segunda-feira, 18 de julho de 2011

DISCURSO SAUDANDO MAURICIO NAVARRO BURITY E ANA MARIA DE GOUVEIA – PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE RESPECTIVAMENTE DA FUNDAÇÃO ESPAÇO CULTUTAL DA PARAÍBA


Senhoras e senhores, boa tarde! Enquanto procurávamos um título para ilustrar esta dupla saudação, eis que de repente surge um, que acreditamos ser o mais qualificado para o momento, porque dar a dimensão exata do nosso propósito, data vênia: O RESTAURADOR E A PRECURSORA.

Na data de ontem, 26 de julho do corrente, na capital da Paraíba, “que mais parece um presente do céu para ornar e agradar a terra”; na aldeia linda das Neves, nasceu Mauricio Navarro Burity, O RESTAURADOR. Broto da estirpe de Ingá, região metropolitana de Campina Grande.

Já dissera alguém: que Ingá fora visitada pelos os deuses astronautas, os quais, deslumbrados com a beleza daquele cantinho divino, legaram aos nativos, como dádiva prestimosa, as belas Itacoatiaras - inscrições rupestres feitas em pedras - um valioso tesouro a céu aberto que ainda desafia os estudiosos e envaidecem os ingaenses.

Filho de Tarcisio de Miranda Burity - um visionário arrebatado, um louco que ousou desafiar os monges do atraso, os profetas da decadência e os deuses do pessimismo para construir este templo, quando governador, um filho do bem, um apóstolo devoto da cultura; e de dona Glauce Maria Navarro Burity, de candidez exemplar, mãe diligente, exímia professora.

Disse-me um poeta, que o título de professora já lhe bastava e em seguida versejou: fostes vós raio fulmíneo de uma geração/ que na ignorância amargava a tempestade/ jovens sem perspectivas de liberdade/ relegados a toda sorte de humilhação. Porém, de vossa cátedra repartiste o pão/ do vosso gênio com perfeita eqüidade/ guiando pacientemente a mocidade/ para o mundo luminoso da instrução.

E, foi assim, como professora que arrancastes os colmilhos da ignorância que trucidavam gerações, para salpicar nos corações dos jovens o perfume do saber. E, se pouco falei da escritora Glauce Maria Navarro Burity, perdoem-me todos, é que prefiro falar da terra fértil não do campo florido.

O pequeno varão em foco cresceu dentro de um ambiente familiar de extrema compreensão e de afetividade generosa. Floresceu no seio esplêndido do amor fraterno, que aprendera em casa, galgou os degraus primorosos da adolescência, e experimentou as delicias da juventude. Nesse percurso sem tropeços conheceu a mais sublime de todas as mulheres – a música. Da qual disse Villa-Lobos: a música é um alimento para alma humana. O poeta popular explode: a música é a santa amiga dos boêmios, companheira solícita dos sonhadores, e consoladora inseparável dos apaixonados.

E foi nessa juventude de anelos ínsitos, que conheceu outros jovens de sonhos comuns, juntos se tornaram “Sociedade Anônima”. Uma Banda que nos anos 80 embalou uma juventude ávida de liberdade, jovens que traziam dentro de si, o sonho revolucionário de consertar o mundo da opressão e da injustiça, oferecendo-se, às vezes, em sacrifício.

Essa Banda em julho de 1989 – século passado – no Rio de Janeiro, gravou o primeiro LP, era vinil. Registra-se que fora num Studio da gravadora “Som Livre”, o mesmo que servira as “Paquitas” - grande sucesso da época - gravarem seu primeiro trabalho em disco. A Banda S/A tinha a seguinte formação: Roberto Muniz – Betinho - Tecladista, Eduardo Montenegro – Baterista, Maurício Burity – Baixista e Zé Filho Guitarrista. O disco claro atendeu as expectativas da Banda em vários aspectos.

Porém, em 1990, Maurício Burity, um dos lideres da Banda, mudou-se com a família para Recife, capital pernambucana, o que ameaçou em função dos ensaios, dos contratos a serem cumpridos, a sobrevivência do grupo que fatalmente, nesse ano, parou suas atividades. Em Recife dedicou-se as atividades empresariais até os primeiros meses de 2009

E aqui, noutro espaço, não muito distante da aldeia sublime, ali, logo ali aos pés santos e promissores do planalto da Borborema, rainha brejeira, noiva encantada de Argemiro, enamorada dos plebeus, princesa dos nobres, Atlanta dos tropeiros, eis Campina Grande, terra de gênios, santuário de Nossa Senhora da Conceição. E, foi nesse Olimpo de belezas siderais, que nasceu na data de amanhã, 28 de julho do ano em curso, Ana Maria de Gouveia, A PRECURSORA.

“Poeira” (apelido de família, por causa dos cabelos finos), a menina sapeca que aos oito anos de idade já estudava acordeom – instrumento que costumava tomar por empréstimo a vizinha estimada, uma irmã do cantor Capilé; “aninha” (apelido de amigos), aqueles que a acolheram no regaço da juventude e juntos edificaram castelos quase indestrutíveis de sonhos; e “diva”, alcunha que mais se identifica porque veio da genialidade que trouxera de berço, do talento caudal que não se esmera para aparecer, porque já aparece refinado e lapidado; dos gestos meigos e delicados, e da sensibilidade aflorada para “o barulho que pensa” a música – sentenciou Victor Hugo.

A cantora lírica que tem a voz de anjo, candura de criança e a postura de deusa. Filha de Pedro Benjamim de Gouveia, empresário austero, comerciante competente, exportador perspicaz das fibras que brilharam sob os céus de Campina Grande, o ouro branco dos matutos - o velho algodão - e os fios dourados do nobre cariri – o agave. O flautista nas horas de reflexões trazia também nas veias o sangue azul das legendas de Areia; e de dona Iraci Figueiredo de Gouveia, mãe presente, genitora prendada, lidadora incansável, coadministradora da empresa da família. Soprano de voa leve que atinge notas agudas só para agradar os ouvidos de Deus, assim era dona Iraci quando cantava nos eventos religiosos.

Pais dedicados e atenciosos que receberam dos céus as bênçãos sagradas para a maior de todas as missões: construir uma família. A primeira igreja – o primeiro altar - o escrínio de todo amor de Deus para edificar a humanidade.

Ano passado quando aqui cheguei, encontrei uma operação de guerra. Um exército aguerrido de funcionários se esmerando na vassoura para lavar os pecados aqui cometidos por pessoas insensíveis; essa atitude me fez lembrar – João Batista, o precursor obstinado, que lavara no Rio Jordão os pecados dos judeus; porque lavar significa tornar limpo o que era sujo, e renovar o que era velho.

Assim, fez à precursora, quando assumiu como vice-presidente e interinamente a presidência, limpou toda sujeira, aplainou as veredas, endireitou os caminhos, alargou as estradas.

Após esse feito, eis a notícia que causou um alvoroço sóbrio e gerou uma expectativa comedida: a nomeação de Maurício Navarro Burity, para assumir a presidência da Fundação Espaço Cultural da Paraíba. Um jovem gestor de muita verve, capacitado nos bancos da Universidade e experimentado na iniciativa privada, trouxe todo seu potencial para a administração pública.

Trouxe também um coração esbanjando sentimento de zelo pela obra concebida pelo seu pai, porém adverte o tribuno: “que quanto maior é o sentimento, maior é o martírio”. E assim, podíamos ver nos seus olhos a dor estampada com o descaso em que se encontrava o patrimônio cultural do povo da Paraíba – relíquia do governo Burity.

Mas, o gestor indômito não se quebrantou com os desafios encontrados, os quais lhes serviram de alento para as conquistas insondáveis, reforçando o que dissera Da Vinci: “não se volta quando a meta é a estrela”. Em menos de um ano sem alarde já se via o resultado do trabalho do restaurador, ratificando o que disse Rhoden: “falar é bom – calar é melhor – pensar é necessário – intuir é suficiente”.

Hoje, O Presidente Maurício Navarro Burity e a vice-presidente Ana Maria de Gouveia, estão de parabéns. Primeiro pela passagem dos respectivos aniversários, segundo, por devolverem ao povo da Paraíba, já recuperada e em plena condição de uso a Fundação Espaço Cultural da Paraíba e seus equipamentos culturais.

Caros aniversariantes, “pelo muito que fizeram apareceram muito, e brilharam muito mais. Em grande conta centenas de admiradores os aplaudem e em escala exponencial, invejosos os criticam. Os que lhes admiram e os que lhes aplaudem, oferecem-lhes, assim como nós, uma oportunidade para que úteis possam ser a terrinha que se fez pequenina para tornar os seus filhos gigantes”, a nossa lindíssima Paraíba!

Esta é a nossa saudação. Muito obrigado!


João Pessoa-PB, 27 de julho de 2010.

Mário Bento de Morais

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