As castas da corrupção
Continuam dando as cartas,
São personagens lagartas
Das famílias tradição.
Sugadoras da Nação
Vendem uma alma serena
Com humildade pequena,
Rosnam em timbre de afronta:
Quem frauda não paga a conta
Nem a justiça condena.
Castas são falsos estratos
Monstros da sociedade,
Que manifestam maldade
Aos de glóbulos abstratos,
Que sob tutela e maus-tratos
Pagam eterna cadena
Sem crimes penam a pena
Deixando a verdade tonta:
Quem frauda não paga a conta
Nem a justiça condena.
Essa corja se faz nobre,
Mas tem a memória morta
Pois, só o letargo conforta
E o olvidamento encobre.
Porém, a razão descobre
Toda matula e ordena,
Que se desarrume a cena
Dessa vergonha de ponta:
Quem frauda não paga a conta
Nem a justiça condena.
Presumam a lei cumprida
Como diz na isonomia,
Que a premissa da eunomia
É a regra comum da vida
Embora a estola agrida
Solfejando cantilena
Ou se rumine kalena
Infâmia que desaponta:
Quem frauda não paga a conta
Nem a justiça condena.
As castas vivem na moita
E quase nunca aparecem,
São niquentas que merecem
Alguma forma de coita,
Não de amor, mas a que açoita
A indignidade terrena
Dessa gente que só encena,
Porém, na surdina apronta:
Quem frauda não paga a conta
Nem justiça condena.
Mário Bento de Morais