terça-feira, 27 de março de 2012

O TEMPO DO POVO É O SEU TEMPO

O tempo político é mais pesado do que o ar, e seu peso é como um projétil certeiro procura sempre a nossa cabeça. E jamais erra o alvo! Para o povo que vive do tempo não há mais tempo, pois a espera pelo tempo morreu na fila do tempo que não teve tempo para o seu tempo. Assim, caminham as barrigas de bolsos vazios, sempre através do tempo quase sem tempo. E passam-se os tempos e os temporais não cessam, faltou-lhes tempo nos dias turvos e nas noites brancas. E o tempo voa pelas trilhas das eras sem asas, buscando o além de si em si mesmo. Enganando-se e massacrando-se, iludindo-se e destruindo-se, até quando? Ora, o ontem é tempo, o hoje é tempo, o amanhã é tempo e tudo é tempo, até sorrir é tempo. A paciência é tempo, a pressa é tempo, a destreza é tempo sem glória; enquanto o sim é tempo, o não é tempo sem história. E o povo? Ah! Este tem tempo sim, mas perde-o sempre com sonhos inúteis e promessas surreais: se eu ganhar esta eu vou ajudar a toda sua família. A vitória chegou sem redias e sem focinheira – no tempo. As dívidas com os enganados – esquecidas. Agora já é outro tempo. Esse novo tempo vai precisar de muitos bolsos para guardar-se. Tudo é tempo. A derrota também é tempo, mas até quando? Quando? Não sei. Pergunte ao povo que se quiser pode ser o senhor do tempo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O TEMPO DO POVO

Quando se evidência o tempo político - lixo fatal na consciência da escolha - nasce da apatia dos eternos descuidados que irresponsavelmente abandona a juventude da cidadania para oferecer literalmente os pulsos às algemas: os anjos de barro com suas trombetas de plástico. Nesse tempo, astutos constroem castelos, anões afrontam gigantes, serviçais desafiam deuses; mas ninguém se dispõe a ouvir o canto surdo dos pigmeus que aos berros falam aos ouvidos abatidos. E dos seios murchos da terra faminta um número muito pequeno se alimenta das melhores iguarias; já a maioria recolhe as migalhas do banquete: faisão recheado à forestière, no tempo do povo!

segunda-feira, 12 de março de 2012

UMA GRANDE LIÇÃO DE MORAL!

Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal e ex-ministro da educação e atual senador Cristóvam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. Um jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Esta foi à resposta do Sr. Cristóvam Buarque. De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ELE É NOSSO. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizaremos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras, sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não pode deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizamos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Defendo a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Como humanista aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro lutarei para que a Amazônia SEJA NOSSA. SÓ NOSSA!

Este texto chegou às minhas mãos por intermédio de uma grande amigo, segundo ele, o encontro na internet, assim como a foto do senador Cristóvam Buarque.






BIOGRAFIA DE SILVINO PIRAUÁ DE LIMA - IVONE MAYA

Chamado de “o enciclopédico” pelos contemporâneos, Silvino Pirauá de Lima, situa-se entre os primeiros poetas da tradição do Cordel Nordestino. Nascido em 1848 no município de Patos – PB, na seca de 1898 emigrou para o Recife, onde fixou residência.

Discípulo amado de Francisco Romano Caluete percorreu com ele vários Estados como o Pará, Amazonas e maranhão, e recriou o célebre desafio ocorrido em Patos entre seu mestre e Ignácio da Catingueira, que teria durado oito dias.

Francisco da Chagas Batista, em Cantadores e poetas populares, atribuiu a Silvino Pirauá qualidades raras: a de ser um exímio violeiro e grande repentista, igualando-o a antecessores ilustres que “plainaram” na Serra do Teixeira, como Agostinho Nunes e seus filhos Nicandro e Ugolino.

E Tudo Vem A Ser Nada


Tanta riqueza inserida
Por tanta gente orgulhosa
Se julgando poderosa
No curto espaço da vida
Oh! Que ideia perdida
Oh! Que mente tão errada
Dessa gente que enlevada
Nessa fingida grandeza
Junta montões de riqueza
E tudo vem a ser nada

Vemos um rico pomposo
Afetando gravidade
Ali só reina bondade
Nesse mortal orgulhoso
Quer se fazer caprichoso
Vive de venta inchada
Sua cara empantufada
Só apresenta denodos
Tem esses inchaços todos
E tudo vem a ser nada

Trabalha o homem, peleja
Mesmo a ponto de morrer
É somente para ter
Que ele se esmoreja
Às vezes chove troveja
E ele nessa enredada
Alguns se põem na estrada
À lama, ao sol ao chuveiro
Ajuntam muito dinheiro
E tudo vem a ser nada.

Temos palácios pomposos
Dos grandes imperadores,
Ministros e senadores
E mais vultos majestosos:
Temos papas virtuosos
De uma vida regrada
Temos também a espada
De soberbos generais
Comandantes, marechais
E tudo vêm a ser nada.

Honra, grandeza, brazões
Entusiasmos, bondades
São completas vaidades
São perfeitas ilusões
Argumentos, discussões
Algazarra, palavrada
Sinagoga, caçoada
Murmúrios, tricas, censura
Muito tem a criatura
E tudo vem a ser nada.

Vai tudo numa carreira
Envelhece a mocidade
A avareza e a vaidade
E quer queira ou não queira
Tudo se torna em poeira
Cá nesta vida cansada
É uma lei promulgada
Que vem pela mão divina
O dever assim destina
E tudo vem a ser nada

Formosuras e ilusões
Passatempos e prazeres
Mandatos, altos poderes
De distintos figurões
Cantilenas de salões
E festa engalanada
Virgem donzela enfeitada
No goso de namorar
Mancebos a flautear
E tudo vem a ser nada.

Lascivas, depravações
Na imoral petulância
São enlevos da infância
São infames corrupções
São fingidas seduções
Que faz a dama enfeitada
Influi-se a rapaziada
Velhos também de permeio
E vivem nesse paleio
E tudo vem a ser nada.

Bailes, teatros, festins
Comédia, drama, assembleia
Clube, liceu, epopeia
Todos aguardam seus fins
Flores, relvas e jardins
Festas com grande zuada
Oiteiro e campinada
Frondam copam e florescem
Brilha, luzem, resplandecem
E tudo vem a ser nada.

O homem se julga honrado
Repleto de garantia
De brasões e fidalguia
É ele considerado
Mas quanto está enganado
Nesta ilusória pousada
Cá nesta breve morada
Não vemos nada imortal
Temos um ponto final
E tudo vem a ser nada

Tudo quanto se divisa
Neste cruento torrão
As árvores, a criação
Tudo enfim se finaliza
Até mesmo a própria brisa
Soprando a terra escarpada
Com força descompassada
Se transformando em tufão
Deita pau rola no chão
E tudo vem a ser nada.

Infindo, só temos Deus
Senhor de toda grandeza
Dos céus e da natureza
De todos os mundos seus
Do Brasil, dos Europeus
Da terra toda englobada
Até mesmo da manada
Que vemos no arrebol
Nuvem, lua estrela e sol
Tudo mais vem a ser nada.

FIM