sexta-feira, 23 de abril de 2021

AOS INCENSADORES DO CESARISTA

       

melhor maneira de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.

Machado de Assis. 

Qual o prazer de servir ao tirano, quando se sabe que qualquer deslize cometido por aqueles que o servem é uma sentença de morte? Ascender ao circulo seleto de incensadores do cesarista é um risco iminente que só os gananciosos cuidam em deixasse-se sucumbirem à sujeição ultrajante as deliciosas essências da liberdade. Esses lacaios sabujos preferem moldar-se aos desejos abjetos de se mancomunarem com o déspota ascoso e acolherem sobre si intensa descarga de iniquidades e desonra, do que ouvir as arguições do coração da consciência.

De maneira, que tais abutres oscos de humanos sossegam-se com a virulência acintosa e furtiva, e assim entretém o amo que os trata como inservíveis. E para atingir o apogeu do ego boçal, receiam a devoção e o amor da estirpe, mas fiam-se naquele que lhes empulham, lhes penitenciam, lhes infernizam, conquanto, engendram praticas de nequícias, jamais contra o alarve que o exaure que o avilta, mas em desfavor daqueles que têm abundante acesso ao fastio da sorte, torturando por assim dizer, o colosso da verdade suprema.   

O passado da malignidade tirânica, a obediência indomável do fâmulo ainda fervilha borbulhante, nesses antigos novos tempos. As anosas performances aperfeiçoadas às inovações grotescas e já afinadas com os caprichosos frenesis e os solícitos axiomas macróbios confluem-se majestosos para os dias modernos; enquanto isso plasma mefítico flui caudalosamente, pelas veneráveis artérias daqueles que só se realizam plenamente apajeando para que desse modo infame, possam alcançar os favores que os tornam mais súditos.

Não há sujeição tão perfeita quanto aquela que guarda a aparência da liberdade, cativa-se assim a própria vontade. (Rousseau)

Tiranos das antigas deixaram suas marcas nas crônicas da história, como o espírito das intrujices e ardis que asselvajavam seus vassalos. Em Roma davam-se festas públicas, empanturrando a plebe com uma porção de trigo e um pouco de vinho, para mais tarde poder ouvi-los aos brados enlouquecidos pelas ruas de “viva a majestade!” Já o fundador do império Persa, Ciro, o Grande, foi de uma sagacidade demoníaca, em se tratando dos Lídios, segundo Heródoto, logo que usurpou Sardes, cidade basilar da Lídia, e levou o rei Creso como escravo; informações lhes passadas pelos sevandijas sujeitos, davam-lhe conta de que os Lídios de Sardes teriam se rebelados. Ciro, sem querer usar o poder de a força militar que dispunha para lhes impor a sua vontade, então decidiu instalar bordéis, tavernas e criou jogos públicos, ainda assim, por decreto, que todos tiveram de cumprir. A ideia foi tão bem recebida pela população que não foi mais necessário o uso da força. Os habitantes dessa cidade não mais se preocuparam com o Rei escravo, mas em se divertirem nos prostíbulos, tascas e jogos, meios eficazes de desalentá-los e aniquilá-los.       

Fontes diversas: internet, leituras em livros de História, revistas, jornais, fascículos avulsos sobre os antigos filósofos.

Mário Bento de Morais

 

 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

A SUJEIÇÃO "DEMOCRÁTICA" NECESSÁRIA

 

A SUJEIÇÃO “DEMOCRÁTICA” NECESSÁRIA

 

A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.

 Abraham Lincoln (1809 – 1865), presidente dos Estados Unidos.

 

“A capacidade do homem para a justiça faz a democracia possível, mas a inclinação do homem para a injustiça faz a democracia necessária.” Reinhold Niebuhr (1892 – 1971), filósofo americano.

 

As novas substâncias alucinógenas que constrói o poder do tirano no mundo presente são poderosíssimos extasiantes que causam a sujeição democrática necessária ao um publico preferencial, o estrato social mais vulnerável, os pobres, que possuem robusto acesso desigual as oportunidades. Estigmatizada de classe baixa e expurgo social presente no capitalismo moderno é de fato a principal massa de manobra da “democracia da sujeição necessária”, fartamente lactada por veniagas de bastidores prodigas em alimentar de finas iguarias os poderosos meios de comunicação e com os melhores perfumes o famigerado PIB, que por sua vez com manobras obscuras abocanham um percentual invejável das nossas riquezas, penalizando sempre na ponta, o rebanho espezinhado, oprimido, via contratos milionários que jamais serão executados em favor do povo. Essa gente tem dez milhões de bolsos e gorja abissal!

Outra obra fantástica do miraculoso engenho “democrático” desponta como a principal estrela da extraordinária constelação de crimes, que afronta a deusa sedutora de Clístenes, e atende solidariamente pelo sugestivo nome de subemprego público e reflete o estilo “democrático” dos representantes do povo como a mais conhecida e bem sucedida estrutura de poder e dominação, a rachadinha: é quando o salário do funcionário contratado pelo poder público é dividido com o político ou com os funcionários sem rostos. De modo que um é contratado e cem são seus dependentes, aplicando-se dessa forma a sujeição necessária com base na famosa tese da economia liberal: não há empregos para todos, mas é preciso dominar muitos.

Todavia, muito antes desse feito trágico, excremento mental da elite globalizada, que pune apenas os fracos, os métodos eram outros, porém, com a mesma finalidade, a tirania institucionalizada: os jogos, o teatro, os espetáculos seguidos da truculenta loucura dos gladiadores frente aos animais semelhantes vitimas da perversão degustada pela excitação da vaidade tirânica. Aqui, certamente, “Trasão” se jactaria desses serviçais desprezíveis, perguntando-lhes: por que então, vós não enfrentais os animais com igualdade de condição, de mãos limpas?  Não “acreditais que sois tão valentes”, de modo que não useis de artifícios, broqueis ou cimitarras, para enfrentá-los? Domais os animais, mas não adestrais o tirano, que vos mantém sob o jugo da canga, e nem tão pouco sei por que temê-los se conheceis tão bem seus métodos e artifícios do desdouro humano, exibidos em arenas lotadas de samongas infectados e entorpecidos de paixões insanas. Também vós, jamais bebestes do vinho da liberdade nem saboreastes as lições do grande legislador Espartano, Licurgo. Segundo aquele mestre, dois cães nascidos da mesma mãe e amamentados com o mesmo leite. Um deles foi engordado na cozinha, o outro acostumado a correr pelos campos seguindo o som da trompa da corneta. Querendo mostrar ao povo da Lacedemônia que os homens vivem como a educação os fez, expôs os dois cães em praça pública e colocou entre eles um prato de sopa e uma lebre. Um correu para o prato de sopa, o outro para a lebre. “Contudo, são irmãos”, disse ele. Com suas leis e sua arte política, ele educou e formou tão bem os Lacedemônios que cada um deles preferiria sofrer mil mortes a submeter-se a outro senhor que não fosse a lei e a razão.   

 

Mário Bento de Morais