De instante e instante preste perigo
Sonda a
vida em contínua ameaça;
Morre-se
vivendo em lenta agonia
Desde o
primeiro passo para morte,
Que dia
após dia mirra-se em pranto
Sozinho
pelos guetos da fortuna.
Que
loucura insana tem a fortuna!
Ao
ver-se morrendo nesse perigo
Gargalhando sobre as dores do pranto
Esquivando-se da grave ameaça
Que
principia o passo para morte
Pela
língua sedenta da agonia.
Nasce morrendo e vai a plena agonia,
Tentar em vão se abeirar a fortuna
Que o
espera de braços com a morte
Num
baile de mascara onde o perigo,
É pierrô
insólito da ameaça
Que balda a sorte num vale do pranto.
Porém,
forja-se o ser em ser no pranto
Que se
veste nos porões da agonia
Sob a opressão
do nariz que o ameaça
E
reclama ao divo da vil fortuna,
Que o
deixa frágil em meio ao perigo
De se
dar livre ao desejar a morte.
Adoça-se a opinião sobre a morte,
Anjo
extremo que silencia o pranto
De quem não ver o ser, mas um perigo
Ao ente
no deserto da vão agonia,
Que se procura em si mesmo a fortuna
Vivendo além da própria ameaça.
Cingido
pelas trevas que o ameaça
Vive
sempre a ler a própria morte
Servil aceita os sinais da fortuna
Marcados nos signos de riso e pranto
Inda
que no dia a dia a agonia
Sirva de alento frente ao perigo.
Pobre
homem nato sob ameaça,
Definha
pouco a pouco para morte
Acreditando nos dons da fortuna.
Que não
o livra desse fatal perigo
Nem
ameniza os dramas da agonia
Para
brindar de lágrimas o pranto
Mário
Bento de Morais