quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

HINO À IMACULADA CONCEIÇÃO - PADROEIRA DE SÃO MAMEDE


Oh! Madre Santa Imaculada Conceição,

Tende piedade do sofrer de cada irmão:

Tende piedade Senhora!

Tende piedade Senhora!

Tende piedade, sede a nossa proteção.

Tende piedade Senhora!

Tende piedade Senhora!

Tende piedade pela nossa salvação.


Oh! Mãe santíssima queridíssima Padroeira,

Tende piedade, abrandai as nossas dores!

Tende piedade Senhora!

Tende piedade Senhora!

Tende piedade, aceitai nossos louvores

Tende piedade Senhora!

Tende piedade Senhora!

Tende piedade destes pobres pecadores.


Oh, Virgem pura! Consagrai São Mamede,

Tende piedade peço-vos de coração

Tende piedade Senhora!

Tende Piedade Senhora!

Tende piedade ensina-nos o perdão

Tende piedade Senhora!

Tende piedade Senhora!

Tende piedade Mãezinha da Conceição!





quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

CRÉDULO

Siga o dia a dia a causar pena

Já que a pena, às vezes, pari santo!

Camelôs da fé, vis ambulantes

Insurrectos da ressurreição

Suplicando justiça a justiça

Afligindo os dons da divindade!


Bancar a graça da divindade

Sem prover-se de socorro a pena,

Causa pena a sublime justiça,

Pois sem custo não haverá santo

Digno a viver à ressurreição

Sem os préstimos de ambulantes.


No mercado da fé os ambulantes

Licitam nas bancas a divindade!

Quem quer dar mais à ressurreição?

Dou-lhe uma, duas, três... Vale pena

Porque você poderá ser santo,

Amém? Se você fizer ju$tiça!?


Há! sim irmão, vou fazer ju$tiça!

Aleluia em coro os ambulantes!

Gritos eufóricos... Vou ser santo!

Tenho os floreios da divindade,

Enchi-me da presunção da pena

Estou hábito à ressurreição!


Morri ontem, hoje há ressurreição?

Sim, hoje. Mas quite-se à ju$tiça,

Para que venha a unção da pena

Pela tortura dos ambulantes

Mediadores da divindade

Astutos produtores de Santo.


Nas alturas do íntimo o santo

Põe-se a aflito à ressurreição

Sob as aviças da divindade,

Que cobiça as bênçãos da ju$tiça

Dos lábios férteis dos ambulantes,

Que de “amor” adormecem de pena


Custa-me crer na humana pena,

Porém, creio na ressurreição

Do Senhor da eterna divindade!


sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

OS FLOREIOS DA RAZÃO MÍOPE SUBSTITUEM A CONSCIÊNCIA?

Os nossos antigos procuravam nos condicionar a sentimentos de obrigações com atitudes morais e justas, para que desse modo, fôssemos aos poucos adquirindo, com exercícios diários, o instituto da consciência; gerando cidadãos para conviver com situações adversas.

Mas, eis a questão que se impõe a principio “fazer ou não fazer. Às vezes, juramos de pés juntos, que fizemos algo certo ou deixamos de fazê-lo, por pura consciência, será?

Quando uma derrota nos é imposta pela vontade da maioria, ou numa disputa onde o vencedor que fora mais efetivo mais dedicado e, portanto, venceu, nesses casos, é justo começar uma guerra? Só porque o resultado não me foi favorável? Isso resolve tudo? Ou aumenta mais o tormento, segundo Nietzsche, “Às vezes, as pessoas não querem ouvir a verdade porque não querem que suas ilusões sejam destruídas”. De modo, que promover arroubos inferiores contra a verdade do fato consumado, não pode ser pretexto para prejudicar a virtude da consciência.

Senão, cada vez que uma derrota nos aconteça, devemos aceitá-la ou talvez confirmar o que disse o Alemão? “Quem luta contra monstros deve garantir que, no processo, ele não se torne um monstro. E se você olhar o suficiente para um abismo, o abismo voltará a olhar para você”. Cuidem-se! A derrota não se institui o fim, mas o começo de um novo tempo que poderá trazer a ressignificação nuclear para o aprendizado dos erros primários cometidos. Deixe o passado aos cuidados dos historiadores, pois, se a derrota o deixou vivo, é porque deseja torná-lo mais forte!




quinta-feira, 17 de novembro de 2022

O TOLO X O TIRANO

 

O tolo que deu o poder

Ao tirano agora implora

Por justiça da injustiça,

Que humilha desvarola,

Mas se sente confiante

Na caixinha de pandora!


Deixa-se ser governado

Sob a canga no pescoço,

Fútil se doa incontrito

Quer a vida sem esforço,

Zomba da honestidade

Vê na mentira um colosso.


Reflete os anos devotos

Sem se mostrar compungido,

Entende ser seu fadário

Sujeitar-se restringido

Serviçal, fiel sabujo,

Pelos deuses escolhido.


Nada além d’um sevandija

Toca-lhe à mente helminta

Que sem o mar das entranhas

Murcha-se aos poucos faminta

Com a absência de alimentos

A sua fome indistinta.


Sente-se um pária fausto

E sonha o sonho comum

Como tantos outros sonhos

Que se sonha em cada um

Sonho que morre sem sonho

Vivendo sonho nenhum.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

PASSO A PASSO


Às vezes, caminhar é preciso

Por ai, solto, meio de improviso

Pelos cantos sem cantos de guerra,

Sem as regras que tolhem a mente,

Apenas o ser nu… Mas contente

Em fugir da avidez que desterra

A alma do homem para o abismo,

Fosso profundo do niilismo

Feral à humanidade da terra.


Banhar-se em bons hábitos encerra

Seguir sem a pequenez que emperra

A porta do livre aceso a vida,

Que se abre após o primeiro passo

Embora débil, mas se o compasso

For firme em direção da partida,

Nada pode impedir a vitória

De quem com brilho faz a história

Nascer do caminhar em saída.


No entanto, coragem, fronte erguida!

Eis o mundo real sob medida

À sua frente, moldável, prático,

Vença-o! Sem torná-lo inacessível,

Mas fruto d’um presente possível

Da mente de postulado fático,

Que sonda a viva realidade

Sem se dobrar à necessidade

Do produto do complexo estático.


De fato, há algo mais que emblemático,

Quando o temor se faz sistemático

Causando danos ao cognitivo

Impostura inegável do atraso

Feição caricata do descaso

Cultural de cunho punitivo,

Que se dá em forma de tempestade

Traindo o sonho de liberdade

Renascendo o mundo primitivo.



segunda-feira, 7 de novembro de 2022

OS REGALOS ETERNOS

 

Os sonhos que voam no deserto

D’alma que se povoa de dores,

Terão extenuados seus remígios

De tanto buscar velhos amores,

Que em soluço se foram além

Sem paz procurando-se também

Por entre perversos estertores.


Mas, tudo enfim, inspira regalos,

Que se nutrem de gentis afetos,

Suaves beijos, gestos afáveis,

Que às vezes, se propõem insurretos!

Tocando a alma profundamente

Deixando liberto o corpo a mente

Expostos aos desejos concretos.


Quantos em retiros diferentes,

Cismam ainda as velhas paixões,

Que se imortalizaram nas nuvens

Da memória das emoções.

As quais, mais das vezes, quase vivas,

Ressurgem mansamente afetivas

Acordando sadias sensações.


As marcas deixadas, quase sempre

Afloram mantras envelhecidos,

Que foram eternos nos momentos

Lembráveis e jamais esquecidos!

E se vivos estão, mas distantes

Foram divos, densos, importantes,

Mas agora, estão adormecidos!


Ah! Se um dia a gente conseguisse

Trazer de volta aquele passado,

E à tona viessem as vivências

Que as tornou prazeroso legado

À vida a vibrar às emoções,

Que lavram as velhas sensações

D’um pobre coração já cansado.




quinta-feira, 27 de outubro de 2022

MODERNIDADE?

 

Quando se dá moral ao desempenho

Tornando-o alvo do viver humano,

Despreza-se a razão, cessa o engenho

Sem arte, infértil, escopo mundano!


Adapta-se faceiro ao vil profano,

Obcecado, desmedido, ferrenho

Ao afazer-se leal ao grave plano,

Fleumático humilha-se ao empenho!


No íntimo abre-se inflexível abismo.

Dúvidas, modorra, negativismo,

Existência confusa e deprimida,


Então o caos! Fera a sondar a vida

Do espectro humano sem altruísmo

Sob o sol ardente do hermetismo.


domingo, 9 de outubro de 2022

QUANDO PUDER PARAR, PENSE!

 

A SOBRA

A sobra não é o saldo do trabalho honesto, mas o produto desprezível da ganância, de modo que, não queríeis agradar a Deus partilhando o resto, pois o senhor não se compraz com sobejo, mas com expiação e sacrifício!

A CIDADE DOS MORTOS 

   Não constrangeis mais os mortos motivando-os com seus espargos infectados de puccinia spp, nem mais estimuleis com os vossos silogismos carcomidos, paramentados de monges do retardo e reclusos nos sepulcros de mármores de estremoz, para que nas luas especiais, por favor não venham, poluir a paz dos espíritos vivos,  conduzindo o estandarte fabulista e cordura de vidro. Porque assim estar escrito em Apocalipse 3.2; Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer, pois não achei suas obras prefeitas aos olhos do meu Deus.

 CORDURA

A consciência que navega no mar insidioso da ganância receberá ainda em vida como recompensa, intempéries impetuosas; pois, tudo aquilo que se logra pela lide lodosa é onzena injusta, logo se tornará fugaz pela justiça perfeita do Deus perfeito!

MEMÓRIAS

Eivada de infâmia fóssil, a memória dos válidos caborteiros da rapinagem da Pátria amada, desfadiga-se modestamente das insânias impostas aos apátridas da Pátria, no confortável repositório ignescente do diabo! Porque estar escrito em (Amós 5, 12). Pois eu sei como são numerosos os seus crimes e graves os seus pecados: exploram o justo, aceitam subornos e enganam os necessitados no tribunal! É por isso  que nesse tempo o prudente se cala, pois o tempo é de desgraça.

Mário Bento de Morais

 

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

AS PALAVRAS EM MOVIMENTO


Pobres e miseráveis desta Nação! Assim, vós sois rotulados, porque sois a base da pirâmide social e, por conseguinte, a maioria que deveria governar porque trabalha para sustentar o mofo taimado, que se empoderou por causa do vosso descuido! Não vos deixeis mais sedes enganados, acordeis desta inação feroz! Unidos vós todos com com confiança mutua vencereis o monstro alegórico impiedoso, o medo! Cuja invenção a traça dominante fê-lo a sua única verdade, apenas para extorquirdes os vossos direitos e inaugurar a mais perversa das instituições, a sujeição democrática necessária! Não mais submetêreis-vos a nenhuma força constrangedora, nem física nem moral, nem fazeis, portanto, de vossa liberdade escambo. Sede vós, vós mesmos, o vosso senhor; não espereis dos outros a transformação que desejeis tê-la, não continueis mais preso ao ajoujo do truculento nem fazeis da vossa submissão o sonho do coercivo compulsivo.

                                                                  * * * *

As grandes amizades são como as mãos que cuidam, sempre fazem o bem, ajudam a construir educando, consolam a alma-aflita e deixam o espírito livre e leve para caminhar ao encontro da paz.

                                            * * * *

Já estão saciados com o pão da eternidade, os que cultivam a paz, mas jamais gozarão das suas delicias, os que fazem a guerra.

                                            * * * *

Dentre os sentimentos inferiores, nada há mais rasteiro que possa ser comparada a vaidade, impostura que esvazia a memória da inteligência emocional, criando aparências ilusórias, qualidades nugativas e desejos inconciliáveis com as leis da racionalidade.

                                                                    * * *

Os modernos Pilatos assistem maravilhados a morte dos atrativos turísticos de Picotes. Com sofisticadas técnicas de lava mãos e miopia planejada dos nativos, aliada a asfixia econômica predatória e interesses escusos, demonstram generosa afinidade com a maldade para com os outros, mas com altíssimo nível de bondade para com os seus próprios ativos.

                                               * * * *

Gradualmente assistimos a ascensão do Narcisismo político pelo mofo da elite brasileira, que sem nenhum recheio à verdade, desprezo a honestidade, extrema vaidade e nevrótico pendor à devassidão, exala sem escrúpulos a herança hermética do coronelismo sádico.

                                                * * * *

A vaidade é como o cisco, sempre vai encontrar um espaço disponível para domiciliar-se.

                                                 * * * *

A inação por sua natureza indolente tende ser a porta de entrada do incensador à campânula do cesarista por excelência, duas espécies de tiranos que se atraem por complexos diferentes, mas com elevado índice de descontrole da racionalidade e perda profunda da memória da razão emocional.

                                                  * * * *

A convicção quase sempre é um vento frio e rasteiro contaminado de más intenções, que geralmente, esconde a parte essencial da realidade objetiva, a santa verdade.

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Após Goisfridus solver portagem à ascensão para alcançar o sumo assento em Mohammed, velho império de origem árabe, acrídeos irreplegíveis infestaram a campânula real, para assumirem seus postos na hierárquica ordem dos incansáveis incensadores viciados a sombra lauto do poder.

                                                   * * * *










segunda-feira, 19 de setembro de 2022

DIREITA? ESQUERDA?

Quando o poder se opõe a verdade – essência da realidade objetiva – as trevas passam a relativar o brilho fecundo da faculdade do intelecto humano, minando a razão para abrir espaço à tirania, que às vezes, estar dentro de nós mesmos!


Duas ideias falidas,

Que se extremam pra colher

Trigo semeando joio

Na seara do poder,

São utopias alegóricas

Que não se deixam vencer.


São duas damas fatais

Intrigantes, aleivosas

Eversivas vis da honra,

Curandeiras melindrosas,

Raposinas da maldade,

Farsantes maliciosas.


Duas frias assassinas,

Que se comprazem matando

Insontes em suas pugnas

Atrozes, mas agradando

O plano de “liberdade”

D’um cesarista nefando.


Improvisam lances sórdidos

Sem arte fática enfática,

Torvando o discernimento

D’uma análise somática

Á vida a margem da vida

Execrando a forma prática.


Nodoam os valores éticos

Ordem, justiça, respeito,

Esgarçam a última Lei

Forjando falso conceito,

Da honra imortal da Pátria

Desconstruindo o Direito.


São maldosamente trágicas,

Na forma e no conteúdo,

Lambem os despojos Públicos

Os recursos, sobretudo,

Vendem a honestidade

No balcão do pode “Tudo”.


Essas colossais ideias

Gestaram malditos sonhos

No ventre da Mãe Humana,

Que pariu monstros engronhos,

Demônios flageladores

Espectros de dons medonhos.


São Mães dos filhos do inferno,

Que mais mataram no mundo!

Os gêmeos Nazi e Fascista,

A Águia do olhar profundo

Cômpares do urso gelado

Pares do Panda fecundo.


Outros sectários facínoras

Destas maltas criminosas,

Trazem em suas heráldicas

Símbolos de feras raivosas

Que tão bem as representam

Suas famas monstruosas.



quinta-feira, 25 de agosto de 2022

FICÇAO EM VERSOS - DEUS E O SERTÃO

 

UM POVO DE FÉ.

Fontes: 

A Bíblia Sagrada, Evangelhos Apócrifos


Conhecemos muito pouco

De quem nos ver a aparência

Quem são seus antepassados,

Donde vem sua existência,

Em que mundo foi criado,

De que tempo é sua essência?


Esse Ser que rege as coisas

E de quem temos a graça,

Suscitou as normas dos corpos

E deu forma a cada raça

Deste sistema de mundo,

Sem soberba nem chalaça.


Deu-nos a livre arbitragem

Ao tomarmos decisões

E fez-nos seres tementes

Ante as realizações,

Impôs-nos regras limites

Frente as nossas sensações.


E disse-nos: eis a terra

Fecunda e cheia de vida;

Crescei-vos não cobiçai

Pois não vos dei dividida,

Conservai sublime dádiva

Tornando-a vossa guarida.


Para todos há uma parte

Que Proverá vossa mesa:

Se segardes com cuidado,

Terdes vós fértil empresa

Por dias todos infindos

Sem a vós estardes presa!


 Se não houverdes discórdia

Entre vós e a sã verdade,

Se não despertardes o ópio

Que nutri vossa vaidade;

Terdes vós a vosso bem

A minha eterna bondade.


Porém, vieram feridas

Em meio às vãs sensações

D’uma servidão indevida,

Forjadas nas transgressões,

Da lei inatual dos corpos

E na ira das ilusões.


E no ser brota um desejo

De mal servil sem pudor

Na estrutura cognitiva

Como se algo inferior

Regesse todo sistema

Como se fosse o mentor.


Esse juízo é do cerne

Da débil humanidade,

Mãe do individualismo

Que tange a sociedade

A dividir-se em estirpes

Tiranizando a igualdade.


Com essa divisão em curso

A iniquidade a ganância,

Ganharam mentes, espíritos,

Em sua rude abundância:

Negando o bem a partilha,

Impondo infame distância.


Ricos, pobres, miseráveis,

O mundo real ganhou;

A verdade a igualdade

O ter as despedaçou,

E toda segregação

Foi à herança que ficou.


Os ricos campam seus bens

Fátuos de si e de poder

Orgasmos que gera fama,

Crédito, esnobe e prazer,

Mito de que pode tudo

E o tudo que pode o ter.


Assim, os ricos passaram

Para o cosmo do “esplendor”:

Regalias privilégios,

Veniagas a favor

Dos sonsos apaniguados

Vis do lar superior.


Para os pobres miseráveis

Resta o resto do repasto

Injusto para anjos justos,

Mas para os maus o bem vasto

Da sombra lauta frondosa

Que lhes dar um mundo basto.


De modo que há uma rixa,

Em meio a dois interesses:

Um tenta sobreviver

O outro só quer as benesses,

Que nutrem egos polutos

Na origem de suas messes.


As classes dissimuladas

Esgarçam ideais vivas,

Sepultam sonhos gentis,

Destroçam expectativas,

Negam os valores válidos

Nas suas falas cativas.


No meio dessa desordem,

Planam três ideias moucas:

A rica de vezo escuso,

A pobre de razões roucas,

Os míseros sem destino

E gestos de porras-loucas.


E, dentre as classes, às vezes,

Vem um às desafiar

Os preceitos hierárquicos

A Lei a forma de pensar

Dos grupos: castas “espúrias”,

(Que não se deixam mudar).


Na classe dos miseráveis,

Privados de fé e de sorte!

Prefulgara um desses gênios

Para dar um rumo norte

Ao fado dos infelizes

Que só enxergavam a morte.


Foi naquela velha terra

Pobre mas divo rincão,

Que no tempo da verdade

Nascera ilustre varão

As margens do sabugy,

Bem no ventre do sertão.


Esse ser que veio ao mundo

De modo bem singular,

Sem pompas nem aparato,

Um magistral exemplar

Da tradição sertaneja,

Um bom caipira invulgar.


E num casebre humilde

Esse broto despertou

Envolto por sua mãe,

Que comovida chorou

Cerrando-o contra seu seio

E em lágrimas exclamou.


Meu filho vai ser do bem,

Um fruto do criador

Fértil, honesto, gentil,

De luminoso valor,

O mundo vai conhecer

Esse excelente mentor!


Terá o título de Orama,

Que o propõe contemplação,

Algo que se ver – o belo

Ou vasta meditação,

Um Homem iluminado

(E espírito de perdão)!


Assim, a mater de Orama,

Declarara que o menino

Fará sua trajetória

Traçada pelo destino,

Um guia, mestre de luz,

Instrumento do divino.


Em êxtase a preceptora

Por fim murmurou-lhe, Orama,

Hoje mesmo o deixarei

Exposto sobre ‘sta cama

Vou para aldeia dos vivos

O Divo eterno me Chama.


A vida filho é eterna

E, vive nela somente,

Uma definida fase

Em dimensão diferente;

Vivemos e não morremos

Nem nascemos realmente.


E, como se fosse mágica,

Sua vida se expirou,

O que era forma humana

Num espectro se tornou

Noutra real dimensão

Nova etapa começou.


Já o predestinado Orama,

Órfão de pais e de amor,

Com efeito, morreria,

Se não gozasse o favor

Do supremo Ente Divino,

O Santo superior.


Havia nato há pouco

E já era um abandonado,

Como então sobreviver

Naquele real estado

O escolhido do Senhor,

(Mas agora desprezado)?


Mas, por ato do sagrado,

Que protege os desvalidos,

Uma humilde velhinha

Luz vésper dos excluídos

Encontrou sobre o grabato

A joia dos esquecidos.


E, recolhendo-o do catre,

Sussurrou: quanta maldade,

Dessa mãe desnaturada,

Carente de caridade!

Oh, meu Mestre, ‘ste seu mundo,

Carece de piedade!


E, pegando alguns andrajos

Espalhados pelo chão,

Para acolher a criança

Que ficou a exposição

Aos perigos do pós-parto

Sem a real proteção.


Após tomar as cautelas

Privadas ao recém-nado,

A velhinha conduzira

Com desvelo aquele achado,

Solfejando venturosa

As cantigas do passado.


Porém, com o acervo raro

E já muito ultrapassado,

Ás vezes desafinava

As notas e sem cuidado

Cantava árias confusas

Sem rigor no trauteado.


Oxalá, volta ao caminho,

Que a tornaria à morada,

Fugindo dos transeuntes

Largos passos apressada,

Evitando olhos de moita

(No curso da caminhada).


Chegando a mísera choça

D’enxameeis varas tortas,

Fasquias, barro amassado,

Sem ter janelas nem portas:

Um quadro de vidas vivas

Exibindo imagens mortas.


Num canto ali do engradado

De taipa em meio à pobreza,

Dentro d’uma rede suja

Que vangloria a riqueza,

Orama fora tratado

Com a afeição de nobreza.


Contudo, não adormecera,

A fome tolhe-lhe o sono;

A barriga famulenta

Sente o real abandono

Acusando a golpe baixo

O frágil viver humano.


Por dentro grita o estômago

Por fora a boca reclama,

O País à fome rir

Da desventura de Orama,

Que faminto se tortura

Eternizando seu drama.


Porém, a mãe natureza

Do nada reparti o pão,

Quando a míngua se agigante

Ante a opulência vão

A madre doma a penúria

Humilhando a servidão.


E, aquela pobre velhinha,

Dividiu a sua ração:

Uma porção de farinha,

Alguns pedaços de pão

Molhados servem a Orama

(Na primeira refeição).


Após ser alimentado

Leve sono o abateu,

Liberto o corpo dormia

Solta a alma via o céu

Além do avistar humano

Pela cortina de um véu.


Dormindo o “nume” gozava

Uma aurécia singular,

Alcançando-o mansamente,

Como canção de ninar

Que soa no imo do ser

Fazendo-se acalentar.


E sobre a barga brilhava

Arco de luz lumioso,

Frágil e sem resplendor

Como se um divo zeloso

Cuidasse como se fosse

Um tesouro precioso.


E naquela rede suja

Aonde Orama dormia,

Exalava-se um perfume

Suave que se aspergia

Pelo humilde casebre

Transbordando-o de alegria.


Fluíam ares de montanha

Um fino aroma floral

Inebriando o tugúrio

De perfume divinal,

Como se fizesse parte

D’um reino celestial.


Assim Orama viveu

Um “dia” do seu destino,

Cumpriu-se a premonição

A respeito do menino

Agora era só esperar

(Os desígnios do divino).


Assim o varão crescia

Nesse mundo de pobreza,

Sob o cuidar da indigência

Em sua enorme tristeza,

Mas sua psykhé brilhava

Numa infinita grandeza.


Revelavam-se seus traços

Candidez, paz, esplendor

Numa doçura desértica

Consagrada pelo alor

Gentil de suas entranhas

Em forma real de amor.


Seu riso era brisa mansa

Despertando o girassol;

Arroio límpido, casto

Entre dois vales ao sol

Luzindo rumo à planície

Ao despontar o arrebol.


Tinha um olhar poderoso,

Claro e inquietador;

Sede d’amor de justiça,

Quimera d’um sonhador;

Inflamado de paixão

Um sábio conquistador.


Saia do seu coração,

Belos pássaros cantores

Voavam ledos ao horto

Do céu – de suaves cores

Sublimes a olhos humanos

As formosas, lindas flores.


Interpretava as canções

Das virgens embriagadas

E, falava-as com carinho

Das paixões atormentadas

Que fragilizam o amor

(Em suas formas sagradas).


Sorria como se os lábios

Estivessem sempre em festa;

Os seus gestos eram livres

Como homens da floresta;

Que vivem a solidão

Se o caos se manifesta.


Era um belíssimo estranho

Que veio para nos sondar

Gerado da sã bondade

Numa aridez secular

Das tempestades humanas

Em transvios a vagar.


Medrava em corpo e espírito

A fé lho fortalecia

Diverso doutros rapazes

Para quem o conhecia;

Era plural, mas difícil

Assim Orama crescia.


E o anjo que o acolheu,

Quantas o repreendia:

Por seu gênio inquieto

E como se conduzia

Diante o sistema imposto

Ao povo que o carecia.


Ria das nossas revoltas,

E dos mitos surreais;

Voava além das serpentes

E dos lacaios banais,

Profetas rudes e acesos

Com os dons celestiais!


Não suportava o hipócrita,

O falso justo infiel,

Que como o abutre assiste

Sobre o rochedo o painel

Macabro de suas presas

Num quadro vil e cruel.


Essas bestas – os hipócritas,

Deuses do abismo moral –

Predadores da bondade

Em sua força real:

Verdugo insano dos fracos

De forma servil, brutal!


Já com o néscio era dócil

E áspero com o arrogante,

Afável com o humilde,

Sensível com o ignorante,

Compassivo com o fraco,

Severo com o pedante.


Compreendia a fraqueza

Desde o talhe bestial

Dos varões tolos devassos

Entes de fama infernal

Que exibem a hipocrisia

Sobre a razão natural.


Dizia aos ouvidos mudos:

O Corpo é um instrumento

Da lida que traz a dor

E esta traz o sofrimento,

Causa importante daquela

Sensação de quão tormento.


A alma sente a dor real,

E se contorce ao efeito,

Que a faz penosa lembrar

Angustia insana ao peito

Morto pelo dogma fútil

E moralmente imperfeito.


Porém, convém o viver

Absurdo como as paixões;

De modo que sã verdade

Peja-se de sensações

Fundadas em metafísicas

Que suscitam emoções.


O mundo real precisa

De viver o bem-estar

Findo no tempo sem tempo

Da cegueira milenar

Forjada n’alma ultrajada

D’um reino espetacular.


Neste reino “pudendum”

Vivem os mestres venais,

Leiloando seus saberes

Às praticas vãs banais

E suas mentes perdidas

Sob os entulhos carnais.


E, vede o princípio certo:

Apenas e só verdade

Individuum”, forçoso

No ego da realidade,

Sem os meios asquerosos

Que sustentam a vaidade.


Vês, então o ódio, o amor,

Cárcere de proporção

Simétrica a vivência

Arada no coração

Do ser homem na medida

Que despreza o perdão.


Orama falava aos ventos,

O ar puro o compreendia;

A aurora rindo o amava

Saudando-o com alegria;

As aves do céu o louvavam

Numa diva harmonia.


Os seus até lho fugiam

Os varões o desprezavam,

Os doutores em sigilo

De sua ascese zombavam

Os anciões insidiosos,

Às escondidas tramavam.


Diziam eles: é um jovem

Que tem escassa instrução,

Falta-lhe uma verve fértil,

Lógica e densa intuição,

Empenho em suas palavras

E prática de arguição.


Vamos então procurá-lo

E assim podemos sentir

Quais são suas intenções

Ou de que modo vai agir;

Temos que ficar atentos

Senão vamos sucumbir.


O novo sempre desperta,

Mas o tolo é sonhador;

O douto lança no estio

E entre pedras colhe flor;

Quem confia vê a vitória

E, quem faz é vencedor.


Portanto, faz-se preciso

Encontrá-lo onde estiver;

É importante tê-lo a vista

De modo que se puder

Para ágora o levaremos

Caso Ele se dispuser.


Assim, se, pois o legado

A procurar por Orama,

Viu-o tenaz no meio da ágora

Como uma fogueira em chama

A consumir mentes velhas

E as burlas laivas de lama.


Tornando para a luz da ordem,

O sequaz disse o que viu.

Expôs: a ágora se queima!

O povo rude aderiu

A um engendro de poeta

Que a crença falaz pariu.


E, com um jargão aziago,

O sequaz se arde zeloso.

Ferindo a “razão” da fé

Do fiel justo extremoso

Que crer na pluralidade

Do Deus vivo generoso.


Confessa ainda, o servil,

Rasgando-se de emoções.

O Deus dos antepassados

Vive em nossos corações,

Guiando nossos destinos

Sem as falsas sensações.


Ouvi-o discursando na ágora,

Achei-o medíocre, grosseiro,

Além do bem e do mal

Um fingido aventureiro,

Laico a nossa tradição

Um infiel estrangeiro.


Seus modos não são leais

Ás nossas reais virtudes;

Ataca nossos costumes

Suas rudes atitudes;

Fere-nos com mau juízo

As nossas solicitudes.


Agride nossas doutrinas,

Difama nossa memória;

Repreende a nossa lei

Discorda de nossa glória;

Condena nossa conduta

Cisma da nossa história.


Suas palavras são acintes

Á nossa filosofia;

Renega nossos conceitos

Da nossa teologia

E rebate com rigor

De Deus nossa teoria.


O sequaz relata os fatos

Acrescidos de maldade,

Sugere medidas outras

Em face da gravidade

E, não cogita o contrário

Pra não ferir a unidade.


Já os conselheiros aceitam

Pugnar o varão loquaz,

Visto que sua doutrina

Tornara-se forte audaz

Sendo forçoso barrá-la

Com ousadia fugaz.


Alheio ao ódio infernal

Dos que só veem somente,

A fé pelo próprio olho

Que lho seja realmente

Modelo de fé sem fé

Pelo olhar indiferente.


Orama cheio de amor

Em meio ao povo doente,

O Deus que lhe inspirava

Uma verve diferente,

Não frequentava as palavras

D’uma fé vã inconsequente.


O fogo ainda queimava

Os vis dogmas surreais;

E assim do ventre do povo

Com seus dons especiais:

Nascia um broto do bem

Entre dragões colossais.


Depois de conquistar a ágora,

Orama cheio de alor;

Volta ao seu porto seguro

Onde um ser encantador

Ansiosa o esperava

Com muito apreço e amor.


Porém, as serpentes agem

Sob as leis da crueldade,

Ferindo o que o bem cria

Sem lhe prover piedade,

Como se uma força estranho

Instigasse a vã maldade.


E na fonte do bem puro

Chegara muito cansado,

Adentrara cheio de ânsia

O sonho realizado,

Mas chora ao sentir a dor

Faze-lo só, abandonado.


E, numa incivil enxerga,

Pendia o corpo sem vida

Da santa que o acudira

Quando sua mãe querida

Expirou ao lho dar a luz

Pelos anais esquecida.


Orama via o viver

De traumas, sofreguidão,

Suscitar tortura, ânsias,

Que provocam exaustão

À integridade do espírito

Desabando o coração!


Já a vida ao deixar o corpo

Livra-se d’uma prisão,

Ganha a liberdade plena

Ao completar a missão

E viaja leve e solta

Em busca da remissão.


E o espírito frondoso

Que povoa amor e vida,

Exala odores sublimes

De cerne desconhecida

Deixando divo perfume

Na mão que cura ferida.


E o espírito, anjo luz,

Arrimo dos deserdados

Semeia amor pelo bem

Em atos concretizados

Tornando dor em amor

Entre os anjos perturbados.


Silente, prostrado, Orama

Considera: a vida, a sorte.

Por fim, conclui: o viver,

É fardo de grande porte

Carregado pelo homem

Até se entregar a morte.


Mártir do termo fatal

Que o ferira no regaço,

Bem ali ao lado do esquife

Orama sem embaraço,

Chora sua perda extrema

Como um derradeiro abraço.


Após desdar-se da dor,

Orama volta à razão

Devolve para mãe á filha

Que fora mãe na aflição

Do broto frutificado

Arauto da compaixão.


Deixou o casebre humilde

Para uma busca tenaz

A fim de achar a si mesmo

Sem comprometer-se assaz

Com novos passos à vida

Que farão elevar a paz.


E, assim em meio a veredas,

Passava o dia a flainar;

Perdia-se entre delírios

Das dores a atormentar

As intimidades d’alma

Num doloroso penar.


Vagueou por entre aldeias,

Vinhas, Campos e searas,

Cruzou bosques e desertos,

Estepes de floras raras,

Arroios, poços e pântanos,

Dias negros - noites claras.


Conheceu homens e homens

Em funestas aflições,

Amou-os fervorosamente

Desprezando as condições

Do sistema injusto e falho

Que alimenta as ilusões.


Já no siso das andanças

Viu de perto as incertezas,

Domesticou-as de pé sóbrio

Nas aflições das fraquezas

Que destroem ate os ossos

Diante as falsas grandezas.


E no palor dos instintos

Têm-se algo, (gritem ò surdos!)

Para contemplar o medo

Daqueles pobres miúdos

Que estarão sob o nariz

Fantasioso dos mudos.


E no tempo em que passou

Procurando-se no mundo,

Orama sentiu no seu íntimo

Algo sublime e profundo

Até poder encontrar-se

Com o seu viver fecundo.


Voltando ao mundo real

Da razão vil combalida

Sob a fé da tradição

Insensível, carcomida,

Que julga débil o novo

Numa moral descabida.


Depara-se com uma ágora

Imane, porém, sozinha,

Presa a antigo dilema,

Insolente, vil, mesquinha,

Infame profundamente

E esdruxulamente zinha.


Bem à frente a dor do mundo

Vê no rosto o gesto pálido,

Imagem transfigurada

Sob um azorrague cálido:

Horrores, gritos, gemidos,

Num bruto painel esquálido.


Em este espelho quebrado

Cisma da humanidade!

Vencida nas suas lutas

Falta-lhe serenidade,

Contudo, só há vitória,

Consoante a dignidade.


Mas, se mata por um beijo

Que nutre falsa ilusão

À tempestade da vida,

Que motiva a solidão

Do espírito que padece

Em si mesmo vil ação.


E com este pensamento

Chega enfim ao limiar

Da ágora velada, insana

Disposta a continuar

As brutas imposições

D’um sistema secular.


E ali em seu redor, o mundo

Luzia desolação:

Cabisbaixo, sem alento,

Olhar posto à aflição

Da ânsia viva do “eu”

Nutrida de malversão.


Orama atentava triste

Os tipos em sua volta,

Vidas cansadas, perdidas,

O que lhe dava revolta

E sem se conter explode:

Ò gente de fé envolta!


E, ali provocando a ágora,

Grita a quem possa ouvir:

Pode, enfim um rio inerte

Gerar vidas, ter porvir?

Salvo apenas peixes mortos

Que grande nos faz pungir!


O pavão decidiu as cores

Que lhe deu sua beleza?

Os ipês quem os ornou

E lhes estimou grandeza?

Que poder, portanto, foi

Senhor de tal realeza?


As matas quem as dotou

Com seu verde singular?

Que sábio as povoou

E as tornou o vasto lar

Das feras que nelas vivem

Sem, portanto, as cultivar?


Assim, esgueira-se o homem

Do eu sobejo sem ter rumo

Pelas campinas desérticas,

Arco sem punho, sem prumo,

Gênio infértil sem rédeas,

Um samonga sem aprumo.


Orama aflito pensava

Num tempo que há de vir

Para quem tem a verdade

E entre feras resistir

Os fiéis de fé cansada

Que se negam refletir.


Viveu a ágora chorando

Sob descortês necedade

Dos mortos que pensam mortos

Abraçados a maldade

Dos que traem a si mesmo

Arpados da crueldade.


São os rebentos do apanágio

Que esperam sua porção:

Benesses, sublimes dádivas,

Que a infame tradição

Educou lhes para tê-las

Sem trabalhar a razão.


Angustiado sondava

No que o homem se tornou,

Pai do seu próprio inferno

Que a soberba lhe talhou

E o fez filho da torpeza

Sem honra o escravizou.


E nesse ‘stado de espírito

Orama age em voz altiva:

O Deus eterno que vive

Dedicou a palavra viva

Aos homens pelos profetas

E por Ela o homem viva!


E aonde ‘stiver a vida

A lei estará sempre escrita

Na terra, no mar, no Céu,

Em palavra ou manuscrita,

Porque se tivermos fé

A nossa alma estará adscrita.


Busquei sempre em vós a lei

Abram vossos corações,

Domem os vossos espíritos

Para o bem das relações

Que dentre vós aconteçam

Aparando as más ações.


Daqueles que o escutavam

Perguntou-lhe um varão.

Devo ler as Escrituras

Segui-la sem objeção

Ou lê-la pra me instruir

Ou seguir o coração?!


A Lei é a vida meu filho

E não só nas escrituras

Que a encontra por quê

O Grande Rei das Alturas,

O Deus dos vivos aos vivos

Ensinou as palavras puras.


O escrito se fará morto,

A Lei é viva como a vida,

A palavra viva é Lei

A lei é a vida vivida

Assim deve ‘star escrito

Onde quer que haja vida.


Digo-vos que as coisas vivas

Estão mais perto de Deus,

Que a escritura que ‘stá

Vazia dos sopros seus

E desprovida de vida

Sem a essência de Deus.


Em mim vereis a verdade,

Porque o meu Pai, as suas Leis,

Não vos passou por escritas

Mas disse-vos quando oreis

Sede-vos um servo justo,

Vinde a mim e me escuteis.


Vede então a gula, o desejo,

A vida desenfreada,

A luxúria, a riqueza,

A mente contaminada

Nem pouco nem muito o ódio

Contra o outro a Deus agrada.


Porque todas essas coisas

Estão longe do senhor

E dos seus servos, os anjos,

Fies ao puríssimo amor

Servindo-o e O adorando

O Deus uno Salvador.


Essas coisas todas vêm

Do reino da escuridão

E de satã pai dos males

Flagelador do perdão

Infausto perseguidor

Indesejável dragão.


E, portanto, cuidei bem

Para que vós não leveis

Com vós mesmos essas coisas

E jamais as desejeis,

Tende o vosso coração

Limpo e não vos mais choreis.


A palavra e o poder

Do Deus não chegam a vós

Pois em vosso ser e espírito

Habitam males que a sós

Devoram-vos com pecados

Que execram a todos nós.


Desejei que a sã palavra

E o juízo do Deus vivo

Penetrem dentro de vós

Sede homem compassivo

Não profaneis vosso corpo

Para não sede cativo.


Porque o corpo é o templo

Do vosso santo senhor

O espírito o santo templo

Do Deus eterno de amor

Que ama sem discriminar

Quantos sem impor valor.


Mondei-vos, portanto, o templo,

Para que o vosso senhor

Do templo habite nele

E ocupe o lugar que for

Digno de sua Grandeza

Realeza e esplendor.


Retrai-vos de sob a sombra

Do céu de Deus verdadeiro,

As vis tentações do corpo

As quais veem do embusteiro

Sedutor dos bons espíritos,

Um maldito aventureiro!


Renovai-vos vossa vida

Imolai-vos ao perdão,

Pois, em verdade vos digo

Que pedir em oração

Fará os males de satã

Enlodassem pelo chão.


E por vossa livre conta

Em vós mesmos, solitário,

Sem mostrar vosso sofrer

A quanto é desnecessário,

Porque Deus que tudo ver

Sede vosso solidário.


Porque o Deus vivo verá

Que quão vosso galardão

Por ter vosso sacrifício

Alcançado a afeição

De Deus o mestre da vida

Senhor da libertação.


Sacrificai-vos até

Que o diabo e seus demônios

Abandonem-vos pra sempre

E que do Céu bons favônios

Tragam anjos da mãe terra

A aflar-vos divos precônios.


Pois em verdade vos digo:

A não ser que vos penei

Satã buscará a vós

E nunca vos livrarei

Das vossas enfermidades

Caso vós não o reneguei.


De fato, isto se dará

Por meio de sacrifício,

Tornei-vos amendoeira

Para que o vosso suplício

Agradei o vosso pai

Para o vosso benefício.


Sacrificai-vos e orai

Ao Pai fervorosamente,

Buscando sempre o Deus Vivo

Para que o senhor somente

Possa agir em vossa cura

Por ser Ele onipotente.


Na medida em estiverdes

Vos se penitenciando

Evitei expor a todos

Que estai, pois, se libertando

Dos pecados cometidos

E para Deus se voltando.


Vigiai os filhos dos homens

Pra que não vos Confutei,

Buscai os anjos da Mãe terra

Se vos credes acharei

Pois quem procura achará

E achando vós libertei.


Buscai o ar fresco do bosque

E dos campos, pois verei,

Que acharei no meio deles

Alguém que vos ajudei,

Então orei ao Anjo do Ar

Para que de vós cuidei.


Tirai, pois, a vossa roupa

Também o vosso calçado

A fim de que o anjo do Ar

Abrace o templo sagrado,

O vosso corpo, o invólucro,

Pra que seja renovado.


Respirai profundamente

A fim de que o anjo do ar

Aprofundei na vossa alma

Para então purificar

Vosso corpo o Santo templo

Onde o Senhor vai morar.


Entregai-vos por inteiro

Ao regaço do anjo irmão

E como o ar que penetra

Em vossa respiração

Deixai que igualmente a água

Lave corpo e coração.


Pois em verdade eu vos digo

Que o querubim d’água pura

Limpará de vosso corpo

Toda imundície impura

Que vos macule por fora

E por dentro a diva cura.


E que toda coisa imunda,

Que atormente vosso ser

Seja expelida pela água

Para que vos possa ter

Sossego no vosso corpo

E acalme o vosso viver.


Em verdade então vos digo

Que o quanto vos é sagrado

O anjo d’água que redime

O que está sujo, lodado,

E concede às coisas sujas

Um aroma apreciado.


Nenhum (ser) a quem não deixe

Deixar passar anjo d’água

Poderá acudir a Face

De Deus carregando mágoa,

Porque o senhor da justiça

Lava a sordidez e enxágua.


Em verdade, eis que tudo

Deve ressurgir de novo

Da água pura, da verdade,

Pois com o corpo renovo,

Terso no rio da vida

Vosso Deus o dará aprovo.


O Rio da nossa vida

Limpa a fuligem externa,

O espírito que se banha

No rio da vida eterna,

Terá do senhor a dádiva

D’uma justiça mais terna.


É preferível meu filho

Que o divo amor nos adestre,

Pois recebei vosso sangue

Da madre santa terrestre

E da verdade divina

De nosso Deus o bom mestre.


Porém, não pensei que é

Logo que Suficiente,

Que o anjo d’água o abrace

Apenas externamente

E assim, limpei a sujeira

Que vós hás internamente.


Em verdade, pois vos digo,

Que a imundície interna

É maior e mais intensa

Do que aquela externa

Porque a limpeza conduz

À felicidade eterna.


E quem se limpa por fora

Não ver o seu interior

Que se permanece sujo

Em seu mundo inferior

Sem querer se libertar

Para agradar ao Senhor.


Assim as tumbas pintadas

Ferem olhos perceptíveis,

Mas atulhados por dentro

De imundícies tangíveis

Como guardados imundos

De abominações horríveis.


Pois em verdade vos digo,

Que vos, portanto, deixei

Que o Anjo d’Água vos sagre

Por dentro e vos liberei

Dos velhos vossos pecados

E assim deles vos limpei.


E para que dessa forma

Seja, pois, inteiramente

Tão puro como a espuma

Do rio de água fremente,

Rindo sob a luz do sol,

Salvo da xila inclemente.


Então, vos lavei por dentro

Com a água acalentada

Do flúmen à luz do sol

Que a assim torna asseada

Livrando-a de todo mal

Deixando-a purificada.


Fazei-vos como os antigos

E atentei-vos como falo,

Buscai uma grande cabaça

Que tenho longo gargalo

Da longitude d’um homem

Pra vosso íntimo lavá-lo.


Extraia seu interior

E enchei com água do rio

Serenada pelo sol

Na plenitude do estio

Livrando então vosso corpo

Do repulsivo baldio.


Prendei bem num ramo de árvore

E sentai-vos sobre o solo

Na presença do Anjo da Água

Procedendo ao protocolo

Do credo da vossa fé

E não vos sede parolo.


Fazei-vos com que o extremo

Do junco desta cabaça

Penetre naquela parte

Oculta e assim o faça

Asseio às vossas entranhas

Para trazei-vos a graça.


Logo após, descansai-vos

Sobre o terreno deitando-se

E, diante o Anjo da Água

Orai com fé suplicando

Ao Senhor Vivo o perdão

Pelos erros implorando!


Necessitei ao Anjo da Água

Com devotado fervor

Pra que livre vosso corpo

Da imundície do horror

Do mal das enfermidades

Obras vis do tentador.


Deixai, portanto, que a água

Saia de vossas entranhas

Para que delas se leve

As coisas sujas estranhas,

Inclusive os velhos males

E as putrefações medonhas.


E verei com vossos olhos,

Cheirei com vossas narinas

Todas as vossas anátemas

Que a vos usei de sentinas

Dentro de vossas entranhas

Como infames inquilinas.


É dessas coisas imundas

Que das quais vos libertei,

Do templo de vosso corpo,

E agora compreendei

Que livre das imundícies

Ao Senhor vos entreguei.


Renovai vosso batismo

Com água todos os dias

Durante vosso jejum

Tornando sãs e sadias

Todas as vossas estranhas

Sem as sujeiras baldias.


Purifiquei vosso corpo

Até o dia em que vejai

Que dos vossos intestinos

A água que vos expulsai

É pura como a espuma

Do rio que vos banhai.


Então causai vosso corpo

À corrente sã do rio

E, se uma vez entre os braços

Do Anjo bom d’água, alvedrio

Daí vos graças ao Deus vivo

Com vosso corpo sadio.


E esta limpeza sagrada

Pela força d’Água viva

Representa o renascer

Que prospera e reaviva

O espírito para Deus

E Nele o ser sobreviva.


E a partir deste momento

Os vossos olhos verão,

Assim são vossos ouvidos

Que em preces escutarão

A voz do Senhor das luzes

Quando oreis com o coração.


Não vos perverteis jamais

Depois de vosso batismo,

Para que o anjo útil d’água

Esteja em vosso ascetismo

E vos valha face a face

Em sadio pragmatismo.


E se um dia por ventura

Vossos antigos pecados

E imundícies voltarem

Devem ser logo marcados

Ai buscai ao Anjo do sol

Para serem afastados.


Retirai vossos calçados,

Vossas vestes e deixai,

Que o Anjo da Luz do sol

Proteja e vos abraçai

Todo vosso pobre corpo

Pra que assim não mais sujai.


Respirai profundamente

Pra que o ser da luz do sol

Libertei-vos e limpei

Vossas entranhas em prol

D’um corpo purificado

Desde o surgir do arrebol.


E o Anjo da luz do sol

Com poder expulsará

Coisas más do vosso corpo

E sem mancha deixará

Terso por dentro e por fora

Por isso vos viverá.


E assim sairão de vós

Os morbos e todo mal

Que como a escuridão

Da noite foge abismal

Ante a luz do sol nascente

Com seu brilho triunfal.


Pois em verdade vos digo

Que o servo bom é sagrado,

Eis o Anjo da Luz do Sol

Que para Deus tem lutado

Limpando toda imundície

Do homem contaminado.


Por isso hostil ao fétido

Um odor bem agradável!

Possa então vos acudir

Para a face do insondável

O Senhor único e vivo

Que protege o miserável.


De fato que tudo deve

Nascer de novo do sol

E da verdade suprema

Para purgar-se ao crisol

Depois brilhar sem pecado

Como um enorme farol.


De modo que vosso corpo

Banhado na santa luz

Da divina Mãe terrestre

Seja o novo que reluz

A glória do Deus vivo

Que o nosso mundo conduz.


Então viva o vosso espírito

Na luz do sol da verdade

Do bom Pai celestial

Terá sempre a amizade

Do Deus Senhor da justiça

Rico de amor e bondade.


Os anjos do ar e da água

E da luz do sol estão

Juntos ao filho do homem

Unidos à conversão

Dos pecadores do mundo

Acharem a salvação.


Foram-lhes entregues todos

Ao Filho de Deus, o justo

Para que lhe fossem servos

E que lhe sejam onusto

Quando o Senhor quisesse ir

D’um lado a outro sem custo.


Sagrado é da mesma forma,

O seu abraço acolhedor,

Para os que sofrem, padecem,

Encontrarem o pendor

Para a graça e ser feliz

Como benção do Senhor.


São filhos indivisíveis

Da perfeita Mãe terrestre,

Assim que não separeis

Aqueles que pelo mestre

A terra e o céu os uniram

E a Paz do Senhor os estre.




João Pessoa – PB, 2020




Mário Bento de Morais