domingo, 30 de setembro de 2012

SE VOLTARES - ROGACIANO LEITE



Rogaciano Bezerra Leite, o filho brilhante de Itapetim – PE começou como poeta-violeiro, depois foi bancário no Ceará, onde ingressou na faculdade de Filosofia no ano de 1955, formando-se em Letras clássicas no ano de 1958. Foi jornalista e atuou em grandes jornais no Rio de Janeiro. Esteve na França e outros Países Europeus; na Rússia deixou gravado em monumento na Praça de Moscou, o poema intitulado “Os trabalhadores”. Eis ai um lindo soneto do mestre Rogaciano. 


Como o sândalo humilde que perfuma
O ferro do machado que lhe corta,
Hei de ter a minha alma sempre morta
Mas não me vingarei de coisa alguma.

Se algum dia perdida pela bruma
Resolveres bater a minha porta,
Ao invés da humilhação que desconforta
Terás um leito sobre um chão de pluma.

Em troca dos desgostos que me destes
Mais carinho terás do que tivestes.
Meus beijos serão multiplicados.

Para os que voltam pelo amor vencidos,
A vingança maior dos ofendidos,
É saber abraçar os humilhados.

AI! SÊSSE ! - ZÉ DA LUZ


Severino de Andrade Silva - o poeta Zé da Luz - Nasceu em Itabaiana - PB, com se dizia antigamente, hoje Itabaiana, terra também do Grande Sivuca, em 29 de março de 1904 e faleceu no Rio de Janeiro em 12 de fevereiro de 1965. Escreveu dois belíssimos livros: "Brasil Caboclo" e "Sertão em Carne e Osso", este último já no Rio de Janeiro, com saudade de seu cantinho maravilhoso, sua terra natal. Era alfaiate, filho de pais pobres e só teve instrução primária, no entanto, elevou o seu pedacinho de chão  (sua Tabaiana), aos mais distantes rincões do Brasil; exaltou o seu sertão e o seu povo tornando-os conhecidos País afora. Eis uma das filhas do gênio de Itabaiana:
   

AI! SE SÊSSE!...


Se um dia nóis se gostasse;
Se um dia nóis se querêsse;
Se nóis dois se impariásse;
Se juntinho nóis dois vivêsse;
Se juntinho nóis dois morasse;
Se juntinho nóis dois drumisse;
Se juntinho nois dois morrêsse!
Se pro céu nois dois assubisse?
Mas porém, acontecêsse
Qui São Pêdo não abrisse
As portas do céu e fosse,
Te dizê quarquê toelice?
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse,
prá qui eu me arrezorvêsse
E a minha faca puxasse,
E o bucho do céu furasse?..
Tarvez qui nois dois ficasse
Tarvez qui nois dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virgi tôda fugísse!!!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A GENTE NÃO SE ENTENDE - CANÇÃO

O nosso caso já virou descaso
Eu nem estou ai
E você nem me liga,
Se eu ando meio estranho
Você é indiferente,
Amor inconsequente
Vidas divididas.

Nada em você me causa ciúme,
Seu jeito, seu perfume,
Nada mais me importa,
Eu sei fingir e digo que te amo
Você diz que me ama
E não me suporta.

Somos carentes,
Mas independentes,
Distantes do amor e perto da paixão
Queremos dar juízo as nossas atitudes,
Vazias de virtudes e sem qualquer razão,
Chorando eu lhe juro um amor eterno
Você diz que o futura é a separação.









 





quarta-feira, 26 de setembro de 2012

SEM PEDIR LICENÇA - XOTEADO

    
Você chegou
Sem pedir licença e bem de mancinho
Invadiu meu peito abrindo caminho
Por entre os descaminhos de antigas paixões.

Enfrentou feras,
Sendo minhas e suas velhas conhecidas,
Que ao longo do tempo não foram esquecidas
E, que às vezes sangram e trazem emoções.

Velhos fantasmas,
Que andam sussurrando em meio às malocas
Bebendo os amores que vivem nas tocas
Afim de por um fim em suas ilusões:

Mas sem rumo certo,
Caminha pelas ruas do meu coração
Que nem menino que chora sem pão
Você que entrou nessa tem que se queimar.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

HERANÇA MALDITA


O Brasil, para infelicidade de nós brasileiros foi colonizado por uma nobreza podre: de indolência, de cupidez, de ganância, de mercantilismo, de insolência e arrogância, com o único propósito o de bancar todas as benesses possíveis e impossíveis à elite dominante e profundamente preguiçosa.
Fez-se de tudo na pobre colônia: mataram desafetos, dizimaram tribos inteira de índios, importaram escravos da África, promoveram a primeira guerra bacteriológica do mundo, por intermédio dos navegadores portugueses que desumanamente presenteavam os nossos índios com lençóis usados em hospitais, contaminado por bactérias, segundo os historiadores.
E ainda, para fechar com chave de ouro, todas essas maledicências da colonização da nobreza Europeia dita civilizada, ficou para nós uma herança no mínimo maldita e sem precedente, porque cometeu o mais perverso equívoco em solo pátrio o de dividir a nossa mãe gentil em Capitanias Hereditárias. Por que daí criou-se a mais terrível das instituições, o famigerado coronelismo, que sem nenhum mérito que o justifique, continua em evidência até os nossos dias e segue imbatível patrocinado pelo nosso sistema federativo, que não faz mais sentido adotá-lo, porque esse modelo privilegia apenas classes dominantes exploradoras solidária e contumazes das nossas riquezas.      



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

UMA RELÍQUIA DA CULTURA SERTANEJA


Escrever sobre as belezas da Literatura de Cordel causa em mim um bem estar agradabilíssimo. Não apenas porque eu a admiro, mas porque me traz uma sensação de liberdade cultural instigante, de um prazer só sentido por quem já ouviu um cantador improvisar sobre as agruras, o sofrimento, as angustias do povo do sertão. Patativa do Assaré assevera: a dor só é bem cantada, cantada porque padece. Essas coisas lindas saem da alma, elas não podem ser ditas apenas por força de expressão nem atiradas ao vento sem serem sentidas, têm que vir de dentro, do âmago para causar o que só o sertanejo sente quando ler ou escuta da boca do vate, algo como o que disse Oliveira de Panelas. Gênero o que é que me falta fazer mais.

Escapei do dilúvio de Noé;
Escrevi as idéias de Rousseau;
Fui a Tóquio dar aulas de robô;
Graduei o profeta Maomé;
Ensinei futebol ao rei Pelé;
Campeão de três copas mundiais;
Construí a prisão de alcatraz;
Banhei-me no triangulo das bermudas;
Consegui liberdade para Judas;
O que é que me falta fazer mais.




terça-feira, 18 de setembro de 2012

O PERFUME, A FRAGRÂNCIA, A ESSÊNCIA E O POLÍTICO



Não sou a causa de tua lerdeza e nem me acuses pela tua repulsa ao perfume dos deuses, a educação e, assim como não gostas do perfume também não podes alcançar os eflúvios da fragrância, a cultura, que se exala dessa relíquia santa, e ainda, como não estar nos teus domínios as delicias da fragrância, imagines tu a tua exponencial distância da essência, os saberes, se apenas és ostra de casarões ocos!
Como o alimento preferido do néscio é o estrado dos tapetes por onde caminham os soberbos cuidado para não te vingares do ingênuo sem culpas nem culpes o inocente pelo teu fracasso; sejas tu a revolução que queres dos outros!
E julga-te a ti mesmo sábio, quando muito um tanso vesano ante os benefícios que credes alcançar pela gratidão serviçal que prestas ao teu senhor, no entanto, não enxergas tu o quanto é apertadíssima a tua focinheira! Certamente, não foste bem afeiçoado à liberdade nem recebeste seus dons e fluidos; viveste apenas à sombra dos cactos em seara alheia e estéril.
Assim como o lorpa que ergue seus túmulos sem simetria, sujos e feios sobre os crânios dos antigos, quando deveria construir belos palácios e bonitas moradas em lugar seguro; cuidado para não ergueres teus castelos de areia a beira de rios secos!
É a lamuria do necessitado praticante que soa suavemente aos ouvidos falantes dos “bondosos de coração”; e tu rogas a estes que atassalhem aqueles em suas angustias para que recebas os emolumentos paroquiais por tua infame escolha!
São as benesses ocultas que veem se somar as veniagas cometida pela tua "probidade relevante", segundo teu próprio discernimento, as quais também, são causas de agudas temeridades para “os fatigantes” conforme suas ciências.
Todavia, é da índole do achavascado de riso sonso vergontear desumanamente o dócil com o seu azorrague mortal, a língua! É de bom alvitre esquadrinhar cuidadosamente os anos dos teus dias, porque eles podem depor contra ti!
Não repares à ignorância do outro com os teus olhos tortos, pois, é por causa deles que legiões de homens mendigam saberes e poucos são os conhecimentos, mas os pacóvios de anelos surreais tripudiam em reinos de cegos!    

  



domingo, 16 de setembro de 2012

EU E O CARÃO

O poeta popular enche a alma da gente toda vez que inflama seu gênio, com José Marcolino não foi diferente, o poeta não só enchei mas transbordou-a com o seu belo poema, "EU E O CARÃO. Sinto não o conhecê-lo, mas desde já parabenizo pela beleza da obra. 


Deitei-me uma ocasião
Devido a pouca saúde
Acordei por, no açude,
Cantar penoso um carão.
Entoava uma canção
Que mais parecia um hino
Imitava um violino
Acordei, não dormi mais,
Quantas notas musicais
Num crânio tão pequenino.

Só sei que a dificuldade
Tava na alma da gente,
Eu soluçava doente,
Ele a cantar com saudade.
Talvez fosse uma amizade
Que o fizesse sofrer,
Pontos de o seu padecer
Vieram tocar nos meus,
Eu de cá, pedindo a Deus,
Que me deixasse viver.

Comecei a meditar,
E em minha imaginação,
Senti que aquele carão
Cantou pra me consolar;
Percebi que o seu cantar
Acalmou as minhas dores
Ele, pelos seus amores,
Eu pela questão nervosa,
Naquela noite inditosa
Éramos dois sofredores.

Ele cantava sem calma
No açude atrás de um morro,
Suas notas de socorro
Deixaram alivio a minha alma.
Da paz, eu ouvia palma,
E melhorou tudo, enfim,
Tava um bulício o capim,
O vento soltava açoite,
Parece até que a noite
Fazia preces pra mim.

Seu cantar foi se alongando,
Eu de cá da cama ouvindo:
Eram dois entes sentindo
Um cantado outro chorando.
Onde estará pousando
Com seus sons harmoniosos,
Os meus momentos nervosos
Graças a Deus já passaram:
Se os seus se aliviaram,
Somos dois vitoriosos.


(Poeta José Marcolino)