quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

FREI MARTINHO, O ARQUITETO


O legado de Frei Martinho
04 de september de 2008
[Texto de Hilton Gouveia] JORNAL A UNIÃO

Anatália Martins Vieira, 62, presidente das Obras Sociais da Ordem Franciscana Secular de Itaporanga, no Vale do Piancó, a 398 Km da Capital, é responsável pela guarda de uma relíquia muito preciosa para a comunidade católica da Paraíba: trata-se da camiseta de celebração de Frei Martinho Jansweid, um frade alemão que chegou à Paraíba em 1911, cuja vida, realmente incontestável em grau de heroísmo, contribuiu para se criar uma aura de santo, em torno de sua personalidade apostólica.
Para tornar isto público a Direção do Convento do Rosário, em João Pessoa, registra a biografia do religioso no livro "Frei Martinho - Uma Herança Viva da Fé Cristã", na comemoração dos 75 anos de sua morte e relata algo mais sobre este homem com índole de profeta, responsável pela construção de cinco grandes igrejas na Paraíba e mais 17 fraternidades franciscanas na Paraíba e no Ceará.
"Eu guardo esta camiseta por simples devoção. Até hoje eu não sabia que ela tinha tanto significado histórico, cultural e religioso", diz Anatália. A peça do vestuário ritual de Frei Martinho é uma camiseta de gola redonda e manga curta, normalmente usada por baixo da batina, nas celebrações. Anatália talvez seja a única pessoa a residir na Paraíba que possua uma relíquia de uso pessoal de Frei Martinho. Às 14h do dia sete de setembro deste ano, pela primeira vez, a peça, que tem aproximadamente 80 anos, foi exibida para a imprensa.
Anatália evita o contato de mãos ou do ar com a camiseta, por temer danos ao tecido. A relíquia está no seio de sua família desde a morte de Frei Martinho, no dia 28 de julho de 1930. Neste dia, o cadáver de um importante estadista brasileiro também chegava a Capital: era o do então governador João Pessoa, assassinado dois dias antes, em Recife, pelo advogado João Dantas.
No necrológio do missionário, cuja autoria é atribuída a Frei Stanislau Cleven, existem passagens interessantes sobre a vida missionária de Frei Martinho. Conta-se que certa vez ele chegou a uma fazenda sertaneja e pediu um cavalo emprestado, para continuar sua viagem. O dono do animal não atendeu ao pedido e despediu o frade de forma grosseira. Frei Martinho profetizou que ninguém mais montaria aquele cavalo. Na tarde do mesmo dia o cavalo morreu.
Antônio Silvino, o famoso cangaceiro, ousou invadir um povoado onde Frei Martinho costumava parar, para cumprir suas missões. Horas antes, o frade o havia aconselhado a não molestar o povoado. Silvino, cujo nome verdadeiro era Manoel Batista de Morais, não levou em conta a advertência. Acabou preso por uma volante policial e cumpriu 15 anos de cadeia no Recife.
Certa vez Frei Martinho cumpria uma viagem de crismas. Um rapaz disse, em tom de galhofa, que iria mandar um burro para ser crismado. O homem caiu morto na mesma hora.
Em 24 de setembro de 1917, ao passar, mais uma vez por Misericórdia (atual Itaporanga), Frei Martinho concedeu o hábito de São Francisco de Canindé à Carolina Diniz. Ela era irmã de padre Joaquim Diniz. Hoje, esses personagens estão bem próximos de nós, através de um descendente ilustre, D. Antônio Fernando Diniz, ex-bispo de Guarabira.
Nascido em Colônia (Alemanha) no dia 5 de dezembro de 1876, Frei Martinho ingressou na Ordem dos Frades Franciscanos Menores em 13 de maio de 1894. Sua disposição e entusiasmo para a catequese contribuiu para que os superiores o transferissem para o Norte do Brasil, com apenas dois meses de noviciado. Estudou Filosofia e Teologia no Convento de Salvador (Bahia). Alcançou a ordenação sacerdotal em 22 de dezembro de 1900, através do Arcebispo Primaz D. Jerônimo Tomé da Silva.
Transferido para a Paraíba, em 1911, dedicou-se ao Colégio Seráfico Santo Antônio, rebatizado como escola Apostólica, que funcionava num anexo da Igreja de São Pedro Gonçalves, em João Pessoa. São incontáveis o número de retiros e missões pregados no interior, por este frade incansável, que percorria os longínquos rincões da Paraíba e do Ceará montado a cavalo ou mesmo andando a pé.
Somente na Diocese de Cajazeiras, Frei Martinho fundou as fraternidades de Souza, Pombal, Cajazeiras, Itaporanga, São João do Rio do Peixe, Malta e Catolé do Rocha. As fraternidades de Malta e Pombal não existem mais. Em outubro de 1917 plantou uma semente missionária em Piancó. Mas não voltou lá, por causa da rivalidade entre os padres Aristides e Manoel Otaviano. Martinho não quis tomar partido. Aristides, que vivia abertamente com a mulher e os filhos em Piancó, acabou morto pela Coluna Prestes, em 1926.
Em Itaporanga, Martinho, que tinha aversão a publicidades e rixas, também respeitou o ponto de vista do pároco local, que não permitiu colocar, em altar especial, uma imagem de São Francisco, antes da imagem de Jesus. Martinho elaborou a planta e dirigiu a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Mas deixou a obra na altura dos altares. Ao sentir-se doente e prenunciar a própria morte, retirou-se para João Pessoa.
Frei Martinho é autor da construção de cinco grandes igrejas na Paraíba, no período de 1911 a 1930:
Ü Nossa Senhora do Rosário, em Jaguaribe, João Pessoa.
Ü Nossa Senhora da Conceição – São Mamede
Ü Nossa Senhora da Conceição – Itaporanga
Ü Nossa Senhora da Conceição – Taperoá
Ü Nossa Senhora da Conceição – Barra de Santa Rosa.
Sua reconhecida obra de heroico missionário também lhe rendeu homenagem especial no Curimataú Paraibano, onde existe um município com o seu nome. Durante a Páscoa de 1930, Frei Martinho foi acometido de forte gripe. Pressentindo que a morte estava próxima resolveu retirar-se para João Pessoa. Chegou muito febril em Soledade, onde o esperava o Provincial Frei Amadeu, que o transportou para a Capital.
Em 26 de julho de 1930, o arcebispo D. Adauto de Miranda Henriques concedeu-lhe a bênção e dele se despediu. Frei Martinho pediu a extrema-unção e o Santo Viático. Perdeu os sentidos no dia seguinte. Faleceu no dia 28. Seu corpo se encontra na Cripta da Igreja do Rosário, em Jaguaribe, onde é visitado por centenas de fiéis, todos os anos.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VENCIDOS E VENCEDOR


Só quero um beijo,
Desse que causa arrepio até na alma,
Que tira o fôlego, que sufoca, rouba à calma,
E faz a gente ser feliz por um instante;

Somente um beijo,
Desse fogoso que endoida o coração,
Desassossega e diz ao peito que é paixão
Deixa saudade e torna a vida excitante;

Durante o beijo
Um toque a mais, um amasso apertado,
Coração em pânico, sentimento alado,
Voando baixo em meio as emoções;

E depois do beijo
Uma calma leve ronda o nosso pós-amor,
Somos dois vencidos ante um vencedor,
Que vive preso em nossos corações.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

DOCUMENTO HISTÓRICO - DIPLOMA DE VEREADOR - 1935

Luiz Xavier de Andrade, fora eleito vereador pelo Partido Progressista (PP), no município de Santa Luzia-PB, em 9 de setembro de 1935, como representante do distrito de São Mamede. O  DIPLOMA (a parte acima é a capa e a de baixo o corpo) expedido em "papel pautado", como ai estar, era em toda extensão do papel. No cabeçalho aparece escrito em caixa alta à máquina datilográfica os dizeres: - JUNTA APURADORA DO 4º CIRCULO ELEITORAL DO MUNICÍPIO DE PATOS - ESTADA DA PARAHIBA -. Em seguida um traço e logo abaixo deste a palavra visto e sob ela uma assinatura. Percebe-se que o papel dobra-se ao meio e logo entre dois traços a palavra DIPLOMA com os seguintes dizeres: EXPEDIDO AO VEREADOR DO MUNICÍPIO DE "SANTA LUZIA DO SABUGY" LUIZ XAVIER DE ANDRADE, ELEITO EM 9 DE SETEMBRO DE 1935. após isto, um visto e na mesma linha uma assinatura. 
Nesta parte, ou seja, no corpo do DIPLOMA, que aparece logo abaixo estão as informações do resultado do pleito e os nomes dos outros vereadores eleitos no mesmo turno pelo PARTIDO PROGRESSISTA, e no segundo turno também pelo PARTIDO PROGRESSISTA, o nome de Severino Bonifácio da Nóbrega. 


Eis a íntegra do corpo do DIPLOMA:

               A JUNTA APURADORA DO 4º CIRCULO ELEITORAL DA CIDADE DE PATOS, DO ESTADO DA PARAHIBA, tomando conhecimento do resultado final da apuração das eleições para VEREADOR, no município de Santa Luzia do Sabugy, precedidas a nove de setembro do corrente anno, nas trêz (3) secções em que o mesmo se acha dividido, aprovou em seis do corrente mez a respectiva acta, da qual se verifica ter o mesmo numero de eleitores  que compareceram de quinhentos e vinte e trêz (523), sendo votos validos  quatrocentos e oitenta e cinco (485), o quociente  eleitoral de setenta e quatro (74) e o quociente partidário de seis (6) para a legenda o PARTIDO PROGRESSISTA. Verifica-se ainda  terem sido eleitos por quatrocentos e oitenta e cinco votos pelo PARTIDO PROGRESSISTA, em primeiro turno, e proclamados VEREADORES - Anizio Marinho da Silva, Euclides Nóbrega, LUIZ XAVIER DE ANDRADE, Pedro Daniel dos Santos, Manuel Augusto de Araújo Filho e Jonathas Ferreira Tavares, e em segundo turno pelo mesmo PARTIDO PROGRESSISTA Severino Bonifácio Nóbrega. Não houve suplentes.
                    E, para servir de DIPLOMA aos eleitos inclusive ao nome LUIZ XAVIER DE ANDRADE, NA FORMA prescripta no Art 156 do Cod. Eleitoral extrahiu-se da aludida acta o presente resumo que vai assinado pelo Presidente da Junta.
                      JUNTA APURADORA DO 4º CIRCULO ELEITORAL DA CIDADE DE PATOS DO ESTADO DA PARAHIBA, EM 6 DE DEZEMBRO DE 1935.

                                                                                Uma Assinatura
                                                                              - PRESIDENTE -