sexta-feira, 3 de setembro de 2021

ESTURDIA

Tornou-se fértil a estúrdia de alguns brasileiros que se revelaram para a universal palurdice – estremes da razão singular e paladinos da moral e senhores intocáveis da lei e da ordem, que sonham, entendem ou desejam ser o País uma extensão do seu próprio quintal e, agem como se assim o fosse ultrapassando os limites ingênitos aos demais cidadãos. Talvez este fosse o momento oportuno para usarmos a declaração de Ulisses, segundo Homero: “não é bom ter vários senhores”, porém, sem acrescentar nada mais. Só esta frase basta! Isto porque a história nos remete a alguns embustes que teimam em se repetir sem pedir licença por estroinice fecunda de lerdos cáusticos, que sem discurso humanamente consciente, envilecem a nobreza livre da realidade do povo, que vivendo a orfandade da verdade solida se empanturram das lérias do atraso.

AS FARSAS DA HISTÓRIA 

Foram lorotas, mentiras promovidas a verdades, por gente submissa, geralmente falaz, que vive a esmolar obséquios, sobejos das benesses alheia e profunda reverência a sujeição democrática necessária. Gente disposta a atirar no fosso das imundícies coletivas a própria liberdade e dela se despir para nutrir as loucuras de um esperto, que se julga escolhido a bálsamo intenso às agruras intrínsecas do povo. De modo que se pode concluir com acerto, que o aço da porca é o mesmo do parafuso!

NO BRASIL 

No Brasil, século XX, as mentiras sobre a paternidade das Leis trabalhistas caíram no domínio popular como obra de Getúlio Vargas. Segundo Hugo Baldessarini no Livro Crônica de Uma Época, pag. 8, isto não corresponde à verdade. Os motivos.

“Evaristo de Morais foi o primeiro a publicar um livro sobre a matéria, denominado Direito Operário, editado em 1908, que defendia o direito de greve e outras reivindicações dos trabalhadores”.

“Em 1923, se iniciou a Previdência Social, com a criação, por iniciativa da Câmara, de uma caixa de aposentadoria e pensões para os ferroviários. Nesse mesmo ano criou-se o Conselho Nacional do Trabalho e, em 1926, mais dois órgãos de previdência apareceram: o dos marítimos e o dos portuários”.

“A Primeira lei sobre acidente de trabalha já fora aprovada, anteriormente, pelo congresso e sancionada pelo Presidente Delfim Moreira, em 1919, quando Vargas nem deputado era”.

“O direito a férias foi assegurado , em 1925, pela lei nº 4932, não tendo Vargas, então deputado, tomado parte nos debates”.

“E o aviso prévio já era matéria prevista no Código Civil, desde janeiro de 1916”.

NA ANTIGUIDADE 

Salmoneu, rei da Élida, segundo a mitologia grega, por querer usurpar as façanhas de Zeus, imitando os seus raios, planeou que seus vassalos  lhe conferissem primor supremo com honras e sacrifícios; Zeus não gostou do audácia e com um raio o fulminou para o mármore do inferno.  Segundo, Virgílio, Eneide, VI, 585-594.

“Sofrendo tormentos cruéis, por querer imitar

Os estrondos do Olímpio e os raios de Júpiter.

Puxando por quatro cavalos e agitando uma tocha,

Atravessava os povos da Grécia e a cidade no centro da Élida,

Triunfante e pedindo para si as honras divinas.

Pobre louco simulava os trovões e o raio inimitáveis

Com a trompa de bronze e o tropel dos cascos dos cavalos.

Mas Júpiter lançou seu raio entre as nuvens densas,

Não tochas nem chamas fumegantes de um tição,

E o precipitou de cabeça no abismo profundo”.

Os reis do antigo Egito, segundo a história, ao se exibirem em público, tinham lá também suas solércias ao se mostrarem com gato, ramos ou com fogo sobre a cabeça, para de esse modo impressionar os súditos, camuflando a real intenção simulando-se esplêndidos. Essas intrujices desses reis rendiam-lhes venerações, respeito idolátrico e obediências dos seus feudatários.

 

MÁRIO BENTO DE MORAIS

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário