terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O FILÓSOFO PLUTARCO JÁ DISTINGUIA O VERDADEIRO AMIGO DO BAJULADOR

Um amigo me mandou esta pérola!
livro “Da maneira de distinguir o bajulador do amigo”, escrito por Plutarco, um dos maiores filósofos do Império Romano, poderia ter sido redigido hoje, por sua atualidade e porque o tema é universal e ultrapassa todos os tempos e fronteiras. Escrito na Antiguidade, em torno do Ano 100 depois de Cristo, o texto filosófico vai fundo no conceito da bajulação que promove a ilusão de amizade. Bajulação é uma forma de agradar para subjugar, define Plutarco. E onde há poder e poderosos, sempre haverá um ou mais bajuladores, que representam, com sua astúcia dissimulada, enorme perigo para os que ficam cegos com os seus elogios e sua prática nefasta.
O bajulador ganha, assim, pouco a pouco, a estima e a admiração da vítima e se comporta socialmente como um camaleão, ora prestativo e adulador, ora guerreiro e grosseirão, ora efeminado e estrategista, com uma sedução sem limites! É mestre na arte de agradar e se instala no gabinete mágico das vaidades e dos prestígios. O bajulador é uma espécie de ocultista astuto, com o encanto irresistível e agressivo dos mágicos. A bajulação, portanto, é uma coirmã da arte do teatro. No fundo, o bajulador é um velhaco; servidor das vaidades, serviçal de cabeça fria e ator principal da comédia da sedução. O bajulador sempre tem em mente algum engano proveitoso, um truque, uma carta na manga, uma fraude inédita. A bajulação é de fato uma perversão.
Com tantas artimanhas, torna-se difícil distinguir o amigo do bajulador. A bajulação vai mais longe que a amizade, em matéria de pequenas amabilidades. O verdadeiro bajulador parece sempre divertido e expansivo, não se opõe a nada, jamais contradiz, explica Plutarco. O bajulador é um parasita que tem sempre um elogio no bolso, para agradar e exercer seu ofício com habilidade, rodando em volta de seus bajulados… É difícil identificar os mais talentosos bajuladores, porque ocultam sua verdadeira face e se dedicam a ostentar o zelo, a diligência e a prontidão em atender os poderosos, que se tornam suas presas fáceis. A artimanha do bajulador é derramar elogios, ao contrário dos amigos que dizem a verdade, se necessário for, mesmo que não agrade, mesmo que seja algo que não se queira ouvir.
Aqui em Saquarema (São Mamede) como em tantos lugares, há bajuladores onde menos se espera. Inclinados diante da riqueza e do poder, com sua devoção servil, o bajulador afasta os verdadeiros amigos e amigas de suas vítimas. Faz um cerco, para melhor exercer a sua dominação. Ridiculariza os que significam algum tipo de ameaça, para o seu domínio e seu raio de influência. Discriminam aqueles e aquelas que poderiam confrontar com o seu espaço, em palavras, atos ou idéias. Tentam esmagar seus adversários e impedem que suas vítimas vejam claramente o que se passa a sua volta, embriagadas com suas falsas promessas e miragens.
Uma piada sobre a bajulação é a do rei que vivia cercado de bajuladores e mandou fazer uma roupa nova. Quando o costureiro apresentou o novo figurino, o rei não gostou e mandou refazer a encomenda várias vezes, até que o costureiro, um bajulador, trouxe uma roupa que disse ao rei ser invisível. O rei vestiu e acreditou que estava lindamente trajado! Assim desfilou nu, diante da corte, aplaudido pelos bajuladores de plantão que teciam elogios à roupa que não existia, deixando o monarca num ridículo diante de seus súditos…
 Da verve de Dulce Tupy

sábado, 10 de dezembro de 2016

"CALAI-VOS, MISERÁVEIS"!

As injustiças sociais têm demandado esforços imensuráveis de profetas, filósofos, escritores, oradores, poetas e sábios: antigos, modernos, sagrados e profanos, considerando-as nas suas reflexões, como insana causadora da infelicidade da maioria do povo. A primogênita filha dessas injustiças, a ganância – desejo intenso de bens e riquezas tem levado nações e povos a aceitarem um tipo de escravidão disfarçada chamada de “oportunidade”, ou cartas marcadas.
De fato, a miséria do povo parece que nunca vai ter fim.  Vejamos, estamos agora no século oitavo Antes de Cristo, ai por volta do ano 760, um homem do campo, chamado de Amós, seduzido por Deus abandona sua vida tranqüilo no reino do Sul e vai para o reino do Norte denunciar as injustiças sociais cometidas por esse reino. Não satisfeito ainda com as acusações especificas relacionadas às duras penas da sociedade na qual se inseriu Amós também dar nomes aos causadores dessas injustiças: a elite dominante. Assim denunciava o Profeta Amós: 2, 6-7: Porque vendem o justo por dinheiro e o necessitado pelo par de  sandálias; pisoteiam os fracos no chão e desviam o caminho dos pobres! No capitulo 5, 7-10: Amós atinge a espinha dorsal do sistema: Ai dos que transformam o direito em veneno e atiram a justiça por terra. Eles odeiam os que defendem o justo no tribunal e têm horror de quem fala a verdade.
A doutrina política e econômica que conhecemos como socialismo, afirmam alguns, que surgira no final do século XVIII, com o intuito de transformar a sociedade a partir de uma profunda reforma social considerando a distribuição por igual das riquezas e das propriedades. François Noël Babeuf, jornalista Frances, sugeriu na época um paradigma que posteriormente serviu aos movimentos de esquerda que o adotaram como opção política, porém, sem lastro teológico e utópico.
Babeuf nutriu-se das leituras de Rousseau, Mably e Diderot para elaborar suas próprias idéias, as quais tratavam de igualdade e coletivização das terras. Foi, portanto, cuidando da situação de miséria da grande maioria da população do seu País e do seu próprio processo psicológico consciente real – vivência – que ponderou para os primeiros passos do socialismo. No “Manifesto dos Iguais” escreveu Babeuf (1796): “Desde a própria existência da sociedade civil, o atributo mais belo do homem vem sendo reconhecido sem oposição, mas nem uma só vez pôde ver-se convertida em realidade: a igualdade nunca foi mais do que uma bela e estéril ficção da lei. E hoje, quando essa igualdade é exigida numa voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: "Calai-vos, miseráveis"! A igualdade não é realmente mais do que uma quimera; contentai-vos com a igualdade relativa: todos vós sois iguais em face da lei. Que quereis mais, miseráveis? Que mais queremos? “Legisladores, governantes, proprietários ricos; é agora a vossa vez de nos escutardes”.
Lendo “O príncipe” de Maquiavel, agucei a minha atenção no capitulo IX, o qual trata “Do Principado Civil”, donde voa aos nossos olhos a seguinte pérola: “o povo não quer ser governado nem oprimido pelos grandes, porém estes desejam governar e oprimir o povo”. A sentença faz com que voltemos os nossos sentidos à promessa da natureza – igualdade, necessidade essencial a existência do homem. De modo que se não formos solidários uns com os outros dificilmente sobreviveremos à hostilidade da terra. Gentilmente pela natureza fomos dotados de gestos sublimes à moral e a legitimidade da igualdade, porém, recebemos também, com especial liberalidade em exponencial profusão os fluidos da ganância. De modo, que é preciso estabelecer equilíbrio sem que necessário seja opor força a força

Fonte: O livro de Amós – Bíblia Sagrada.

sábado, 5 de novembro de 2016

O XOTE DE SANTA LUZIA

Quarenta e quatro anos de atraso,
Descaso, truculência e perseguição,
Abuso de poder, fraude política,
Cala boca da justiça, corrupção.

Santa Luzia sofreu demais
Perdeu a identidade da educação,
Não tem mais categoria no seu forró,
O povo esqueceu toda tradição,
Na praça Alcindo leite já não tem retreta
No yayu clube não tem mais São João.

Ai, ai, ai não tem mais São João
Ai, ai, ai não tem mais São João,
A trupe da mutreta acabou com tudo
Passado e presente sacudiu chão,
O nosso futuro está comprometido
É mais do que doida essa humilhação.

Ai, ai, ai essa humilhação,
Ai, ai, ai essa humilhação,
Agora só nos resta pagar o pato
Pelos vícios cometidos de “boa” intenção,
Pelas mentiras a troco do nada
Pelas falsas promessas e enganação.

Ai, ai, ai só enganação,
Ai, ai, ai só enganação.





sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O FILHO DE SEVERINA E ABEL COELHO

Soneto dedicado 
Ao nobre broto do Sabugy
Newton Marinho Coelho 


Vergôntea da estirpe sertaneja
De linhagem pura sabugyana,
Rebento da flora Paraibana
Cuja integridade o Brasil deseja.

Do velho madeiro herdou a peleja
Já tradição na antiga umburana
Cuidados que Anireves soberana
Legou o esplendor que no sertão dardeja.

Medrou endiabrado dentre os traquinas
Meninos gentis fiéis as doutrinas
Das ruas lindas da feliz aldeia.

Distinto gozador na juventude,
Mas sensato no rumo à retitude 
Da vida fausta que se lhe ondeia.                                                                                  





quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O GENERO

SONETO DEDICADO
À JOVEM  VAULENE.



Airosos gestos ofertas quando,
Torna-te ao mundo adolescente!
Riso fácil, sentimento ardente,
A Juventude na mulher aquando.

Disfarça-se sutilmente alquando
Submissa, conduz-se forte, ciente
Da superioridade imanente,
 Ao meio, Versátil vai se adequando.

D’alma fértil e sensível ao sonho,
É possível ser, mesmo que tardonho,
Eis a verdade agora tangível:

Na força do gênero que ascende
De extremo a extremo se estende
O que é natural e cognoscível.





quarta-feira, 21 de setembro de 2016

OS FILHOS DA ALDEIA

Tenho acompanhado a inexplicável resistência que vocês desenvolveram nesta campanha política de 2016, em desfavor dos nossos conterrâneos Dr. Jefferson Marinho Morais e Doutora Eva Lucena. Certamente, os monges do atraso, os apóstolos da discórdia estão por trás desta incompreensível atitude. O momento é de regozijo, de festa, de confraternização, não de pertinácia, de relutância, de renitência. Somos de uma mesma raiz e nascemos sob o teto do mesmo céu.
Quero lembrar, meus irmãos, que em 1968 tivemos a oportunidade de receber pela primeira vez, em nossa aldeia, como candidato de consenso, o senhor Agenor Rique Ferreira. Seu Agenor ou Tenente Agenor, como era conhecido e que não era natural de São Mamede, mas de Sapé – PB, chegou à nossa cidade como Delegado de polícia e ai fincou raízes. Essa eleição foi marcada pelo desentendimento entre o candidato natural, digo natural, porque seu Agenor em 1963, fora candidato a vice do então candidato a Prefeito Dr. Antonio Bento de Morais, e a cúpula da Aliança Renovadora Nacional (Arena) local, queria outro candidato. Portanto, a quarta eleição para prefeito no município de São Mamede – PB, teve apenas uma candidatura a do Sr. Agenor Rique Ferreira – Tenente Agenor, pelo partido da Aliança renovadora nacional (Arena), e o seu Vice-Prefeito, conforme acordo firmado na época pelo então Governador Dr. João Agripino Filho, que veio a São Mamede especialmente, para pacificar o partido, foi o senhor Nilson Oliveira de Araújo, que deixou o Partido Social Democrático (PSD) e se filiou a Aliança renovadora Nacional (Arena). Eis os resultados dessa eleição: Agenor Rique ferreira obteve 1.612 votos ou 100% dos votos validos. Total apurado 1.612 votos; eleitorado 3.128 votos; abstenção 1.516 ou 48,47%. Tenente Agenor fez uma exitosa administração, calçou todo centro da cidade, exceto a rua Felipe Nery Cabral, no começo antigo, que ia da frente da casa vila Eulália até o cruzamento da rua Janúncio Nóbrega com a Dr. José Amorim e depois desse cruzamento inicia-se a rua Presidente João Pessoa que vai até a esquina Enéas Trindade, ao lado da Praça Major José Paulo Souto, o calçamento dessas ruas foi realizado pelo prefeito da época Inácio Bento de Morais. Seu Agenor, como era conhecido, investiu na educação do município, inclusive na zona rural com construção de grupos escolares em varias comunidades. Adquiriu um transporte (uma caminhonete com capota) para levar os alunos do 2º grau para estudar em Patos, sob as expensas da família, já que não havia destinação de verba para esse fim no orçamento municipal. Mas, após algum tempo foi preciso se desfazer da caminhonete porque esta se tornara pequena para o número de estudantes, por esse motivo comprou um ônibus usado que logo recebeu o apelido de menina de trança com o mesmo formato de pagamento.
Em 1972, devido à boa administração do então Prefeito Agenor Rique, vingou outra candidatura de consenso, a do então Vice-Prefeito Nilson Oliveira de Araújo. Houve também intensa movimentação contraria ao nome de Nilson pelos próprios partidários, resistência, rejeição, até que o bom senso prevaleceu.     
Na verdade a eleição de Nilson foi um marco, um divisor de águas. São Mamede teve uma grande administração, os índices de crescimento foram os melhores possíveis, com quatro anos de calma que possibilitaram a construção do Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição, obra edificante que veio somar e revolucionar o sistema de saúde no sertão, a nossa terra ganhou notoriedade dentro e fora dos nossos limites. De modo que, a quinta eleição realizada para prefeito no município de São Mamede – PB, teve apenas uma candidatura a do senhor Nilson Oliveira de Araújo, pelo partido da Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o seu Vice foi o Sr. José Francisco de Araújo – Zé Pergentino – ex Partido Social Democrático (PSD). Assim, foram os resultados: Nilson Oliveira de Araújo obteve 2.149 ou 100% dos votos validos; votos nulos 41; votos brancos 629. Total dos apurados 2.819 votos; eleitorado 3. 409 votos; abstenção 590 ou 17,31%.
No ano de 2000, veio acontecer à décima primeira eleição no município de São Mamede e a terceira com uma candidatura de consenso. Dessa vez o candidato era o senhor Francisco da Chagas Lopes de Souza, que também não era natural de São Mamede, mas de Coremas – PB chegou a São Mamede contratado como médico pelo Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição, criou raízes, casando-se com uma filha da aldeia.  Nessas eleições os ânimos da discórdia subiram a temperatura, criou-se um movimento ridículo denominado de “Zé Branco”, ou seja, votar em branco, diga-se de passagem, de muito mau gosto, uma vergonha. Doutor Chagas foi candidato a prefeito pela coligação PFL/PSDB, o vice o senhor Paulo da Silva Freire, pelo PMBD, gerando o seguinte resultados: Dr. Chagas/Paulo Freire obtiveram 3.253 ou 100% dos votos validos; votos nulos 523; votos brancos 1.447. Total apurado 5.223 votos; eleitorado 6.003 votos; abstenção 780 ou 12,99% dos votos. No período de 2001 a 2004 São Mamede alcançou um bom desenvolvimento, principalmente, na educação, fato preponderante para qualquer administrador que se preze.

Agora em 2016, também foi possível uma candidatura de consenso, a do Doutor Jefferson Marinho Morais, a prefeito pelo Dem. e a da Doutora Eva Lucena a vice pelo PMDB, fato não diluído ainda pelos espíritos irados, carcomidos, inflamados de descompromisso; alegando questões falsas partidárias que só existem nos recôncavos das mentes que não querem o bem de São Mamede. Meus bons irmãos, eu espero que não se deixem levar pela cegueira dos fanáticos, mas pela consciência dos capazes. O Doutor Jefferson e a Doutora Eva, são uma opção digna de credito, com certeza farão a melhor administração para nossa aldeia, confiem neles!      

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

DESSILENCIAR-SE


Aproximam-se caudalosamente as eleições de 2016, as expectativas essencialmente cívicas ganham contornos exponenciais de barganhas; as mentiras se arvoram em verdade, a verdade sucumbe ante a truculência dos facínoras; os sonhos se nos oferecem reais e quase perfeitos de repente tolhem-se por ordem da força gananciosa que os faz distantes, inatingíveis.
Porém, sem alarde chega o tempo de se dessilenciar. A liberdade pródiga vence a teimosia do opressor que padece mais que o oprimido. O grito da rua rompe a cortina de ferro e ecoa solene, triunfante, ensurdecedor no banker daqueles que não gostam do povo. A esperança alvissareira retesa a justiça do seu arco e feri o núcleo da consciência do deus insensível que certamente morrerá na eternidade; todavia, ninguém vence o povo!
A política, dama mística, encantadora e pura, nascera feliz no berço da liberdade, na velha Grécia, como arte da organização. Mas, alguns homens tornaram-se presas fácies da cobiça aceitando os seus estímulos, iscas que os fazem venais, prostituindo a bela filha da cultura Grega.
Para alguns, a política é sem duvida a mãe generosa do rico e para a maioria é verdadeiramente a madrasta impiedosa do pobre.      
Acontece que num processo político o cidadão deve ser sempre a estrela maior, varão nobre armado de seus soberanos direitos civis, políticos e sociais, sob a guarda diuturna do estado. E falando em política disse Aristóteles: “na democracia os pobres são reis porque são a maioria, e a vontade da maioria tem força de Lei”. Cláusula pétrea! 
Embora a sentença não realce a realidade, também é verdade que nós pobres desconhecemos a nós mesmos, a nossa força se limita sempre em desprezarmos aqueles que querem o nosso bem, de modo que estes estão dentre os pobres que nós sempre rejeitamos e, às vezes, não os queremos conhecer. Porém, eu tenho um sonho, o de ainda ver essa infeliz realidade mudar; o povo é probo; os políticos...






domingo, 28 de agosto de 2016

CHEIRO DE MALANDRAGEM

Refrão.

Estar cheirando mal
Estar fedendo a pilantragem
Juntos já davam o que falar,
  Mas misturados é sacanagem.

Nada fizeram quando estavam separados
E agora misturados pelo jeito nada muda
Vai ser sufoco, mas o povo nem se toca,
Virou a casa de noca,
Vai ser um deus nos acuda.

Refrão.

Candidatura única é golpe de aloprado
Que visa só o seu lado deixando o povo na mão
Coligação é mutreta de sabido
Que corrompe e é corrompido
Nas quebradas do sertão.

Refrão

Sem ter escolha e com o voto encabrestado
O povo tá dominado e sem meios de resposta,
O jogo sujo da trupe é anarquia
Perde a democracia
E é disso que o diabo gosta

Refrão

Toda mistura é salada pra otário
Estar no vocabulário quem é bom já nasce feito
Lá no sertão tudo é “sem querer querendo”
Tem político até vendendo
A boquinha de prefeito.






sexta-feira, 13 de maio de 2016

5 DE NOVEMBRO DE 1988


São Mamede vivia um sábado festivo, dia de feira, muita gente nas ruas. Um frenesi de alegria agitava seus guizos por toda cidade numa perspectiva de civilidade e liberdade; um dia propicio para um comício partidário. A ninfa do igubas fervilhava no aspecto e nas veias de toda sua gente. As dificuldades e as mazelas da vida se perdiam no fundo dos recôncavos atormentados da memória.
As atenções de todos se voltavam para o carro de som que anunciava desde ás 8h:00 da manhã: “hoje, a partir das 10h:00, ali ao lado do mercado público, grande comício do partido X, com as presenças de... anunciava o nome dos oradores”, e adiantava: “o carro palanque já se encontra no local para a festa do povo; vai ser ali ao lado do mercado público, vamos lá minha gente!”.  Isso era rua acima rua abaixo.
Antes das 10h:00, horário previsto para a concentração, grupos de pessoas já faziam roda em volta do carro palanque para ouvirem os expoentes da política local. Os comentários eram os mais diversos e todos sobre política, sobre os candidatos que estariam presentes ao evento cívico, mas nenhum se referia as condições de agruras daqueles que ali estavam.
As 10h:00 e alguns minutos, o locutor oficial já em cima do carro palanque anunciava: “vai começar a festa do povo, venham se aproximem mais, venham   ouvir, Dr. Fulano, Dr. Beltrano e Dr. sicrano”. Em seguida, anunciava o primeiro orador: era um dos candidatos a vereador. A esse, sucedeu outros e mais outros.  Nos intervalos entre um e outro orador, o locutor anunciava: daqui a pouco vai falar, o Dr. Fulano, vai falar. Agora vou pedir o “V” da vitória e conta 1, 2 e... 3, todos levantavam os braços fazendo o “V”  e o locutor bradava:  vai ter passeata!
O doutor fulano era uma das estrelas de uma restrita constelação que perdera o poder em 1982, devido a uma ruptura de um dos importantes coronéis do clã político do sofrido igubas. Essa estrela ao falar para os correligionários esbanjava uma verve intelectualizada com frases de efeito e riqueza gramatical. Períodos curtos e orações perfeitas, numa torrente memorável. De modo, que diante do discurso primoroso daquela estrela, logo vieram às comparações na ótica dos partidários: é um Alcides Carneiro da vida, outros mais afoitos o elevavam ainda mais, dizendo: parece Rui Barbosa discursando. Ora, esses que faziam tal relação entre o orador e os dois tribunos, nunca na vida os ouviram falar. Era na realidade pura bajulação! Ao terminar o discurso, o doutor fulano foi ovacionado: valeu doutor, foi bonito! Diziam.
O locutor agora tentava animar a galera convidando os presentes para construção de um grito de guerra... O grito fora criado e todos o adotaram. Em seguida, pedia o “V” da vitória, ai, era aquela festa de braços erguidos. Para esquentar os ânimos ainda mais, o locutor perguntava: vocês querem passeata? Os presentes aos gritos, queremos! Nessas alturas, o comício já entrava pela tarde, o calor sufocante começava a desestimular alguns partidários.
Todavia, o locutor atento à fadiga de alguns correligionários e temendo o esvaziamento da festa cívica, solenemente anunciava o doutor beltrano. Esse de posse do microfone modelou a voz a tom sonante, sorrateiramente disse: eu sei que vocês querem ouvir o futuro prefeito – o povo, já ganhou, já ganhou, já ganhou – este (apontando para o doutor sicrano) nosso amigo vai governar a nossa terra, com o voto de vocês. Estou dizendo isso porque vocês vão sufragar o nome dele para tirar da prefeitura essa raça que não fez nada por nossa terra, elevando o tom da voz. O povo aplaude numa algazarra ensurdecedora. Os mais animados diziam: muito bem doutor, muito bem! Após essas palavras, o doutor beltrano se despediu do povo dizendo: até a vitória e passa o microfone para o locutor que logo perguntava: querem passeata? O povo – queremos!
Então, rapidamente, o locutor anunciava: agora vai falar. Vai falar aquele que vai salvar São Mamede, aquele que vai devolver a São Mamede as obras, o trabalho, o emprego. E diz, vamos ouvir o já eleito, o doutor sicrano. Aplausos, gritos de já ganhou e muitas, muitas palavras de ordem e o “V” da vitória. De repente fez-se silencio, o locutor gritava aos berros, vai falar, o doutor sicrano vai falar, fale doutor ao seu povo! De microfone na mão, transformado em salvador da Pátria, o doutor sicrano bradou a frase preparada e esplendidamente imortal: “meus amigos de São Mamede...” timidamente, as palavras aos poucos iam saindo e ganhando desenvoltura na boca do orador, que se esforçava muito para abrilhantar o seu discurso com orações cultas, porém, sem elegância! Quanto mais o doutor sicrano se esforçava para achar as palavras certas, mais o seu vocabulário se escasseava. Sem grande pompa findou o discurso, pedindo uma chance, uma oportunidade para governar São Mamede. Que era pobre e sabia o quanto o pobre passava, tinha certeza que ia fazer um bom governo, portanto, amigos, no dia 15 de novembro, votem no número “Y”, que é o meu número, obrigado a todos e até a vitória!
Quando o doutor sicrano terminou o seu discurso se aproximava às 14h: 00; o locutor já de microfone em punho perguntava: vocês querem passeata? Os partidários – queremos... A bandinha contratada para esse fim dava os primeiros acordes de vassourinha. O povo se agitava, formou um grupão e saiu pulando e bebendo, fazendo o ”V” da vitória, percorrendo as principais ruas gritando o nome do seu candidato. Vez por outra cruzava com alguns adversários: os xingamentos eram inevitáveis, os palavrões também, ás vezes, até faltavam adjetivos para desagradar os adversários. A passeata seguia sem destino e nem hora para acabar, o importante era ferir e denegrir os contrários, negando-lhes o direito de escolha, mas tudo isso, diziam: é democracia.
A festa política prometia varar à tarde inteira, a passeata já estivera em todas as ruas gritando palavrões – era sempre assim, todos os partidos tinham lá seus gritos de guerra, não havia respeito mutuo. Humilhar e degradar os adversários em suas passeatas era a norma – de modo que até exibições obscenas numa ridícula demonstração de insanidade política se assistia. De repente, o locutor aos berros gritou: vamos parar agora na frente da prefeitura. Empolgados pela bebida alguns oradores resolveram ali vituperar, foi um show à parte.
Por volta de aproximadamente 16h:00, a passeata voltou ao ponto de partida, ao lado do mercado público. O locutor já quase afônico anunciou o fim da festa. Os partidários que estiveram em toda festa, começaram a se dispersar buscando seus lares, outros, portanto, foram à procura de algum vereador para que lhe pagasse mais um pouco de bebida, porque ainda tinham vontade de beber, e agora como nunca, precisavam do estimulo da bebida para se embriagarem e se esquecerem do mundo real. Todo dinheiro da feira da família já fora gasto com os amigos de partido, durante a passeata, a fuga dos problemas era inevitável era a saída.
Entre às 16h00 e às 16h30min, viera o fato que desconcertou e gerou uma grande comoção em toda cidade. A frieza de um infame homicida ceifou de forma bruta e cobarde a vida que ainda florescia. Enlutou um povo pacato e ordeiro e sem escrúpulo atirou lama na cara da civilidade.  A dor do crime se espraiou e atingiu a compaixão dos corações fraternos; gemiam os vivos com o peito ferido vitimas da violência, lamentavam os mortos sem culpas que morreram na ação, e Deus a todos perdoava por amor. Francisco Daniel fora assassinado! Comentários na época deram conta de que o crime fora motivado por uma discussão banal sobre uma balança com ofensas recíprocas. A notícia varreu a cidade como um raio. A vítima era um comerciante em ascensão e bem conceituado. O criminoso um seu conhecido que vivia o subemprego no mercado público, e até então, não tinha histórico que desabonasse a sua conduta, mas pelo seu ato se inscreveu na extensa lista de monstros que ajudaram engrossar a estatística dos psicopatas. Após o crime, a mente do assassino quis ensina-lhe a vereda da fuga, mas logo encontrou a caminho das grades; a polícia numa ação rápida deu-lhe o destino certo, a prisão. Agora o assassino tinha pela frente os tribunais, a vítima a mansão dos mortos. Assim, foi o dia 5 de novembro de 1988.


domingo, 8 de maio de 2016

A DISPOIS DAS INLEIÇÃO


Autor: CHICO DE AMARO


Seu doutô eu venho aqui
Pruque tenho nicissidade
De cunversar cum senhor,
Inspere tenha bondade
Pra ovir minha razão.
                        
Apois lá na minha terra
Adonde sou morador
As coisa tá toda errada
Eu vou contar pru senhor
O principo da questão.

É uma questão milindrosa
Pruque involve otoridade
Mas Cuma sou cabra macho
Vou contar toda verdade
Cuma tudo aconteceu.

O prefeito de minha terra
Qui o povo nele votou
Prometeu o mundo e o fundou
Mas nem cum o fundo chegou
Adispois que se elegeu.

O pobe é qui nem iscada
Pru político se atrepar
E quando tá lá inriba
Pra baixo num quer mais oiar
Para quem lhe apoiou.

No período da inleição
Ele é bom e é cortez
Faz favor a todo mundo
E diz: eu sou pru vancês
Na alegria e na dor.

Mas dispois qui a inleição passa
O homi vira uma ferra,
Não quer mais saber do povo
Já não é mais Cuma era
Nem faz o qui prometeu.

Torna-se um bicho do mato
Feroz qui nem um lião
Se o pobe lhe pede uma coisa
Ele solta um palavão
Pois do pobe se insqueceu.

O pobe não tem mais vez
E não é mais arricibido
Cum sorriso e cum abraço
Se torna um homi insquicido
Inté a ôta inleição.

E lá vem a inleição de novo
O pobe agora é alembrado
O canidato lhe abraça
Se fazendo de inducado
E inté lhe aperta a mão.

E é nesse aperto de mão
E é nesse abraço doutô
Qui o politico se escancha
No homi trabaiador
Cum toda sua isperiença.

E diz: cumo vai à famia?
O pobe diz – de rim pra lá,
Inté minha fia mais veia
Já deixou de estudar
Pru farta de assistênça.

Ai o político diz:
Pruque vancê não me procurou
Eu tômem  sou seu amigo
E pra isso aqui estou
Pra agora lhe ajudar.

Ele aperta a mão do pobe
Cum certo nojo doutor
E chama inté de amigo
Com um tom de traidor
E a conciênça de cão.

E o pobe, esse homi
Qui só sabe trabaiar
Não compreende a malíça
Dêsse político vulgar
Sente inté sastifação.

E dali sai todo feliz
E in casa diz a mulé:
Oje eu tive uma prosa
Inte tomei um café
Cum o douto seu prefeito.

Não é doutô qui o pobe
Vai se inganar ôta vez
Votar em quem num merece
É uma grande insensatez
E farta inté de respeito.





terça-feira, 26 de abril de 2016

DECLÍNIO E MORTE DE GRUPOS POLÍTICOS




O declínio de grupos políticos, principalmente os viciados que operam no Brasil, é fato muitíssimo natural. As causas apontadas para essa realidade são varias: Partidos fracos e sem um projeto político que lhe dê norte; poder de comando contaminado costurado em bastidores; políticos vendedores de ilusões partidárias e que ainda constroem suas imagens (carreiras) em céu de brigadeiro; alguns desses senhores da pátria tornaram-se líder ou por influência de família ou por apadrinhamento dos coronéis. Geralmente, esses fidalgos da nossa política de cada dia, quando se elegem formam suas bases a partir do empreguismo. No cargo se for (executivo), logo se especializam em desvio de recursos: tudo começa comprando notas frias às empresas de faixadas para beneficiar amigos e familiares; alguns ainda deixam transparecer nos seus atos uma real sensação de impunidade e aprendem facilmente o ofício de corrupto.
Quando no legislativo – a natureza venal desses representantes agride ainda mais a população porque são eficazes exploradores da miséria das pobres prefeituras especialmente aquelas do interior, sem contar também com as gordas percentagens dos projetos aprovados em Brasília. Além dessas qualidades inerentes e peculiares, ainda temos aqueles que são comprometidos com as tradições que os velhos coronéis tanto cultivavam e, das quais tiravam um grande proveito político com a ingenuidade dos compadres e das comadres se apresentando sempre como pobres seres inofensivos dizendo-se um predestinado amigo dos que mais precisam.   
A tática desses anjos infalíveis é a de se abrigarem no interior de grandes partidos políticos, disfarçados de militantes comuns esperando uma oportunidade para mostrarem seus colmilhos afiadíssimos.
Outros mais audaciosos têm pressa procuram os pequenos partidos e de cara já dizem à que veio, esses são os mais terríveis! Isto porque, chegam como estrelas poderosas desfraldando bandeiras que jamais ou nunca irão defendê-las porque lhes faltam os bons e velhos ensinamentos que os antigos se esforçaram muito para nos deixar como presentes e dádivas chamados: bons costumes.      



quinta-feira, 21 de abril de 2016

MINHAS QUIMERAS

Minha terra não têm palmeiras
E nem canta o sabiá
As aves que aqui têm
Choram não sabem cantar.

Minha terra não tem beleza
Apenas um triste luar
Que brilha no céu como os olhos
De um mendigo a implorar.

É triste é muito triste
Igual tristeza não há
Nos olhos de um povo triste
Olhando a vida passar.

Sabiá que em outros tempos
Cantou alegre na serra
Cante agora sabiá
Para o povo da minha terra.

Cante lá no juazeiro
Que na minha terra tem
Cante, cante para meu povo,
Pra vê se a alegria vem.

Sabiá teu lindo canto
Perde-se na amplidão
E o meu canto que é triste
Reboa no meu sertão.

Tu cantas a liberdade
E tens o céu pra voar
Eu canto a dor do meu povo
Que não tem aonde chorar.