quinta-feira, 17 de novembro de 2022

O TOLO X O TIRANO

 

O tolo que deu o poder

Ao tirano agora implora

Por justiça da injustiça,

Que humilha desvarola,

Mas se sente confiante

Na caixinha de pandora!


Deixa-se ser governado

Sob a canga no pescoço,

Fútil se doa incontrito

Quer a vida sem esforço,

Zomba da honestidade

Vê na mentira um colosso.


Reflete os anos devotos

Sem se mostrar compungido,

Entende ser seu fadário

Sujeitar-se restringido

Serviçal, fiel sabujo,

Pelos deuses escolhido.


Nada além d’um sevandija

Toca-lhe à mente helminta

Que sem o mar das entranhas

Murcha-se aos poucos faminta

Com a absência de alimentos

A sua fome indistinta.


Sente-se um pária fausto

E sonha o sonho comum

Como tantos outros sonhos

Que se sonha em cada um

Sonho que morre sem sonho

Vivendo sonho nenhum.

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