quarta-feira, 26 de abril de 2023

"SÓ O DONO DA CASA SABE/ONDE FICAM AS GOTEIRAS".

 

Mortos me acusam sem provas

Loucos querem me julgar,

Cegos são donos da lei

Néscios me fazem vulgar.

Não sabem tercem consertos

Exibem falsos disertos,

Mas só vomitam asneiras

Coisas que a fala não cabe:

Só o dono da casa sabe

Onde ficam as goteiras”.


Ensinam o norte à vida

De outrem com os seus vícios

Inda ativos na memória

Dos homens em sacrifícios.

Rasgados de honra e sorte

Sempre a caminho da morte

Põem suas teses rasteiras,

Embora a vida desabe:

Só o dono da casa sabe

Onde ficam as goteiras”.


As canções que os alimentam

Soam surdas, indistintas,

Líricas aos lábios lúridos

Das anamneses extintas,

Omissas na ordem mental

Da vontade incidental

De intenções alcoviteiras

Com um sentimento alabe:

Só o dono da casa sabe

Onde ficam as goteiras”.


Reinam nas vargas humanas

Quando vêm as tempestades,

Sondam infensos mistérios

Nas falsas realidades.

Impõem-se divos profetas

Seguindo as linhas ascetas

Com virtudes embusteiras

Com finalidade aldrabe:

Só o dono da casa sabe

Onde ficam as goteiras.


Mote de autor desconhecido


segunda-feira, 17 de abril de 2023

GOISFRIDUS, O DESASTROSO.


No reino de Mohammed na Arábia, Goisfridus sentia-se amado pelo povo. Reinava pleno, divino e se considerava um deus! Mas esse não era o grande sentimento dos súditos... Esse é apenas a intima realidade que sempre acompanha os açambarcas que se arvoram tiranos, acreditando que o meio e momento histórico tornar-se-ão propícios ao sujeito ambicioso, capaz de criar o seu reino, pois, a chave da fortuna e do poder ancorar-se-á na oportunidade... E os resultados virão quando as pedras são arredadas, despovoando sem consenso os estorvos... Sua filosofia...!

O sábio ensina: “quando o poder se instala no consciente do individuo, chega também à necessidade de se glorificar a sua origem”.

Tiranos como “Alexandre, Cesar, Napoleão, etc. procuravam suas origens em existências divinas. As humanas não lhes serviam!”

Certa vez, Goisfridus “convidou” os seus “conselheiros” ao palácio para uma conversa informal, pois, queria saber dos súditos se o povo o amava como uma entidade suprema! E para demonstrar algo que não tinha – racionalidade no espaço vazio do coração – foi recebê-los no “terreiro” do palácio carregando com zelo o seu cabaz, quando confessou ao conselheiro mais intimo: “Não me sinto bem comigo mesmo”, ‘dizia alguém para explicar sua inclinação para a sociedade’. “O estomago da sociedade é melhor que o meu, pois me suporta”. O viajante e sua sombra – Nietzsche – pag. 115 – 235.





domingo, 2 de abril de 2023

MOTE: A ABUNDANCIA NA MESA DO RICO/LEVA A FOME À COZINHA DO POBRE

 

“Comerás o teu pão fadigado”

Banhando teu rosto de suor,

Porque assim te tornarás melhor

E não seres jamais subjugado.

Vivendo os teus dias, sossegado

E, que esse sossego se redobre

Pela vida inteira e não se dobre

  As alhadas que o faça pagar mico:

A abundância na mesa do rico,

Leva a fome à cozinha do pobre...


A loucura insana de se ter

À custa do brio cristalino

Infringe o princípio vestalino

Com efeito, à busca de poder!

Confundindo-se o ter para ser

Indefinição perene inobre,

Que a ganância aflitiva encobre

A sede de se chegar ao pico:

A abundância na mesa do rico,

Leva a fome à cozinha do pobre.


O sábio deseja conhecer

A incógnita do desconhecido!

O tolo se exalta entorpecido

Ao extremo que o faz orgulhecer

Do logro à sombra do escurecer

Intrujice que ninguém descobre,

Todavia não é um gesto nobre,

Que exala o caráter impudico

A abundância na mesa do rico,

Leva a fome à cozinha do pobre

 

O caráter moral é “vaidade”;

(Vanita) de máscara sem rosto

Da classe de hábito sem gosto,

Que fragiliza a sociedade

Levando à outra realidade

Impondo-lhe narrativa sobre,

A impostura da virtude nobre

Princípios da nata que critico:

A abundância na mesa do rico,

Leva a fome à cozinha do pobre...

 

 

MOTE: ACREDITA-SE MAIS NO MENTIROSO/PORQUE SE TEME O PESO DA VERDADE


Quando se traem os padrões morais

Ferem os princípios da hombridade,

Fomentam a insânia à sociedade

Numa cadeia de aflições varais,

Que estimulam convulsões culturais,

Com ideias avessas a igualdade, 

Que se fartam no campo da maldade

Atiçando a má fé do presunçoso:

Acredita-se mais no mentiroso,

Porque se teme o peso da verdade.

 

Às vezes, quebram-se laços profundos

Só para não atormentar o egotismo,

Que expõe a vida humana num abismo

Tão comum aos interesses imundos,

Que do roço se fazem oriundos

Frutos podres da insensibilidade

Astutos gentis à visibilidade,

Porque faz o seu mundo prazeroso:

Acredita-se mais no mentiroso,

Porque se teme o peso da verdade.


Encômios encantam, mas não dão brilho,

Massageiam o íntimo, abrem sorrisos,

Às vezes largos outros indecisos,

Mas sempre buscando o sonho Castilho,

Que ao se tisnar, anela-se ladrilho

À imagem ferida na dignidade,

Cativando-lhe a personalidade

Ao repulsivo ostracismo asqueroso:

Acredita-se mais no mentiroso,

Porque se teme o peso da verdade.

 

Os próceres inventam magnitudes

Pelos ensejos cridos dos jornais,

Enredando seus tropeços banais

Pra evadir das massas inquietudes,

No entanto, interpretam solicitudes,

Que lhes afligem tocando a vaidade,

Fingidos pregam a fraternidade

Pra que o mundo se torne generoso:

Acredita-se mais no mentiroso,

Porque se teme o peso da verdade.