quinta-feira, 26 de abril de 2012

BENDITA SECA!



Mas, é uma grande felicidade essa do “povo”, certamente a notícia não poderia ser melhor, uma seca justamente num ano de eleições municipais, isso só pode ser um presente dos deuses, um grande milagre! Essa asseveração corre a boca larga pelo sertão afora, é um filme reprisado desde os tempos longínquos que infelizmente, continuará ainda por muitas e muitas décadas a ser exibido como a obra mais importante da cultura sertaneja. Graças à seca, milhões alimentam carteiras superestimadas de lobos gananciosos; patrimônios se avolumam como o trigo no fermento; anão de barriga oca, pé descalço e cérebro vazio, agiganta-se no meio para formar um exército de traças famintas e delas torna-se líder: eis o fenômeno que tornará verde à seca!
As estâncias superiores anunciam com alarde exponencial os programas que diminuirão os efeitos da seca: bolsa estiagem, locação de carros pipas para abastecimento das comunidades, e o mais evidenciado  digamos, o carro chefe: energia para todos. O palco está pronto, os atores afinadíssimos esperando apenas o momento exato para entrar em cena, vai ser um show! Na mídia o espetáculo terá produção cinematográfica, efeitos especiais são esperados para um público pra lá de especial, os eleitores.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

É VERDADE?

Parece paradoxo, mas não é. Porquanto, há um bem no mal assim como há um mal no bem, princípios particulares em tese, antagônicos por natureza, porém muito próximos e por assim dizer quase gêmeos. Quantas vezes dizemos que algo é mal quando é parte daquilo que desejamos, mas não podemos atingir-lo por circunstância momentânea adversa; no entanto, quando essa adversidade é superada e aquilo que era desejo torna-se algo real, embora passageiro, exultamos como um grande bem, o que antes era um extraordinário mal. No entanto, há de se buscar no passado do homem essa assertiva que determina essa verdade, se é que é verdade ou vontade de uma verdade. O bem não é uma força e menos ainda o mal, talvez uma disposição, uma propensão, ou uma inclinação, mas nada, efetivamente nada lhes conferi potencialidade, quando muito, apenas uma imagem refletida num plano muito básico do espírito humano. Já foi dito pelos antigos, que essas duas intenções de força produziram tão somente, no homem, um terrorismo avassalador que inibiu por anos a fio o discernimento do verdadeiro com seus mitos que só escravizaram, com suas tradições criadas a partir da não verdade, com os dogmas religiosos que alimentaram com o sangue dos crédulos à dominação, e por via destes, tolheram vergonhosamente os ganhos e os avanços reais da sociedade em todos os segmentos. Por causa desse erro grosseiro, criaram-se monstros/heróis, deuses omissos, cidadãos sem cidadania e pátria de patrões. Criaram-se ainda espectros de homens, mas não lhes deram o direito de escolha; instituiu-se a não verdade e como prêmio pelo feito, veio o consumo de ideais mortas; edificou-se uma nova babel, mas estranhamente sem o devido endereço.

terça-feira, 10 de abril de 2012

EU SOU MELHOR DO QUE TU - XOTEADO

Eu sou melhor do que tu
Eu sou,
Eu sou melhor do que tu;
Eu sou a raiva canina
Sou dose de estricnina
Mas sou melhor do que tu.

Sou o descaso que mata
Sou tragédia que devasta
Mas sou melhor do que tu,
Sou político picareta
Viciado em mutreta
Mas sou melhor do que tu,
Da política sou refém
Voto a troco de vintém
Sofro eu e chora tu,
Eu sou rapaz feio na festa
Amigo de quem não presta
Mas sou melhor do que tu.

Do pobre sou o herdeiro
Sou o salário brasileiro
Mas sou melhor do que tu,
Sou a fome do excluído
A dor do homem vencido
Sou o frio de quem tá nu,
Sou a sorte do nordestino
A razão de Virgulino
Pra viver no Pajeú,
Eu sou o povo enganado
Por Têmis surrupiado
Mas sou melhor do que tu.

terça-feira, 3 de abril de 2012

PARA ONDE VAMOS?!

Ainda pouco, conversávamos Orama e eu sobre a crise profunda que assola impiedosamente a identidade política e moral dos partidos políticos no Brasil. Mas antes que eu elaborasse qualquer raciocínio que tangesse a nossa conversa inicial ele me atingiu com um cruzado demolidor, acertando-me bem o queixo, quando me perguntou para onde vamos?! Não entendi nada. Foi um nocaute técnico em menos de um minuto. Fiquei imóvel por minutos estendido sobre a lona do ringue do papo, buscava desesperadamente o ar da vida até que veio o que ninguém deseja para quem está perdendo, o golpe de misericórdia – pra direita ou pra esquerda?!?!?! Sem socorro apelei, vamos para o centro. Mas Orama foi ainda mais cruel comigo – centro-direita ou centro-esquerda?! Fiquei sem escapatória, mas busquei uma solução mais radical. Vamos então para os extremos. Porém, o meu parceiro de papo tornou-se muito mais ranzinza e não me perdoou. Extrema-direita ou extrema-esquerda?! De fato, para onde vamos? Para direita ou para esquerda?! Detesto ter que aceitar as coisas como elas são, mas desta vez fiquei sem saída. Creio que o povo também não tem a curto, médio e longo prazo uma resposta concreta. Parece que os bons princípios surgidos a milhares de milhar de anos não fazem mais parte da formação humana, foram relegados ao desprezo, o pior dos desprezos àquele que o povo faz questão de não lembrar, por uma razão muito simples: a generosidade da nossa legislação. Os políticos praticam atos esconsos amparados na lei da impunidade, lei específica criada para este fim: chamada de imunidade parlamentar. No meio jurídico há uma sentença que enche de esperança aquele que ler: a ninguém é lícito ignorar a lei; mas tal sentença não é o sentimento das esferas superiores do nosso país, estas estão protegidas por labirintos “legais”, para onde vamos?!