quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA XI

RESULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1968
MUNCIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: PREFEITO

A quarta eleição realizada para prefeito no município de São Mamede – PB, teve apenas uma candidatura, a do Sr. Agenor Rique Ferreira – Tenente Agenor – pelo partido da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o seu vice prefeito, conforme acordo firmado na época, pelo então Governador João Agripino Filho, que veio especialmente a São Mamede, para pacificar o partido, foi o Sr. Nilson Oliveira de Araújo, que deixou o Partido Social Democrático (PSD) e se filiou a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Eis os resultados: Agenor Rique Ferreira obteve 1.612 votos ou 100% dos votos válidos. Total Apurado 1.612 votos; eleitorado 3.128 votos; abstenção 1.516 ou 48,47%.
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1972
MUNCIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: PREFEITO
A quinta eleição realizada para prefeito no município de São Mamede – PB, teve apenas uma candidatura, a do Sr. Nilson Oliveira de Araújo, pelo partido da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o seu vice prefeito Foi o Sr. José Francisco de Araújo – Zé Pergentino – ex Partido Social Democrático (PSD). Eis os resultados: Nilson Oliveira de Araújo obteve 2.149 votos ou 100% dos votos válidos; votos nulos 41; votos brancos 629. Total apurado 2.819 votos; eleitorado 3.409 votos; abstenção 590 votos ou 17,31%.
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1976
MUNCIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: PREFEITO
A sexta eleição realizada para prefeito no município de São Mamede – PB, teve três candidaturas: Otacílio Bento de Morais e Alonso Alves da Silva, a prefeito e vice prefeito respectivamente, pela ARENA1 (Aliança Renovadora Nacional), Antonio Alberto de Araújo e Luiz Leônidas de Medeiros, a prefeito e vice prefeito respectivamente, pela ARENA2 (Aliança Renovadora Nacional); José pequeno de Oliveira – Dé Pinicaca – e Juvenal Souza de Araújo, a prefeito e vice prefeito respectivamente, pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Eis os resultados: Otacílio Bento de Morais ARENA1, 1.516 votos ou 44,42% dos votos válidos; José Pequeno de Oliveira – Dé Pinicaca – MDB, 1.336 votos ou 39,14% dos votos válidos; Antonio Alberto de Araújo, ARENA2, 561 votos ou 16,44% dos votos válidos; votos brancos 20; votos nulos 27; total apurado 3.460 votos; eleitorado 4.045 votos; abstenção 585 ou 14,46%.
Fonte T.R.E - Paraíba

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA X

Em 03/10/1955, realizaram-se eleições para prefeito, vice prefeito e vereadores em todos os municipios já emancipados no estado da Paraíba; além das registradas em todas as zonas na época (1ª à 53ª), realizaram-se também, votações nos municípios de São Mamade e Serra Redonda.
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1955
MUNCIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: PREFEITO
Os candidatos da primeira eleição realizada para prefeito no município de São Mamede – PB foram: Inácio Bento de Morais, pela União Democrática Nacional (UDN), e Manuel Miguel de Araújo – Malaquias – do Partido Social Democrático (PSD). Eis os resultados: Inácio Bento de Morais (UDN), foi eleito com 1.100 votos ou 54,13% dos votos válidos; Manuel Miguel de Araújo – Malaquias – (PSD), obteve apenas 932 votos ou 45,87% dos votos válidos. Total apurado 2.032 votos; eleitorado 6.063 votos; abstenção 4.031 votos ou 66,49%.
RESULTADOS DAS ELEIÇOES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1955
MUNICÍPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: VICE PREFEITO
Os candidatos da primeira eleição realizada para Vice Prefeito no município de São Mamede - PB, foram: Afonso Augusto de Araújo, (não tivemos acesso a sigla do partido) e Manuel Paulino de Medeiros, (não tivemos acesso a sigla do partido). Eis os resultados: Afonso Augusto de Araújo, foi eleito com 1.048 votos ou 52,96% dos votos válidos; Manuel Paulino de Medeiros, obteve apenas 931 votos ou 47,04% dos votos válidos. Total apurado 1.979 votos; eleitorado 6.063 votos; abstenção 4.048 votos ou 67,36%.
Em 02/08/1959, realizaram-se eleições para prfeito, vice prefeito e vereadores em todo o estado da Paraíba.
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1959
MUNCIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: PREFEITO
Os candidatos da segunda eleição realizada para prefeito no município de São Mamede – PB foram: Manuel Miguel de Araújo – Malaquias – pelo Partido Social Democrático (PSD) e Jovino Machado da Nóbrega pela União Democrática Nacional (UDN). Eis os resultados: Manuel Miguel de Araújo – Malaquias – (PSD), foi eleito com 924 votos ou 52.26% dos votos válidos; e Jovino Machado da Nóbrega (UDN), obteve apenas 844 votos ou 47,74% dos votos válidos. Total Apurado 1.768 votos.
RSULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1959
MUNICIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: VICE PREFEITO
Os candidatos da segunda eleição realizada para vice prefeito no municipio de São Mamede - PB, foram: Solon da Silva Machado, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e Misael Augusto de Oliveira, pela União Democrática Nacional (UDN). Eis os resultados: Solon da Silva Machado (PTB), foi eleito com 905 votos ou seja 52,77% dos votos válidos; Misael Augusto de Oliveira (UDN), obteve apenas 810 votos ou seja 47,23% dos votos válidos. Total apurado 1.715 votos.
Em 11/08/1963, realizaram-se eleições para prefeito, vice prefeito e vereadores em 75 municipios do estado da Paraíba.
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA PARAÍBA EM 1963
MUNCIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: PREFEITO
Os candidatos da terceira eleição realizada para prefeito no município de São Mamede – PB foram: Antonio Bento de Morais, pela União Democrática Nacional (UDN) e Nilson Oliveira de Araújo pelo Partido Social Democrático (PSD). Eis os resultados: Antonio Bento de Morais (UDN), foi eleito com 1.092 votos ou 51% dos votos válidos; Nilson Oliveira de Araújo (PSD), obteve apenas 1.049 votos ou 49% dos votos válidos; votos nulos 0; votos brancos 0. Total apurado 2.141 votos; eleitorado 2.679 votos; abstenção 538 votos ou 20.08%.
RESULTADOS DA TERCEIRA ELEIÇÃO PARA VICE PREFEITO NA PARAÍBA EM 1963
NUNICIPIO DE SÃO MAMEDE
CARGO: VICE PREFEITO
Os candidatos da terceira eleição realizada para vice prefeito no municipio de São Mamede - PB, foram: Agenor Rique Ferreira, pela União Democrátiva Nacional (UDN) e Solon da Silva Machado, pelo Partido Social Democrático (PSD). Eis os resultados: Agenor Rique Ferreira (UDN), foi eleito com 1.131 votos ou seja 54,04% dos votos válidos; Solon da Silva machado (PSD), obteve apenas 962 votos ou seja 45,96% dos votos válidos; votos nulos 0; votos bracos 0. Total apurado 2.093; eleitorado 2.679; abstenção 586 votos ou 21,87%.
fonte T.R.E - Paraiba.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A GRANDEZA DO GESTO

Era o dia 1º de janeiro de 1989. As ruas de São Mamede estavam tomadas por pessoas de todas as idades. Prenunciava-se uma grande festa para a posse do prefeito eleito, o Sr. Francisco das Chagas Lopes de Souza, do Partido da Frente Liberal (PFL). Tudo deveria estar dentro do script, sem falhas, afinal eram seis longos anos sem “poder” para os partidários do esquema político que dominava a política local.
Esse jejum de poder ocorreu, devido uma ruptura causada por brigas internas entre os lideres Otacílio Bento de Morais, prefeito em exercício, em 1982, que queria eleger seu sucessor para a gestão seguinte – o amigo Severino Delfino Gambarra (Biu Delfino) – e Nilson Oliveira de Araujo – ex-prefeito e candidato do então deputado Inácio Bento de Morais (irmão do prefeito), e de seus filhos Dr. José Joácio de Araújo Morais, médico de grande influência no município e Dr. Efraim de Araújo Morais, engenheiro, e futuro herdeiro político da família Morais.
As tentativas de acordo para uma única candidatura não tiveram êxito, os dois lados estavam irredutíveis; e como não houve o tal “acordo” ambos saíram candidatos, por uma mesma legenda, isto porque a legislação eleitoral da época permitia PDS1 (um) e PDS2 (dois), ou seja, tanto Nilson Oliveira PDS1, como Severino Delfino PDS2, podiam e foram candidatos ao pleito pelo Partido Democrático Social (PDS).
Porém, enquanto as duas facções se digladiavam em acusações mutuas, o candidato a prefeito pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), José Pequeno de Oliveira (Dé Pinicaca), somavam adesões á sua causa política de famílias importantes. Foram várias que insatisfeitas com as atitudes dos seus lideres políticos anunciavam apoio ao candidato do PMDB. Creio que foi a primeira e a única vez em que essas famílias estiveram fora da orientação política da família Morais – creio também, que a rebeldia das famílias valeu como um grande aprendizado para esses políticos.
As Candidaturas de Nilson Oliveira e de Severino Delfino, foram derrotadas. Vejam os dados: Dé Pinicaca do PMDB, 1.868 votos, Nilson Oliveira PDS1, 1.199 votos, Severino Delfino do PDS2, 594 votos, brancos 91 votos, nulos 91 votos, total apurado 3.843, abstenção 759, eleitorado 4.602 eleitores. A soma dos votos captados pelas duas candidaturas do PDS1 e PDS2, não foi suficiente para superar os votos recebidos pelo pmdbista, que venceu o pleito com 75 (setenta e cinco) votos de maioria. Há de se valorizar muito essa vitoria, pois se a soma dos votos recebidos pelas candidaturas de Nilson Oliveira e de Severino Delfino, fosse maior do que a de Dé Pinicaca, um deles dois seria o eleito, claro o que tivesse mais voto.
A vitória de Dé Pinicaca sobre seus oponentes, causou um enorme frisson nas camadas mais pobres de São Mamede. Percebia-se um denso regozijo entre as pessoas, principalmente dos seus partidários que já haviam amargado uma derrota em 1976, para Otacílio Bento de Morais, aliando-se a isso, ainda, soma-se um profundo sentimento de mudanças estruturais, e nas ações políticas/administrativas, que havia na população.
Passada a tempestade vitoriosa, eis a transição que não houve, isso por que, não existia essa cultura nos pequenos municípios, imaginem então, em São Mamede, onde é muito acentuada e “salutar” para políticos, a política partidária. As chaves da prefeitura foram passadas para o prefeito eleito no dia da posse pela manhã, em 1º de janeiro de 1983, por um funcionário público municipal e não pelo prefeito que deixava o cargo.
Ao contrário do que ocorreu em 1983; em 1989, deu-se o GRANDE GESTO. Era o dia 1º de janeiro, muita gente nas ruas para assistir a posse do prefeito eleito. Em frente à prefeitura na Rua Janúncio Nóbrega, pessoas se acotovelavam para se aproximar do hall de entrada da prefeitura. Ali puseram um púlpito para os “responsáveis” pela vitoria discursarem para os seus partidários e curiosos. Era por volta das 10h, quando os primeiros oradores começaram a ... Digamos a falar. De repente surge Dé Pinicaca pedindo passagem entre as pessoas. Aproxima-se do hall de entrada, sobe os degraus de acesso a plataforma que serve de palanque e atingindo o plano dos tribunos se dirige ao prefeito eleito e passam às suas mãos as chaves da prefeitura de São Mamede, desejando-lhe boa sorte. Em seguida ergue as mãos e diz: Tchau para todos, e voltou pelo mesmo caminho que antes havia passado, e como antes cumprimentou as pessoas que sempre cumprimentara. Assim, se deu o GRANDE GESTO.
Lembrando que Dé Pinicaca, foi o segundo prefeito a governar o município de São Mamede por 6 anos, de 1983 a 1988. O primeiro foi Otacílio Bento de Morais, que governou de 1977 a 1982. (Fonte T.R.E – PB).

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Synara

Parabéns

Donaires de diva revelam o esplendor
Da linda jovem na memória dos anos,
Sonhos liriais, milhões de planos
Na busca eterna do verdadeiro amor!

Exala dessa tua idade uma fragrância
De sândalo da mais sublime pureza
Que ungira na velha Índia a realeza,
Com a essência da nobre substância.

Olhos de jade que refletem a candura
De Vênus em arte, exposta a veneração
Como na velha Itália – valoroso varão
Contemplava tolo, ardente formosura.

De Martha Washington, lídimos traços,
Infiro-te lembranças de igual beleza;
E que o tempo – fera de indelicadeza
Não estenda sobre ti infames laços.

Zelas-te a ti mesmo as cruéis emoções,
E homens de palavras consoladoras,
Macias, ternas, solícitas, inspiradoras,
Mas que morrem, saciadas as paixões.

A juventude é um novo e doce vinho
Que envelhece fidalgo se conservado;
O vento sopra e depois fica acalmado,
Assim a idade rica vive o seu caminho.

Parabéns Synara, a memória dos anos
Viverá cândida em nossa lembrança:
A jovem linda, a insondável criança,
Que Deus a criou entre os humanos.

João Pessoa-PB, 30 de outubro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DESEJO

Eu quero o teu amor feito loucura
Nem que para isto me exponha tanto:
Sorrir em tua boca, chorar o teu pranto.
Eis meu desejo em sua ânsia mais pura.

Eu quero o teu amor como algo que cura
A dor de quem chora sem acalanto,
Viver na alma todo seu encanto
E viver nesse encanto eterna ventura.

Eu quero o teu amor que o meu viver encerra
Nem que ele seja uma emoção perdida,
Mas que, enquanto amo a emoção seja bela.

Eu quero o teu amor como à vida
Que anda nos lábios da agreste donzela
E que o seu extremo seja: o céu, a terra.

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA IX

A HISTÓRIA DE SÃO MAMEDE COMEÇA NO SÉCULO XVIII

1702, data em que já despertava o século das luzes, a Europa fervilhava, a América se inquietava antecedendo a Revolução Francesa. O mundo se maravilhava com os grandes inventos, as novas descobertas das ciências nos diversos ramos do conhecimento geravam perplexidade, a teoria gravitacional universal de Isaac Newton, o espírito do relativismo cultural incitado pela sondagem do mundo não conhecido serviram de meios para explodir o iluminismo: uns diziam que era o fim do mundo; outros mais afeitos as novidades sentenciavam: é o começo. Destacavam-se entre os principais precursores do novo pensamento – século XVIII – os racionalistas, Baruch Spinoza e René Descartes, os filósofos políticos Thomas Hobbes e John Locke; a razão humana, na época, surgira como pilastra importante, afirmando que por meio do uso sensato da razão, é possivelmente viável um grande desenvolvimento que alcance, por assim dizer, as extremidades. Assim, muito mais do que um conjunto de ideias estabelecidas, o iluminismo representava uma atitude, uma maneira de pensar. Immanuel Kant, declarava: o lema deveria ser “atrever-se a conhecer”. Dai surge o desejo de reexaminar e pôr em questão as ideias e os valores recebidos, com enfoques bem diferentes; dai as incoerências e as contradições entre os textos de seu pensadores. A doutrina conduzida pela Igreja foi veementemente atacada, embora a maioria dos pensadores não a renunciasse totalmente. A França teve acentuado desenvolvimento em tais ideias e, entre seus pensadores mais importantes, destacaram-se Voltares, Charles de Montesquieu, Denis Diderot e Jean-Jacques Rousseau. Outros expoentes do movimento foram: Kant, na Alemanha, David Hume, na Escócia, Cesare Beccaria, na Itália, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, nas colônias britânicas. A experiência científica e os escritos filosóficos entraram em moda nos círculos aristocráticos, surgindo, assim, o chamado despotismo ilustrado. Entre seus representantes mais célebres encontram-se os reis Frederico II da Prússia, Catarina II, a Grande, da Rússia, José II da Áustria e Carlos II da Espanha. O Século das Luzes, ou Iluminismo, terminou com a Revolução Francesa de 1789, que incorporou inúmeras ideais iluministas em suas fases mais violentas, desacreditando-as aos olhos da míopes dos europeus contemporâneos. O Iluminismo marcou um momento decisivo para o declínio da igreja e o crescimento do secularismo atual, assim como serviu de modelo para o liberalismo político e econômico e para a reforma humanista do mundo ocidental no século XIX Dentro desse panorama de efervescência Iluminista, do século XVIII; o Brasil lutava com todas as forças para chegar aos mais longínquos recantos do seu território. Alguns estados ainda engatinhavam em sua organização, o interior desses estados, habitado por indígenas, ainda estava intacto, sem a mão do homem civilizado. Na Paraíba, o homem civilizado já havia chegado a algumas regiões, montando fazendas de gados e fundando vilas. Em 1701, foi outorgada uma sesmaria em terras do atual município de Santa Luzia, lugar ainda devoluto na época, onde habitavam índios arredios e selvagens, ao Sargento-mor brasileiro entre os séculos XVII e XVIII, Matias Vidal de Negreiros – filho de André Vidal de Negreiros. Em 1702, Matias Vidal de Negreiros, os alferes Marcos Rodrigues Cabral e Manuel Monteiro chegaram aonde hoje se situa o município de São Mamede, ai começava a história do vale do Sabugy.
PERÍODO SEM REGISTRO HISTÓRICO – 1702 a 1762 Não conhecemos até o momento nenhum registro histórico entre 1702 a 1762. Suponhamos que nesses obscuros sessenta anos, alguém tenha se instalado na região onde é hoje o município de São Mamede, para explorar as terras com a criação de gado e agricultura de subsistência. Temos uma prova importante de que Manoel Tavares Bahia, antes de receber do governo de Francisco Xavier de Miranda Henriques, a concessão da carta de data e sesmaria das terras do sitio chamado São Mamede, em 1762, alegado por ele havido por compra, mas não cita o nome do vendedor; já estava na região como sesmeiro não legalizado, vejam
SEMARIA Nº 453 EM 19 DE SETEMBRO DE 1757 O alferes Antônio dos Santos de Vasconcelos, morador no sertão das Espinharas desta Capitania, que na ribeira do Sabugy tinha descoberto terras devolutas, que nunca tinhão sido povoadas entre a dita ribeira de Espinharas e Sabugy em um Riacho chamado do Meio, que nascia da Serra das Preacas e fazia barra no Rio Sabugy na estrada velha que das Espinharas pra o dito Sabugy e atravessa a estrada o dito Riacho do Meio, que pela do sul contesta com terras do Capitão Antônio Dias Antunes e pelo norte com terras do Capitão Manoel Tavares Bahia e pelo poente com as do defunto Antônio de Souza Marques ou seos herdeiros e pelo nascente com terras do mesmo Manoel Tavares Bahia; e porque elle supplicante carecia de terras para povoação de seos gados, pretendia três legoas de terras de comprido e uma de largo por data de sesmaria no logar confrontado, fazendo peão na mesma travessa no riacho momeado, com duas legoas para cima e uma para baixo e meia para cada banda ou como melhor conviniência lhe fizesse. Fez-se a concessão requerida, no governo de José Henrique de Carvalho.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA VIII

OS PRIMEIROS CAPITAÕES-MORES

JOÃO TAVARES
João Tavares foi o primeiro capitão-mor, a governar a Capitania da Paraíba, sua adminstração se deu a partir de 1585 a 1588. Encarregado pelo ouvidor-geral, Martim Leitão, João Tavares, buscou construir uma nova cidade. Para edificação dessa cidade, vieram 25 cavaleiros, além de pedreiros e carpinteiros, entre outros trabalhadores do gênero. Chegaram também jesuítas e outras pessoas para residir na cidade.
Foi fundado por João Tavares o primeiro engenho, o d'El-Rei, em Tibiri, e o forte de São Sebastião, construído por Martim Leitão para a proteção do engenho. Os jesuítas ficaram responsáveis pela catequização dos índios. Eles ainda fundaram um Centro de Catequese e em Passeio Geral edificaram a capela de São Gonçalo.
O governo de João Tavares foi demasiadamente auxiliado por Duarte Gomes da Silveira, natural de Olinda. Silveira foi um senhor de engenho e uma grande figura da Capitania da Paraíba durante mais de 50 anos. Rico, ajudou financeiramente na ascensão da cidade. Em sua residência atualmente se encontra o Colégio Nossa Senhora das Neves.
Apesar de ter se esforçado muito para o progresso da capitania, João Tavares foi posto para fora em 1588, devido à política do Rei.
Frutuoso Barbosa
Devido à grande insistência perante a corte e por defender alguns direitos, Frutuoso Barbosa foi, em 1588, nomeado o novo capitão-mor da capitania da Paraíba, auxiliado por D. Pedro Cueva, ao qual foi encarregado de controlar a parte militar da capitania
Neste mesmo período, chegaram alguns Frades Fransciscanos, que fundaram várias aldeias e por não serem tão rigorosos no ensino religioso como os Jesuítas, entraram em desentendimento com estes últimos. Esse desentendimento prejudicou o governo de Barbosa, pois aproveitando-se de alguns descuidos, os índios Potiguaras invadiram propriedades. Vieram em auxílio de Barbosa o capitão-mor de Itamaracá, com João Tavares, Piragibe e seus índios. No caminho, João Tavares faleceu de um mal súbito. Quando o restante do grupo chegou à Paraíba, desalojou e prendeu os Potiguaras.
Com o objetivo de evitar a entrada dos franceses, Barbosa ordenou a construção de uma fortaleza em Cabedelo. Piragibe iniciou a construção do forte com os Tabajaras, porém, devido a interferência dos Jesuítas, as obras foram concluídas pelos fransciscanos e seus homens.
Em homenagem a Felipe II, da Espanha, Barbosa mudou o nome da cidade de Nossa Senhora das Neves para Felipéia de Nossa Senhora das Neve, atual João Pessoa. Devido às infinitas lutas entre o capitão Pedro Cueva e os Potiguaras e os desentendimentos com os Jesuítas, houve a saída da Cueva e a decisão de Barbosa de encerrar o seu governo, em 1591.
André de Albuquerque Maranhão
André de Albuquerque governou apenas por um ano. Nele, expulsou os Potiguaras e realizou algumas fortificações. Entre elas, a construção do Forte de Inhobin para defender alguns engenhos próximos a este rio. Ainda nesse governo os Potiguaras incendiaram o Forte de Cabedelo. O governo de Albuquerque se finalizou em 1592.
Feliciano Coelho de Carvalho
Em seu governo realizou combates na Capaoba, houve paz com os índios, expandiu estradas e expulsou os fransciscanos. Terminou seu governo em 1600.
AS ORDENS RELIGIOSAS DA CAPITANIA DA PARAÍBA E SEUS MOSTEIROS
Os Jesuítas
Os jesuítas foram os primeiros missionários que chegaram à capitania da Paraíba, acompanhando todas as suas lutas de colonização. Ao mando de Frutuoso Barbosa, os jesuítas se puseram a construir um colégio na Felipéia. Porém, devido a desavenças com os fransciscanos, que não usavam métodos de educação tão rígidos como os jesuítas, a idéia foi interrompida. Aproveitando esses desentendimentos, o rei que andava descontente com os jesuítas pelo fato de estes não permitirem a escravização dos índios, culpou os jesuítas pela rivalidade com os fransciscanos e expulsou-os da capitania.
Cento e quinze anos depois, os jesuítas voltaram à Paraíba fundando um colégio onde ensinavam latim, filosofia e letras. Passado algum tempo, fundaram um Seminário junto à igreja de Nossa Senhora da Conceição. Atualmente essa área corresponde ao jardim Palácio do Governo.
Em 1728, os jesuítas foram novamente expulsos. Em 1773, o Ouvidor-Geral passou a residir no seminário onde moravam os jesuítas, com a permissão do Papa Clementino XIV.
Os Franciscanos
Atendendo a Frutuoso Barbosa, chegaram os padres franciscanos, com o objetivo de catequizar os índios. O Frei Antônio do Campo Maior chegou com o objetivo de fundar o primeiro convento da capitania. Seu trabalho se concentrou em várias aldeias, o que o tornou importante. No governo de Feliciano Coelho, começaram alguns desentendimentos, pois os franciscanos, assim como os jesuítas, não escravizavam os índios. Ocorreu que depois de alguns desentendimentos entre os franciscanos, Feliciano Coelho e o governador-geral, prevaleceu o bom senso, a concordia. Coelho e o governador-geral acabaram se acomodando junto aos frades.
A igreja e o convento dos franciscanos foram construídos em um sítio muito grande, onde atualmente se encontra a praça São Francisco.
Os Beneditinos
O superior geral dos beneditinos tinha interesse em fundar um convento na Capitania da Paraíba. O governador da capitania recebeu o abade e conversou com o mesmo sobre a tal fundação. Resolveu doar um sítio, que seria a ordem do superior geral dos beneditinos. A condição imposta pelo governador era que o convento fosse construído em até 2 anos. O mosteiro não foi construído em dois anos, mesmo assim, Feliciano manteve a doação do sítio.
A igreja de São Bento se encontra atualmente na Rua Nove, onde ainda há um cata-vento em lâmina, construído em 1753.
Os Missionários Carmelitas
Os carmelitas vieram à Paraíba a pedido do cardeal D. Henrique, em 1580. Mas devido a um incidente na chegada que colheu os missionários para diferentes direções, a vinda dos carmelitas demorou oito anos.
Os carmelitas chegaram à Paraíba quando o Brasil estava sob domínio espanhol. Os carmelitas chegaram, fundaram um convento e iniciaram trabalhos missionários. A história dos carmelitas aqui é incompleta, uma vez que vários documentos históricos foram perdidos nas invasões holandesas.
Frei Manuel de Santa Teresa restaurou o convento depois da Revolução Francesa, mas logo depois este foi demolido para servir de residência ao primeiro bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques. Pelos carmelitas foi fundada a Igreja do Carmo.

A ANEXAÇÃO POR PERNAMBUCO

As capitanias da Paraíba e do Ceará foram anexadas à Pernambuco em 1755. A capitania do Rio Grande do Norte já era subordinada a esta última, de modo que a preponderância econômica de Pernambuco em todo o Nordeste Oriental se fez naquele período igualmente política.
Em 1756, de acordo com os planos de reestruturação econômica do Império Português, realizado pelo Marquês de Pombal, foi cria de madeira de lei, foi despachada para Pernambuco e dali embarcada para reconstruir a Capital do Reino (Lisboa), destruída pelo terremoto de 1755. As madeiras eram ainda destinadas aos armazéns da Marinha Real onde foram empregadas na construção de navios de grande calado.
O relativo crescimento econômico da Capitania motivava as queixas tanto da Câmara da Capital, quanto do governador, que reivindicava a criação de um governo autônomo na Paraíba, desligando-o de Pernambuco. O então governador não aceitava ter sua autoridade a todo tempo contestada pelo Capitão-General de Pernambuco, que o impedia de castigar convenientemente seus inimigos; o pároco da matriz da capital, Antônio Soares Barbosa e Bento Bandeira de Melo, Escrivão da Fazenda Real e das demarcações de terras a quem acusava de continuadamente desrespeitá-lo nas cerimônias públicas. A maior queixa do governador da Paraíba era que para realizar qualquer ato administrativo ou de outra natureza, por mais nsignificante que fosse, tinha que se reportar ao General de Pernambuco.
Após a morte de Jerônimo José de Melo e Castro, Fernando Delgado Freire de Castilho, que conseguiria ser o primeiro governador da Capitania, em vias de ser outra vez independente, foi designado pelo Conselho Ultramarino para averiguar se ao cumprimento das ordens régias e à arrecadação das rendas reais era mais vantajoso manter a Capitania anexada a Pernambuco ou criar nela um governo próprio, ao que o governador respondeu com a elaboração de um circunstanciado relatório em que descreve a situação da Capitania e por fim dá um parecer favorável a desanexação.
O relatório de Fernando Delgado, foi enviado a Lisboa a nove de janeiro de 1799, tendo finalmente chegado a Carta Régia que separava a Capitania da Paraíba da de Pernambuco, em Recife, a 17 de janeiro do mesmo ano, o que demonstra a intenção de separar as duas capitanias, pois o relatório ainda não havia chegado a Lisboa quando a carta da desanexação chegou a Recife. Na referida carta, os motivos alegados para a desanexação foram o aumento da população, cultura e comércio da capitania e a distância e ignorância do General de Pernambuco sobre os assuntos internos da Paraíba. Sendo assim, o Príncipe Regente ordenou a desanexação e o estabelecimento do comércio direto entre a capitania e o reino, mas manteve sob o controle de Pernambuco a responsabilidade pela defesa externa e interna da capitania.
A POPULA ÇÃO INDÍGENA
Na Paraíba haviam duas raças de índios, os Tupis e os Cariris (também chamados de Tapuias). Os Tupis se dividiam em Tabajaras e Potiguaras, que eram inimigos entre si.
Na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente 5 mil pessoas. Eles eram pacíficos e ocupavam o litoral, onde fundaram as aldeias de Alhanda e Taquara. Já os Potiguaras eram mais numerosos que os Tabajaras e ocupavam uma pequena região entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba. Esses índios locomoviam-se constantemente, deixando aldeias para trás e formando outras. Com esta constante locomoção os índios ocuparam áreas antes desabitadas.
Os índios Cariris se encontravam em maior número que os Tupis e ocupavam uma área que se estendia desde o Planalto da Borborema até os limites do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Os Cariris eram índios que se diziam ter vindo de um "grande lago". Estudiosos acreditam que eles tenham vindo do Amazonas ou da Lagoa Maracaibo, na Venezuela.
Os Cariris velhos, que teriam sido civilizados antes dos Cariris novos, se dividiam em muitas tribos; sucuru, icós, ariús, pegas, e paiacú. Destas, os tapuias pegas ficaram conhecidos nas lutas contra os bandeirantes.
O nível de civilização do índio paraibano era considerável. Muitos sabiam ler e conheciam ofícios como a carpintaria. Esses índios tratavam bem os jesuítas e os missionários que lhes davam atenção.
A maioria dos índios estavam de passagem do período paleolítico para o neolítico. A língua falada por eles era o tupi-guarani, utilizada também pelos colonos na comunicação com os índios. O tupi-guarani mereceu até a criação de uma gramática, elaborada por Padre José de Anchieta.
Piragibe, que nos deu a paz na conquista da Paraíba; Tabira, que lutou contra os franceses; e Poti, que lutou contra os holandeses e foi herói na Batalha dos Guararapes, são exemplos de índios que se sobressaíram na Paraíba.
Ainda hoje, encontram-se tribos indígenas Potiguaras localizadas na Baía da Traição, mas em apenas uma aldeia, a São Francisco, onde não há miscigenados, pois a tribo não aceita a presença de caboclos, termo que eles utilizavam para com as pessoas que não pertencem a tribo.
Há um fato marcante sobre essa aldeia: o Cacique Djalma Domingos já foi prefeito do município de Baia da Traição, caracterizando um bom nivel de evolução e civilidade. Nessa aldeia, existem cerca de sete mil índios Potiguaras, que mantém relativamente as culturas antigas. Eles possuem cerca de 1 800 alunos de 7 a 14 anos em primeiro grau menor.
No Brasil, só existem três tribos Potiguaras, sendo que no Nordeste a única é a da Baía da Traição. Em 19 de Abril eles comemoraram seu dia fazendo pinturas no corpo e reunindo as aldeias locais na aldeia S. Chico e realizaram danças, como o Toré. A principal atividade econômica desses índios é a pesca e em menor escala, a agricultura.







terça-feira, 16 de novembro de 2010

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA VII

AS PRIMEIRAS VILAS DA PARAÍBA NA ÉPOCA COLONIAL

Com a colonização foram surgindo vilas na Paraíba. A seguir temos algumas informações sobre as primeiras vilas da Paraíba.
Areia
Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição pelo Alvará Régio de 18 de maio de 1815. Esta data é considerada também como a de sua elevação à vila. Sua emancipação política se deu em 18 de maio de 1846, pela lei de criação número 2. Hoje, Areia se destaca como uma das principais cidades do interior da Paraíba, principalmente devido seu passado historico.
OBS: A cidade de Areia também é conhecida por ter libertados os escravos antes da Lei Aurea (liberdade aos escravos).
Campina Grande
Sua colonização teve início em 1697. O capitão-mor Teodósio de Oliveira Lêdo instalou na região um povoado. Os indígenas Ariús formaram uma aldeia. Em volta dessa aldeia surgiu uma feira nas ruas por onde passavam camponeses. Percebe-se então que as características comerciais de Campina Grande nasceram desde sua origem. Campina foi elevada à freguesia em 1769, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Sua elevação à vila com o nome de Vila Nova da Rainha se deu em 20 de abril de 1790. Hoje, Campina Grande é a maior cidade do interior do Nordeste em diversos aspectos.
Pilar
O início de seu povoamento aconteceu no final do século XVI, quando fazendas de gado foram encontradas pelos holandeses. Hoje uma cidade sem muito destaque na Paraíba, foi elevada à vila em 5 de janeiro de 1765. Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim Nantes naquela região. Pilar foi elevada à município em 1985, quando o cultivo da cana-de-açúcar se tornou na principal atividade da região.

Pombal
No final do século XVII, Teodósio de Oliveira Lêdo realizou uma entrada através do rio Piranhas. Nesta venceu o confronto com os índios Pegas e fundou ali uma aldeia que inicialmente recebeu o nome do rio, "Piranhas". Devido ao sucesso da entrada não demorou muito até que passaram a chamar o local de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em homenagem a uma santa. Em 1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem à padroeira da cidade considerada uma relíquia histórica nos dias atuais. Sob força de uma Carta Régia datada de 22 de junho de 1766, o município passou a se chamar Pombal, em homenagem ao famoso Marquês de Pombal. Foi elevada à vila na terceira semana de maio de 1772, data hoje considerada como sendo também a da criação do município.
São Jo ão do Cariri
A região territorial de São João do Cariri já chegou a atingir mais de 1/3 do atual Estado da Paraíba, pois, além do sertão e do Cariri, pertencia-lhe Campina Grande e as suas atuais microrregiões do Agreste da Borborema.O território do município era habitado pela família nativa Cariri até meados do século XVII. Em 1669 com a doação de uma sesmaria por Alferes José Alves Martins, teve origem o sítio São João. Foi elevado a vila no ano de 1800. São João do Cariri hoje é um Município pequeno, porém o município tem uma bela cultura.
Sousa
Hoje a sexta cidade mais populosa do estado da Paraíba e dona de um dos mais importantes sítios arqueológicos do país, o "Vale dos Dinossauros", Sousa era um povoado conhecido por "Jardim do Rio do Peixe". A terra da região era bastante fértil, o que acelerou rapidamente o processo de povoamento e progresso do local. Em 1730, já viviam aproximadamente no vale 1.468 pessoas. Sousa foi elevada à vila com o nome atual em homenagem ao seu benfeitor, Bento Freire de Sousa, em 22 de julho de 1766. Sua emancipação política se deu em 10 de julho de 1854.

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA VI

Para finalizar as ações da conquista, o ouvidor-geral Martim Leitão, montou uma tropa extraoordinária, constituida por brancos, índios, escravos e até religiosos. Porém, quando aqui chegaram se depararam com índios que sem defesa, fogem, mas logo são apresionados. Ao saber que eram índios tabajaras, Leitão mandou soltá-los afirmando que a sua luta era contra os potiguaras (rivais dos tabajaras). Após o incidente, Leitão procura formar um pácto de convivência com os tabajaras, que de pronto rejeitam, temendo nova traição por parte do lider branco.
Passado um certo tempo, Leitão e sua tropa chegaram por fim aos fortes (São Tiago e São Felipe) em avançado estado de decadência e miséria devido as intrigas entre espanhóis e portugueses. Com isso, Martim Leitão nomeou o espanhol conhecido como Francisco de Castrejón para o cargo de Frutuoso Barbosa. A mudança acentuou profundamente a situação. Ao saber que Castrejón havia abandonado, destruido o Forte e jogado toda artilharia ao mar, Leitão o prendeu e o mandou de volta à Espanha.
Os tabajaras continuavam desconfiando das intensões dos portuqueses, os esforços empregados por Martim Leitão, para a conquistar o apoio dos amerindeos estavam se esvaindo e o temor era a união dos chefes indigenas (tabajaras e potiguaras), issoacontecendo, as dificuldades aumentavam, o conflito com os índios era eminente. Porém,de última hora,eis que surge o que ninguém esperava, os portugueses unem-se aos tabajaras, fazendo com que os potiguaras recuassem. Isso se deu no início de agosto de 1585. A conquista da Paraíba se deu no final através da união de um portugues experiente e um cacique querreiro chamado de Piragibe, palavra que significa “Braço de Peixe”.

A FUNDAÇÃO DA PARAÍBA

Martim Leitão trouxe pedreiros, carpinteiros, engenheiros e outros para edificar a Cidade de Nossa Senhora das Neves. Com o início das obras, Leitão foi a Baía da Traição expulsar o resto dos franceses que permaneciam na Paraíba. Leitão nomeou João Tavares para ser o capitão do Forte. Na Paraíba foi a terceira cidade a ser fundada no Brasil e a última do século XVI.

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA V

D. João III, rei de Portugal, pressionado pela repercussão da tragédia, desmembrou Itamaracá, originando à capitania do Rio Paraíba. A ordem para o feito foi recebida pelo governador-geral D. Luís de Brito, que determinava também, punição severa para os índios responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim, tiveram inicio as cinco expedições para a conquista da Paraíba. Para tanto, o rei D. Sebastião enviou o seu ouvidor-geral D. Ferão da Silva.
I Expedição (1574): O seu comandante foi o ouvidor-geral, D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, D. Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que recebesse resistencia, porém isso foi um artifício. A sua tropa foi supreendida por indigenas e teve que recuar para Pernambuco.
II Expedição (1575): Comandada pelo governador-geral, D. Luís de Brito, foi bastante prejudicada por ventos desfavoráves. Essa expedição sequer pisou às terras paraibanas. Ocorre que três anos depois outro govenador geral Lourenço Veiga, teima conquistar a capitania do Rio Paraíba, mas não consegue êxito.
III Expedição (1579): A capitania do Rio Paraiba, ainda se achava dominada de fato pelos franceses, quando o capitão Frutuoso Barbosa, obtem sua concessão por dez anos, desmembrada de Olinda. A ideia não foi das mais felizes, porque lhe impôs sérios prejuizos: quando de sua vinda à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta, obrigando a recuar até Portugal, ainda perdeu a esposa.
IV Espedição (1582): Dois anos depois do reves que sofrera com a expedição anterior, Frutuoso Barbosa, volta decidido a conquistar a Paraíba, porém cai na armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.
V Expedição (1584): Essa expedião foi decisiva para efetivar a conquista da Paraíba. Após a sua chegada à Paraíba, Frutuoso Barbosa capiturou cinco navios carregados com madeiras de traficantes franceses. Entusiasmado, solicitou mais tropas de Bahia e do Pernambuco para asseguar os interesses portugueses na região. No mesmo ano, a Bahia enviara reforço através de uma esquadra comandada por Diogo Flores Valdés, e do Pernambuco tropas sob o comando de D. Felipe de Moura, que finalmente conseguiram expulsar da Paraiba, os franceses e conquistar definitivamentea a Paraiba. Findo o feito da conquista, construiram os forte de São Tiago e São Felipe.

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA IV

TRACUNHAÉM
A TRAGÉDIA QUE DEU ORIGEM A CAPITANIA DO RIO PARAÍBA
NO ANO 1574
O cristão-novo Diogo Dias adquiriu terras próximas a Goiana, no vale do Rio Tracunhaém, para estabelecer um engenho.
Um aventureiro mameluco chegou à aldeia potiguara Cupaóba do chefe Iniguassu. Esta aldeia compreendia as terras hoje correspondentes aos municípios de Serra da Raiz, Duas Estradas, Lagoa de Dentro e Sertãozinho, no Brejo Paraibano. O mameluco foi recebido com hospitalidade, chegando a casar com uma de suas filhas, índia de grande beleza, Iratembé (Lábios de Mel). O casamento exigia que o mameluco permanecesse na aldeia. Numa ausência do cacique, o rapaz resolveu voltar ao seu lugar de origem, levando a índia.
A primeira providência de Iniguassu foi enviar dois de seus filhos a Olinda, em Pernambuco, para reclamar justiça. Por sorte, encontraram em visita a Pernambuco, o governador do Brasil, Antônio Salema, que ordenou a volta imediata da bela índia à casa do pai. Na volta tiveram que pernoitar no Engenho Tracunhaém, de Diogo Dias. Quando amanheceu o dia verificou-se o desaparecimento da índia, possivelmente escondida por Diogo Dias. Os seus irmãos reclamaram muito mas nada conseguiram e voltaram para casa sem a irmã.
Em pouco tempo, insuflados pelos franceses, os chefes potiguaras se reuniram para planejar a vingança. Movimentaram dois mil guerreiros da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Os índios cercaram o engenho fortificado e usaram de um ardil: apenas alguns índios se deixaram ver para fazer crer que era ação de um pequeno grupo. Quando os defensores do engenho saíram para contra-atacar, foram atacados por uma multidão de índios. Daí, segue-se a morte de todos os que moravam no engenho (proprietários, colonos e escravos), sobrevivendo da família, apenas dois que estavam ausentes. Outros engenhos de Itamaracá também foram atacados, resultando em 614 mortes.
Este episódio generalizou o medo nos colonizadores da região e fez com que o rei de Portugal extinguisse a capitania de Itamaracá e criasse a capitania da Paraíba, com limites desde a foz do rio Popoca até a Baía da Traição. Assim protegeria a índústria açucareira, expulsaria os franceses e expandiria o domínio para o norte da região Nordeste.












COMECANDO A ENTENDER A MINHA TERRA III

Antes do descobrimento do Brasil, os índios potiguaras (que quer dizer comedores de camarões) já habitavam todo litoral do atual território do estado da Paraiba. Altivos e destemidos, lutaram arduamente contra os caetés e os tapuias, no sertão; eram portadores de elementos culturais e de características físicas semelhantes aos demais aborígines que habitavam o litoral brasileiro, destacando-se pela sua coragem, bravura e determinação. Não eram traiçoeiros, enfrentavam o inimigo corpo a corpo, e tinham o hábito de esmagar a cabeça daqueles que matavam, só os devorando por vingança, através de rituais, respeitadas algumas formalidades exigidas para o caso. Eram retratários ás mudanças, sobrevivendo com seus caracteres culturais por maior espaço de tempo do que os Tabajara, também Tupi-Guarani, e habitantes da Paraíba, a partir de 1585. Daí sua falta de adaptação às imposições portuguesas tão contrarias aos seus princípios éticos e morais.
Atualmente, os pontiguaras habitam o norte do estado da Paraíba, junto aos limites dos municípios de Rio Tinto, Baía da Traição e Marcação (na Terra Indígena Potiguara, Terra Indígena Jacaré de São Domingos e Terra Indígena Potiguara de Monte-Mor) e no Ceará, nos municípios de Crateús (na Terra Indígena Monte Nebo); Monsenhor Tabosa e Tamboril (Terra Indígena Mundo Novo / Viração ou Serra das Matas). Falam o potiguara, um idioma da família tupi-guarani. Vários descendentes da tribo dos potiguares adotaram, ao serem submetidos ao batismo cristão, o sobrenome Camarão, sendo o mais famoso deles o combatente Felipe Camarão.
Depois do descobrimento, os portugueses relaxaram as suas demandas quanto a exploração economica no Brasil. Os interesses lusitanos estavam focados para o comercio de especiarias com a Índia, além do mais, não havia riqueza na costa brasileira que despertasse atenção quanto o ouro encontrado nas colonias espanholas, minério fabuloso que fizera da Espanha uma nação muito poderoso na época.
O desinteresse Português pelo Brasil, despertou a cobiça de piratas e traficantes estrangeiros que passaram a extrair o pau-brasil, madeira encontrada em abundncia no Brasil- colonia, com uma caracteristica bem peculiar, dela se extraia um piquimento de coloração avermelhada, usada para tingir tecidos na Europa. Eram em sua maioria franceses, esses invasores chegaram no Brasil e logo construiram uma grande amizades com os indios, facilitando entre eles uma relação comercial denominada de “escambo”, em troca os índios recebiam objetos sem valor, como espelhos, pentes, tesouras,etc....
Com o propósito de povoar a colonia, para evitar conflitos com invasores, Portugal resolve dividir-la em quinze capitanias, para doze agraciados donatários. Dentre elas, a capitania de Itamaracá se destaca pela sua extensão que partia do rio Santa Cruz e se estendia até a Baia da Traição. Em 1534, D. João III, doou a capitania ao português Pêro Lopes de Sousa, que não pôde assumir, vindo em seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a um desentendimento com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, sendo substituido por João Gonçalves, que cuidou de realizar algumas benfeitorias na capitania, tais como: a fundação da Vila da Conceição e a edificação e fumcionamento de alguns engenhos.
Após a morte do obreiro João Gonçalves, a capitania entrou em decadência, ficando exposta as ações de malfeitores e corçarios, que povoavam a região. Sem controle algum a capitania voltou a sofrer com o contrabando de madeira.

COMEÇANDO A ENTENDER A MINHA TERRA II

Final do século XV e COMEÇO DO SÉCULO XVI – O mundo começa a se alargar, surge o período das grandes descobertas marítimas. Portugal e Espanha despontam como lideres de uma grande maratona: procurar um novo caminho que chegasse as índias. Em 1492, Cristóvão Colombo, sob a bandeira da Espanha, descobre a América, ampliando as perspectivas para novas descobertas. Em 1494, portanto, dois anos após o feito de Colombo, Portugal e Espanha, assinaram um documento que ficou conhecido como o Tratado de Tordesilhas, com o intuito de evitar possíveis guerras no futuro pela posse das novas terras descobertas. De acordo com esse tratado, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária (200 milha a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste dessa linha. Em 9 de março de 1500, sai de Portugal uma esquadra com 13 caravelas e 1.000 homens abordo, comandada por Pedro Alvares Cabral, com uma dupla missão: estabelecer contato diplomático com a Índia, façanha antes alcançada por Vasco da Gama; e a outra, de cunho “secreto”; desviar-se algumas milhas da rota com o propósito de explorar as terras desconhecidas no lado português da linha divisória estabelecida pelo tratado. A frota seguiu a costa africana, na altura da Guiné, conforme as ordens recebidas, desvia-se da rota, para buscar “melhores condições de navegação”. O propósito deu certo, no dia 22 de abril, os exploradores avistaram um grande monte que denominaram de Monte Pascoal, logo aportaram numa baia mais ao norte, estava descoberta as novas terras. No dia 26 de abril, Frei Henrique Soares rezou uma missa de ação de graças, numa pequena ilha, chamada de coroa vermelha. Em seguida transferiram-se para o continente, onde por força do tratado, asseguraram a posse da terra com outra missa rezada com a presença dos nativos no dia 1º de maio. Concluída as formalidades legais da missão ali na nova terra, no dia seguinte, Cabral levanta a esquadra rumo a Índia; porém, antes de partir manda de volta uma caravela levando a notícia da descoberta a sua majestade, o rei de Portugal. Em forma de carta, da lavra de Pêro Vaz de Caminha. Cabral, não pôde medir a dimensão de sua descoberta ao desembarcar no continente, no entanto, ele julgou ter alcançado uma grande ilha que a denominou de Ilha de Vera Cruz. Dai em diante, outras expedições aqui estiveram para explorar as terras descobertas por Cabral, logo se certificaram que se tratava de um continente que denominaram Terra de Vera Cruz, em homenagem ao cruzeiro do sul, principal constelação vista desta área. Em 1511, depois da descoberta do pau-brasil, madeira muito útil que logo foi explorada pelos portugueses; a nova terra recebeu o nome de Brasil.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"UM RICO HOMEM DE SONHOS"

Vagava “um rico homem de sonhos” por “terras e reinos” distantes, “bosques e montanhas”, “mares e céus”. Por onde andara por todo esse tempo, “o rico homem de sonhos”, fazia uma pergunta que deixava intrigado o eu perguntado: como vives contigo e com os teus? - Respondeu um mancebo das terras: comigo nem bem nem mal; com os meus, a gente vive apenas.(sic) - O mandrião dos reinos, respondeu: eu não sei se vivo; com os meus, vegeto. - O néscio dos bosques, disse: comigo uma guerra diária sendo sempre eu o derrotado; com os meus, um fardo acima da minha capacidade de carga. (sic) - O eremita das montanhas, respondeu: comigo procuro-me entre os mortos; com os meus, deixo-os morrer. (sic) - O viandante dos mares, disse: comigo navego em mim para me descobrir; com os meus, os descubro tarde demais. (sic) - O transeunte dos céus, respondeu: comigo estive sempre além de mim e nas encostas do meu eu; com os meus, mato-os todos os dias sem compaixão. (sic) “O rico homem de sonhos” voltou a sua terra de berço. Erigiu um grande castelo, tão grande que tomou terras e reinos, bosque e montanhas, mares e céus e pôs dentro os mandriões, os néscios, os eremitas, os viandantes e os transeuntes. Enchendo-o de tal modo que não havia mais lugar para ninguém no castelo. Do meio do castelo cheio, o mandrião gritou para “o rico homem de sonhos”. O que vais fazer com a gente, “ò rico homem de sonhos”, vais nos matar?. O néscio também gritou e fez a mesma pergunta, o eremita, o viandante e o transeunte, sempre a mesma pergunta. “O rico homem de sonhos” respondeu-lhes: Os mortos vivem entre os mortos e não podem alcançar os vivos, de modo que entre os vivos vivem os vivos, e estes podem alcançar os mortos. Assim, quando compreenderes isto, compreenderas a ti mesmo e viveras em paz contigo. Então, cada ente deve viver primeiro consigo mesmo; porquanto elevar o convívio além da virtude do eu superior, a virtude torna-se inferior e o convívio um caos. E, se escutares o teu eu superior, fales ao teu corpo na mesma língua do teu eu superior, e este ser que habita o teu eu superior, viverá o convívio justo. Assim, não pode o eu criado à imagem e a semelhança de Deus ter defeitos; e se estes existem, foram adquiridos a partir da formação do eu inferior. Contudo, o eu inferior defeituoso viverá sem a virtude do eu superior, e isto também é o caos. Elogios adquiridos sempre elevam os ouvidos, e estes sedam a alma; mas o eu superior os repele, porque geralmente vêm do eu inferior, portanto, falso e sem virtude. Não te fadigues do mundo, pois se andares mais lento veras que outros mais ligeiros deveriam correr mais ligeiro ainda para te alcançar sem fadiga. Acalma-te verme! Não te esgotes do teu eu porque deves viver pra glorificar o Deus vivo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CHOVEU GRANIZO

Era um domingo de carnaval, o dia 21 de fevereiro de 1971, século passado. O sol acordara a Serra da Cozinha com sua primeira iluminação, beijando-lhe a face. Só depois, e aos poucos, o majestoso dos astros abraça a linda senhorita do sabugy, de naturais soberbos encantos, dourando-lhe as sensuais curvas da amada de “Dé Pinicaca”, São Mamede.
Os festejos momescos daquele ano prometiam. As charangas – pequenos grupos de jovens que saiam as ruas com instrumentos de percussões – entravam nos principais bares pra fazer a festa – Era assim, o nosso bom e velho carnaval. “Ah, eu lá”!
Nos anos sessenta, havia blocos carnavalescos de rua e bailes a fantasia à noite para os adultos, durante o dia matinê para as crianças. Tempos bons àqueles, não?
Os tempos hoje são outros: trio elétrico, axé, pagode, funk, samba e outros sons dos carnavais fora de época, à nova invenção que empolga a “nova” geração. Já os antigos bailes deixaram de existir, os blocos carnavalescos, para muitos, perderam o sentido, matinê pra criança nem pensar. E as músicas? Ah..., as musicas eram as machinhas de memória insondável, os sambas dos grandes mestres, os frevos do glorioso Capiba, lembra de vassourinha? Linda, não?
Desculpem-me, mas não estou sob o domínio da nostalgia, não prefiro uma época à outra, apenas recordo um tempo que se eternizou nos séculos, e se perpetuou na memória dos que tiveram o privilégio de vivê-lo.
E foi assim. Era assim. Sempre foram assim os carnavais. Marcam a gente e depois... Ah! Depois um cronista resolve dizer o que aconteceu, como agora.
Mas naquele ano de 1971, não foi o carnaval que roubou a cena e marcou o dia 21 de fevereiro; foi à chuva! No sertão, a precipitação pluviométrica ocorre, geralmente de dezembro a abril, e a intensidade varia muito de ano para ano.
Então, estávamos brincando no bar de “CAJACA”, ali onde hoje funciona a padaria de Paulo, o ambiente estava lotado, havia muita gente de Patos, brincando nesse dia. Era por volta das duas da tarde, quando começou cair uma chuva calma e aos poucos foi ganhando intensidade. Os foliões deixavam o bar e iam tomar banho na “bica” que ficava de frente – entre a barbearia de Manoel de “Nitin” e o bar de Antonio Torres.
De repente começa a cair um forte temporal e dura entre quinze e vinte minutos. As pedras de gelo que caiam, tinham o tamanho de um caroço de fava branca; saltitantes provocavam um belo espetáculo no calçamento.
Outras pedras maiores caíram sobre os telhados de algumas casas, causando pequenos prejuízos materiais, mas nada de muito grave. O que de mais lindo ficou mesmo: foi um estupendo tapete branco sobre a Rua João Pessoa.
Quando a chuva parou saímos para vê; digo saímos para vê, porque eu tinha na época 14 anos de idade e estava no bar nesse dia. Juntávamos as pedras com as mãos, levávamos a boca, era uma festa a parte. Foi à única vez em minha vida que eu vi uma chuva de granizo, e isso já faz 39 anos.
Assim, choveu granizo no dia 21 de fevereiro de 1971, num domingo de carnaval, em São Mamede.




quarta-feira, 27 de outubro de 2010

OS TRÊS CHAMADOS DE JESUS

Eu era ainda um menino quando O vi pela primeira vez; isto se deu numa manhã linda do outono. Ele estava sozinho e feliz.
Ele passou bem ai nessa estrada cantarolando algo que eu não entendi. Somente os pássaros do céu O acompanhavam e O festejavam numa imensa algazarra; e Ele se divertia com os pássaros.
Ele nem percebeu que eu estava à margem da estrada; mas eu O vi passar e não O acompanhei. Adiante Ele se deteve, esperou um pouco, e depois seguiu a sua estrada.
Mais adiante, deteve-se novamente, voltou a sua face para mim e sorriu; e o seu sorriso tinha todos os astros do céu.
Eu já era um rapaz quando O vi pela segunda vez; isto se deu ao meio dia do início do inverno. Ele não estava sozinho, três outros homens O seguiam.
Eles passaram bem ai nessa estrada estavam tristes e preocupados; e falavam em silêncio algo que eu não entendi. Nesse dia os pássaros do céu não os acompanhavam e nem os festejavam, era só silencio, um silêncio ensurdecedor!
Eles nem perceberam que eu estava à margem da estrada; mas eu os vi passar e não os acompanhei. Adiante Eles se detiveram, esperaram um pouco, e depois seguiram a estrada.
Mais adiante, detiveram-se outra vez, acenaram para mim e gritaram aos meus ouvidos. Eu não escutei os seus gritos porque gritavam todos os gritos do mundo! E, os gritos do mundo não me dizem nada.
Eu era um ancião quando O vi pela terceira vez; isto se deu numa tarde da primavera.Uma multidão o acompanhava.
A multidão e Ele passaram bem ai nessa estrada. Ele parecia único, solitário! Olhava para todos e seu olhar expressava pena e compaixão. Ele era vinho novo em velhos barris!
Eles nem perceberam que eu estava à margem da estrada; mas eu os vi passar e não os acompanhei. Adiante Ele se deteve, a multidão também, esperou um pouco, contemplou os céus e chorou as lágrimas do mundo, depois seguiu a estrada.
Mas adiante, deteve-se outra vez, a multidão também; e, Ele estava sozinho no meio dela exausto e esgotado. Depois seguiu a estrada e nunca mais eu o vi. Ontem eu soube que o mataram pregado numa cruz porque tomou os pecados do mundo. Isso aconteceu faz muito tempo.
Eu continuei um velho barril e Jesus um novo e bom vinho!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

EU VI SÃO MAMEDE CHORANDO

Um povo que assassina um passado de glória para viver um presente de submissão, certamente morrerá na eternidade.

 

 Capítulo I


 São Mamede e seu povo.


Oh! Musa filha dos deuses 

Vens tocar meu pensamento, 

Acendes o fogo das rimas 

E despertas o meu talento, 

Para eu narrar nestes versos 

De um povo o sofrimento. 


Vivia esse povo feliz 

Na terra onde nasceu 

Pobre, porém conformado... 

Com o pouco que Deus lhe deu 

Livre como o passarinho 

Que tem por limite o céu.


 A paz reinava entre os lares; 

A honra tinha endereço; 

A jovem flor estimada, 

A mulher digna de apreço, 

O homem rei coroado, 

O menino príncipe de berço. 


 A velhice era divina 

Símbolo de veneração 

Conselheira da juventude 

Guia da educação 

Professora do bom senso 

E mestra da tradição.


 A alegria dominava

Desse povo o coração! 

Tudo era festejado 

Na mais completa união 

Até a paz tinha inveja 

Dessa Santa comunhão. 


Inimigo não havia 

Questão não tinha lugar, 

O ódio sem ter apoio 

Não podia se instalar 

No peito de quem tem Deus 

Como protetor do lar. 


 Amava a natureza 

Com amizade e respeito 

Conhecia, seus limites... 

Impostos pelo direito, 

Era um sólido legalista 

Um espartano perfeito. 


Trabalhava a agricultura 

Principalmente, o algodão... 

Ao lado da pecuária 

O milho, o arroz, o feijão, 

Batata doce de vazante 

Completava a produção. 


Porém, logo o algodão... 

Ganhou espaço e mercado, 

Matéria-prima de tecido 

Com seu preço assegurado 

Virou fonte de riqueza 

Para o empresariado. 


O progresso desse povo

O enchia de esplendor: 

Uma agricultura pujante, 

Um comércio empreendedor 

Mão de obra em abundância 

De surpreendente valor. 


Com essas características 

Desse povo cidadão 

Aliada ao trabalho 

Coragem e abnegação 

Despertaram os empresários 

Da cultura do algodão. 


 Capítulo II 


O início do sonho 


E no ano de 37, 

Deu-se inicio a implantação 

De um complexo industrial 

Para beneficiar algodão 

E no ano de 38, 

Veio a inauguração. 


Justiniano Clemente Guedes 

Descaroçamento e Beneficiamento de Algodão 

Era o nome da empresa 

Que revolucionou o sertão, 

Principalmente em São Mamede 

Onde se deu a realização. 


Extraordinário ser humano 

E um grande empresário, 

Dinâmico empreendedor, 

Solicito visionário... 

Realizador de sonhos 

E transformador de cenário. 


Depois desse grande feito 

De cunho inovador, 

O povo reconheceu 

O extraordinário valor 

Desse homem destemido 

E nobre desbravador.


Com esforço e muita luta 

E a participação do filho, 

Conhecido por Áureo Guedes, 

Pôs a empresa no trilho, 

O lucro veio logo cedo 

Pondo ao sonho novo brilho.


 A noticia do sucesso

Da empresa foi geral,

Varreu o Estado, o País... 

Foi manchete de jornal 

No eixo do centro-sul 

E até internacional. 


O filão foi descoberto 

A corrida começou, 

O ouro branco do sertão 

Interesse despertou, 

Chegaram outras empresas 

E a concorrência reinou. 


 Instalou-se a Araújo Rique 

Beneficiando algodão, 

Sanbra , Clayton , Carioca 

Compravam na região 

Dos pequenos produtores 

Toda sua produção. 


Com o aumento dos negócios 

Veio a implementação 

Da indústria algodoeira 

Daqui do nosso sertão 

Com benesses para uns 

E para outros à exploração. 


Justiniano logo entendeu 

Que sozinho não enfrentaria 

O poderio econômico 

E a pressão que sofria, 

Sem apoio e dinheiro escasso 

E concorrência em demasia. 


A Sanbra ditava o preço 

A Araújo Rique se esforçava; 

A guerra da concorrência 

Era a regra que mandava 

E sem apoio do governo 

Que nada financiava. 


Com a guerra financeira 

Justiniano busca um parceiro, 

Aparece a C.C.P.A. .. 

Com experiência e dinheiro 

E o principio de uma sociedade 

Foi o pensamento primeiro. 


Era o inicio de 41 

Quando a sociedade nasceu 

Numa operação bem sucedida 

Que cada lado cedeu 

Um pouco nas posições 

E a coerência venceu 


 Assim ficou distribuída

 A nova sociedade, 

A C.C.P.A com 90% 

Teria prioridade 

De colocar a gerência 

Conforme a sua vontade.


Os 10% de Justiniano 

Não lhe dava esse direito 

De reivindicar a gerência, 

Porém, o acordo e o conceito... 

Fez de Áureo Guedes, gerente... 

Sóbrio e de muito respeito.


De 41 a 50 

A sociedade durou, 

Foram nove anos de lutas 

Esforço que compensou 

Porém, os planos mudaram... 

E o sonho se acabou. 


 Capítulo III 


O pesadelo 

 

Chega o ano de 51, 

E o fim da sociedade, 

A CARIOCA entra em cena 

E com dinheiro à vontade 

Compra a empresa C.C.P.A 

Mudando a mentalidade.


Os 10% de Justiniano 

Entra na venda legal, 

O empresário deixa São Mamede 

Levando o seu capital 

Para em seguida comprar 

Uma usina em Pombal.

 

Depois da compra a CARIOCA 

Rapidamente se estabeleceu 

Como Companhia Carioca de Algodão 

Foi o nome que recebeu; 

A concorrência diminui 

E o negócio floresceu. 


Com os concorrentes, fora, 

Tratou logo de inovar, 

Tirou as máquinas de serra 

E pôs de rolo em seu lugar

Dando qualidade a fibra 

E melhor beneficiar. 


Logo, logo monopolizou... 

A compra do algodão,

Incentivou a agricultura 

E a economia do sertão, 

Os agricultores festejavam 

O desenvolvimento da região. 


Fibra longa, melhor preço, 

Algodão puro, mocó, 

Sementes selecionadas 

Chamadas de seridó, 

A empresa destacou-se 

Com um produto melhor. 


Passou a impor e dominar 

O comércio de algodão 

Com uma política arrojada 

E grande especulação 

Sufocando as empresas 

Que atuavam na região 


As empresas não suportaram

E perderam a competição, 

A carioca ficou só

 Como dona do filão 

Mas, em vez de melhorar... 

Piorou a situação.


Elitizou-se a empresa 

O povo foi relegado 

Diretores soberbos, 

Agricultor humilhado 

Foi a senha para a queda 

De um sonho desejado. 


O sonho vira pesadelo 

De ostentação e poder, 

Orgulho, imperialismo, 

Escândalo, mentira, lazer... 

A custa de um povo ingênuo 

E condenada a sofrer. 


Sem controle com os gastos, 

Deslizes, enganos, má gestão, 

Benefícios surrealistas 

Pagamentos sem razão 

Orgia com o dinheiro fácil 

E péssima administração.


Essa festa perdurou 

Até a década de setenta 

Quando a saúde da empresa 

Dá sinal que não aquenta 

È o começo de uma crise 

Para o início de oitenta. 


Os anos oitenta trouxeram 

A crise do algodão; 

O continente africano 

Entra na competição 

Barateando os preços 

Com a sua produção. 


Os preços aqui despencaram 

E também a produção; 

Agricultores desiludidos 

Não preparam a plantação 

Preferem à capoeira 

A semear algodão. 


O governo brasileiro 

Sem política de proteção 

Abandona os agricultores 

Em meio à situação 

De uma crise perversa 

Sem um plano de ação. 


Depois de muita pressão 

O governo enfim cedeu 

Formulou política agrícola 

E preço estabeleceu 

Até a produção excedente 

Comprar se comprometeu. 


Mas, sem fôlego financeiro 

A carioca parou 

São Mamede assistiu o drama 

Ninguém se manifestou 

O povo saiu perdendo 

Agricultura chorou. 


O município empobreceu 

O desemprego aumentou 

Crise, fome, êxodo rural, 

Migração, seca, horror, 

Viúvas de maridos vivos 

Foi apenas o que restou. 


Capítulo IV 


A CORSAME 

[

Porém, num lance de sorte 

O governo do Estado 

Sentiu de perto a tragédia 

E quase desesperado 

Recuperou a empresa

Num jogo meio arriscado. 


Foi num leilão em São Paulo 

Que o Estado arrematou, 

A secretaria da agricultura 

Na luta se empenhou 

E agora nas mãos do povo 

A carioca ficou. 


Novo plano se organizou 

Com a cooperativa local 

Formou-se uma parceria 

Conseguiram capital 

Como CORSAME voltou 

Com grande potencial. 


Reativou a agricultura 

A animação chegou, 

O entusiasmo do sertão 

Num instante se elevou

O futuro era brilhante 

Nos planos do agricultor. 


Até um supermercado 

Que não tinha na cidade

Foi aberto pela CORSAME 

Com serviço de qualidade 

Bem sortido e preço justo 

Dentro da realidade. 


Nessa época só a CORSAME 

Tinha um supermercado, 

Abastecia São Mamede, 

O lucro era assegurado 

Sem concorrente cresceu 

Conforme o planejado.

 

Tudo estava dando certo

Com a empresa e a produção 

Mas, do passado se esqueceram... 

E eis o “X” da questão: 

Alguns gênios de antigamente 

Baixaram na administração. 


E ainda trouxeram mais: 

Insignes administradores, 

Especialistas habilidosos, 

Peritos e empreendedores 

Gente do mais fino trato 

Para lidar com agricultores.


Essa turma descobriu rápido 

A utilidade que tem a mão, 

Junto ao povo humilde, 

Hospitaleiro, franco irmão, 

Crédulo, boa fé, presa fácil... 

Para as mentes de plantão. 


Organizada e competente 

A atuante confraria 

Altamente qualificada 

Que de tudo entendia 

Menos de algodão e de povo”, 

Trabalho e cidadania. 


Com o nome de cooperativa 

Para não chamar atenção, 

Atendimento aos sócios 

Ou produtores de algodão 

E a turma do bem-bom 

Postada na administração. 


E a farra veio à tona 

Com mentira e enganação, 

Agricultor desinformado 

E pouca participação, 

Lesado em seus direitos 

Com escárnio e humilhação.


A cooperativa local 

Pouco podia fazer 

Sem forças para atuar 

Junto à cúpula da poder

Imposta pelo Estado, 

Via tudo se perder. 


Até que a CORSAME quebrou 

E logo surgiu um culpado, 

Foi o besouro bicudo 

Dizem que foi importado 

Lá dos Estados Unidos 

Mas tudo está mal contado. 


Outros falam em bicudo gente 

Que São Mamede importou; 

Ou dizem que foi a profecia 

Do Frei que se realizou; 

Até cometam que foi praga 

Que um político jogou. 


O supermercado também quebrou 

E tudo sem explicação, 

Quem ganhou e quem perdeu

É mera especulação 

Mas, falta quem dê a resposta... 

Para essa indagação. 


A massa falida ficou

Presa nos grilhões da história, 

Arrebatada pela ganância 

Sucumbiu antes da glória 

Lutou e nunca venceu 

E morreu para a memória.


Capítulo V 


O Golpe Fatal 


Sem projeto e sem empenho 

Dos políticos e da comunidade,

A CORSAME ficou abandonada 

Exposta ao tempo, a temeridade 

Dos Vândalos amantes do descuido

Filhos importantes da sociedade. 


Como não houve demanda 

E ninguém se manifestou 

Pra resolver o problema 

Da gigante que simbolizou 

Tempo de prosperidade e gloria, 

Sonho, esperança e esplendor.

 

Morrem valores incalculáveis, 

Heróis omissos são importantes, 

Chefe alardeia-se timoneiro 

De uma nau sem tripulantes; 

Povo que se nega a indignar-se 

Não passa de “pobres arritirantes”.


Diante do descaso, do desprezo... 

Da insensatez, da negligência... 

Da falta de respeito, de amor próprio... 

De dignidade, de consciência... 

De responsabilidade humana 

De hombridade e coerência. 

 

Não do governo somente 

Mas, de toda comunidade... 

Que se lhe mostrou incapaz 

De assumir-se de verdade, 

Foi conivente com o caos 

E lhe cabe culpabilidade. 

 

A CORSAME não é mais do povo 

E São Mamede, pobre esquecida! 

Ainda com filhos de braços 

Nas esquinas, desprotegida... 

Esmolando migalhas de sonhos 

E de alentos que lhe inspirem a vida. 


Nas mãos de estranhos jazes 

Do povo a santa esperança 

Já que de estranho se vive 

O rumo sem rumo que dança 

A sombra de melão de são Caetano 

E ali mesmo descansa. 

 

Morre-se de fome a gente 

Que pode, mas não quer se indignar; 

Morre-se a comunidade sem atitude 

Que vive de estranho penar; 

Morre-se um povo sem história 

Incapaz de ao menos pensar. 


Oh! Liberdade ensina ao povo 

A morrer pelo menos como canalha, 

Do que viver sem orgulho, sem sonhos, 

Sem brio, sem luta, sem batalha, 

Sem passado, que justifique o presente, 

Sem cicatriz na carne de fio de navalha. 

 

Capítulo VI


 A consequência.


Eu vi São Mamede chorando! 

Rosto fúnebre, acabrunhado, gestos tensos. 

A tristeza sem aquiescência e num ímpeto agressivo 

Instalou-se no íntimo d'alma de um povo que ao nascer 

Era irmão gêmeo da alegria e ao crescer 

Subjugou-se aos grilhões do infortúnio. 


Quem viu São Mamede no passado, 

Alegre, viçosa... deslumbrante! 

Com um vigor invejável... e sempre sorrindo... 

Não compreende esse aspecto 

Pesaroso estampado em sua belíssima face!


Era uma guerreira,

Que sabia enfrentar os obstáculos 

Com garra e obstinação!

Porém, agora, relegada ao desconforto da usura dos ímpios 

Sobejam-lhe as lágrimas quentes 

Como legado de quem um dia teve a felicidade como serva. 


Vendo-a assim tão triste, 

Volto a um passado não muito distante

Para trazer na lembrança, os seus dias de glória. 

Glória bendita como todas as glórias: 

Regada a suor e sangue dos filhos pequeninos.

Aqueles espartanos delirantes e escravos do brio, 

Mas que, usurpados sorrateiramente por estranhos... 

Niilistas pervertidos especialistas em vida fácil, estão expostos ao deserto escaldante da exploração dos tiranos!


Eu vi São Mamede chorando! 

Imersa num mar de lágrimas, 

Sufocando o peito para não implodir-se 

E sem poder gritar para denunciar a dor 

humilhante! 


Chore São Mamede, chore... mas não em silêncio! 

Chore bem alto para que os filhos, falsos ilustres,

Escutem os seus soluços incontidos e movam ao menos 

O dedo mínimo, já que se fizesse pequena 

Para torná-los grandes! 


Chore São Mamede, chore aos brados, aos berros! 

Grite novamente pelos filhos pequeninos, 

Com certeza, eles virão socorrê-la... 

E não são como os filhos "grandes",

que a odeiam e só fazem algo por você 

Tirando-lhe alguma coisa em troca. 


Chore São Mamede por sua aparência... 

Irreconhecível e combalida; 

Chore pela ociosidade subsidiada pelo filho maior; 

Chore por tudo que foi sonhado e nada realizado; 

Chore pela decadência cadenciada 

Que as forças lhes impuseram; 

Chore pelos filhos menores, já que os maiores... 

Esses não a amam! 

Chore por você mesma, 

Pela nudez das suas vestes mais linda; 

Chore porque você errou 

E porque continua errando; 

Chore por ser mãe de uma prole desajustada; 

Chore pelo amor vertiginoso 

Dos que dizem que a ama, 

Pelo efêmero esquecimento 

Daqueles que prometeram 

Trilhar a vereda dos justos 

E mancharam com atitudes e gestos 

Indecorosos o caminho da verdade. 

Espezinharam-lhe

Exacerbaram a loucura dos fracos 

Para proveito próprio. 

Mentiram-lhe. 

Lá fora lhe nodoaram: 

Eu vi São Mamede chorando!