terça-feira, 21 de setembro de 2021

O INSTITUTO DA MISÉRIA

 

Há bolsos esganados, insondáveis!

Míseros, insaciáveis homófagos,

Sôfregos desprezíveis hematófagos,

Sedentos predadores indomáveis.

Velhacos espertos incontroláveis,

Sólitos fiéis às práticas sádicas,

Metódicas fluem emoções fádicas

Num místico de afáveis sensações,

Que suscitam às fatais ambições

Nos fossos das mentiras esporádicas.

 

Na gorja longa de algibeira farta

Abusos de usura sobre os barracos,

Atalham a abundância aos mais fracos

Com a mesma orexia da lagarta,

Fenômeno faminto que se ensarta

Em transmutação, disfarce, trapaças

Gala, ostentações, mortes, desgraças,

Rompantes exclusivos dessa gente

Produzidos na estupidez da mente

Para o bazar dos golpes e ameaças.

 

A miséria instituto rentável,

Que fomenta projetos de poder

A lunático sádico ascender

Ao panteão da nobreza execrável,

Que formula doutrina formidável

Nos cavoucos das ideias fatais

Portadoras de mensagens mortais

Ao longo dos séculos fez história

Das ferezas gravadas na memória

Os débitos das praticas letais.  

 

Como a traça cuida, a curta vida,

Em sua casca pênsil a parede,

Assim, a escol na paz de sua rede

Maquina ardis da forma mais fingida!

Sob o dossel de tão leve guarida

Finge-se decente aos olhos da rua,

Cobiça velada, honradez nua,

Valores escusos por excelência

Zelados no horto da consciência

Da prole que o hábito perpetua.    

 

MÁRIO BENTO DE MORAIS.

 

sábado, 11 de setembro de 2021

QUANDO HÁ PAZ E SONHOS

 

Como posso aceitar, compreender...

Ou me sentir sóbrio ante a insânia

Do lólio intruso que traz vesânia

À seara humana sem me arder?

Em pânico tento, zelo entender...

Essa fome de se impor sobre a mente

Da nação que confere a essa gente

Poderes sobre si ao pungir desgraça,

Que abusa d’alma, a honra esgarça

Tornando fatal o povo indigente!

 

O tirano não se atém a limite...

O extrapola por sua índole má,

Não transige e nem um pouco se dá

Ao prazer e... Nem amar se permite!

Quando instigado à verdade se omite,

Com desprezo a vida reza ao inferno,

Celerado, mas mostra-se galerno

Fingindo regalo junto aos vesanos,

Que se entregam aos dizeres profanos

Sob o fulcro do sagrado moderno.

 

Não há poder sem a vossa vontade...

Nem força sobre vós sem permitirdes,

Pois tudo que vós, contra vós urdirdes

Para vós pode vir em tempestade...!

Mas se acatardes vossa potestade...

Para unir-vos em vós outros, inconhos,

Tereis maravilhas de céus risonhos

Brilhando-os acima das conivências,

Que atormentam as boas consciências

Plenas de graça, de paz e de sonhos.

 

 

MARIO BENTO DE MORAIS.

 

 

 

 

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

ESTURDIA

Tornou-se fértil a estúrdia de alguns brasileiros que se revelaram para a universal palurdice – estremes da razão singular e paladinos da moral e senhores intocáveis da lei e da ordem, que sonham, entendem ou desejam ser o País uma extensão do seu próprio quintal e, agem como se assim o fosse ultrapassando os limites ingênitos aos demais cidadãos. Talvez este fosse o momento oportuno para usarmos a declaração de Ulisses, segundo Homero: “não é bom ter vários senhores”, porém, sem acrescentar nada mais. Só esta frase basta! Isto porque a história nos remete a alguns embustes que teimam em se repetir sem pedir licença por estroinice fecunda de lerdos cáusticos, que sem discurso humanamente consciente, envilecem a nobreza livre da realidade do povo, que vivendo a orfandade da verdade solida se empanturram das lérias do atraso.

AS FARSAS DA HISTÓRIA 

Foram lorotas, mentiras promovidas a verdades, por gente submissa, geralmente falaz, que vive a esmolar obséquios, sobejos das benesses alheia e profunda reverência a sujeição democrática necessária. Gente disposta a atirar no fosso das imundícies coletivas a própria liberdade e dela se despir para nutrir as loucuras de um esperto, que se julga escolhido a bálsamo intenso às agruras intrínsecas do povo. De modo que se pode concluir com acerto, que o aço da porca é o mesmo do parafuso!

NO BRASIL 

No Brasil, século XX, as mentiras sobre a paternidade das Leis trabalhistas caíram no domínio popular como obra de Getúlio Vargas. Segundo Hugo Baldessarini no Livro Crônica de Uma Época, pag. 8, isto não corresponde à verdade. Os motivos.

“Evaristo de Morais foi o primeiro a publicar um livro sobre a matéria, denominado Direito Operário, editado em 1908, que defendia o direito de greve e outras reivindicações dos trabalhadores”.

“Em 1923, se iniciou a Previdência Social, com a criação, por iniciativa da Câmara, de uma caixa de aposentadoria e pensões para os ferroviários. Nesse mesmo ano criou-se o Conselho Nacional do Trabalho e, em 1926, mais dois órgãos de previdência apareceram: o dos marítimos e o dos portuários”.

“A Primeira lei sobre acidente de trabalha já fora aprovada, anteriormente, pelo congresso e sancionada pelo Presidente Delfim Moreira, em 1919, quando Vargas nem deputado era”.

“O direito a férias foi assegurado , em 1925, pela lei nº 4932, não tendo Vargas, então deputado, tomado parte nos debates”.

“E o aviso prévio já era matéria prevista no Código Civil, desde janeiro de 1916”.

NA ANTIGUIDADE 

Salmoneu, rei da Élida, segundo a mitologia grega, por querer usurpar as façanhas de Zeus, imitando os seus raios, planeou que seus vassalos  lhe conferissem primor supremo com honras e sacrifícios; Zeus não gostou do audácia e com um raio o fulminou para o mármore do inferno.  Segundo, Virgílio, Eneide, VI, 585-594.

“Sofrendo tormentos cruéis, por querer imitar

Os estrondos do Olímpio e os raios de Júpiter.

Puxando por quatro cavalos e agitando uma tocha,

Atravessava os povos da Grécia e a cidade no centro da Élida,

Triunfante e pedindo para si as honras divinas.

Pobre louco simulava os trovões e o raio inimitáveis

Com a trompa de bronze e o tropel dos cascos dos cavalos.

Mas Júpiter lançou seu raio entre as nuvens densas,

Não tochas nem chamas fumegantes de um tição,

E o precipitou de cabeça no abismo profundo”.

Os reis do antigo Egito, segundo a história, ao se exibirem em público, tinham lá também suas solércias ao se mostrarem com gato, ramos ou com fogo sobre a cabeça, para de esse modo impressionar os súditos, camuflando a real intenção simulando-se esplêndidos. Essas intrujices desses reis rendiam-lhes venerações, respeito idolátrico e obediências dos seus feudatários.

 

MÁRIO BENTO DE MORAIS