Discriminam aqueles e aquelas que poderiam confrontar com o seu espaço, em palavras, atos ou idéias. Tentam esmagar seus adversários e impedem que suas vítimas vejam claramente o que se passa a sua volta, embriagadas com suas falsas promessas e miragens.
Uma piada sobre a bajulação é a do rei que vivia cercado de bajuladores e mandou fazer uma roupa nova. Quando o costureiro apresentou o novo figurino, o rei não gostou e mandou refazer a encomenda várias vezes, até que o costureiro, um bajulador, trouxe uma roupa que disse ao rei ser invisível. O rei vestiu e acreditou que estava lindamente trajado! Assim desfilou nu, diante da corte, aplaudido pelos bajuladores de plantão que teciam elogios à roupa que não existia, deixando o monarca num ridículo diante de seus súditos…
 Da verve de Dulce Tupy

sábado, 10 de dezembro de 2016

"CALAI-VOS, MISERÁVEIS"!

As injustiças sociais têm demandado esforços imensuráveis de profetas, filósofos, escritores, oradores, poetas e sábios: antigos, modernos, sagrados e profanos, considerando-as nas suas reflexões, como insana causadora da infelicidade da maioria do povo. A primogênita filha dessas injustiças, a ganância – desejo intenso de bens e riquezas tem levado nações e povos a aceitarem um tipo de escravidão disfarçada chamada de “oportunidade”, ou cartas marcadas.
De fato, a miséria do povo parece que nunca vai ter fim.  Vejamos, estamos agora no século oitavo Antes de Cristo, ai por volta do ano 760, um homem do campo, chamado de Amós, seduzido por Deus abandona sua vida tranqüilo no reino do Sul e vai para o reino do Norte denunciar as injustiças sociais cometidas por esse reino. Não satisfeito ainda com as acusações especificas relacionadas às duras penas da sociedade na qual se inseriu Amós também dar nomes aos causadores dessas injustiças: a elite dominante. Assim denunciava o Profeta Amós: 2, 6-7: Porque vendem o justo por dinheiro e o necessitado pelo par de  sandálias; pisoteiam os fracos no chão e desviam o caminho dos pobres! No capitulo 5, 7-10: Amós atinge a espinha dorsal do sistema: Ai dos que transformam o direito em veneno e atiram a justiça por terra. Eles odeiam os que defendem o justo no tribunal e têm horror de quem fala a verdade.
A doutrina política e econômica que conhecemos como socialismo, afirmam alguns, que surgira no final do século XVIII, com o intuito de transformar a sociedade a partir de uma profunda reforma social considerando a distribuição por igual das riquezas e das propriedades. François Noël Babeuf, jornalista Frances, sugeriu na época um paradigma que posteriormente serviu aos movimentos de esquerda que o adotaram como opção política, porém, sem lastro teológico e utópico.
Babeuf nutriu-se das leituras de Rousseau, Mably e Diderot para elaborar suas próprias idéias, as quais tratavam de igualdade e coletivização das terras. Foi, portanto, cuidando da situação de miséria da grande maioria da população do seu País e do seu próprio processo psicológico consciente real – vivência – que ponderou para os primeiros passos do socialismo. No “Manifesto dos Iguais” escreveu Babeuf (1796): “Desde a própria existência da sociedade civil, o atributo mais belo do homem vem sendo reconhecido sem oposição, mas nem uma só vez pôde ver-se convertida em realidade: a igualdade nunca foi mais do que uma bela e estéril ficção da lei. E hoje, quando essa igualdade é exigida numa voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: "Calai-vos, miseráveis"! A igualdade não é realmente mais do que uma quimera; contentai-vos com a igualdade relativa: todos vós sois iguais em face da lei. Que quereis mais, miseráveis? Que mais queremos? “Legisladores, governantes, proprietários ricos; é agora a vossa vez de nos escutardes”.
Lendo “O príncipe” de Maquiavel, agucei a minha atenção no capitulo IX, o qual trata “Do Principado Civil”, donde voa aos nossos olhos a seguinte pérola: “o povo não quer ser governado nem oprimido pelos grandes, porém estes desejam governar e oprimir o povo”. A sentença faz com que voltemos os nossos sentidos à promessa da natureza – igualdade, necessidade essencial a existência do homem. De modo que se não formos solidários uns com os outros dificilmente sobreviveremos à hostilidade da terra. Gentilmente pela natureza fomos dotados de gestos sublimes à moral e a legitimidade da igualdade, porém, recebemos também, com especial liberalidade em exponencial profusão os fluidos da ganância. De modo, que é preciso estabelecer equilíbrio sem que necessário seja opor força a força

Fonte: O livro de Amós – Bíblia Sagrada.