quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A MISÉRIA GENEROSA CONSTRÓI/MANÇÕES SOFISTICADAS PARA POBRE.


Eia, sus! Os vulneráveis por fim,

Vão morar em belíssimas mansões,

Num airoso condomínio fechado,

Por obra das boas intenções 

D'um gestionário iluminado

Às angústias dos ricos dedicado,

Haja vista, ser essa a causa nobre,

Que a consciência justa lhe condói:

A miséria generosa constrói 

Mansão sofisticada para pobre.


Os desvios justos foram o germe

Dos que sofrem felizes lá no cimo,

Sem recursos que lhes deem abrigos

Às famílias que esbanjam sem arrimo,

Mas sem punir a quem se fez o bem

Quando há tantos por aí que vão além,

Com o bornal abarrotado de cobre,

Que a ferrugem tenta, mas não corrói

A miséria generosa constrói 

Mansão sofisticada para pobre.


Há um bem acima da improbidade,

Que aquece na forja a nota fiscal

No limite permitido por lei

Ato discricionário vacal,

Que orienta conduz licitações,

Geri, controla, chefia as ações 

Cuidando para que ninguém exprobre,

Transformando-se num falso herói 

A miséria generosa constrói 

Mansão sofisticada para pobre.


A lama otimista guarda a ganância,

Que vive como o abutre, espreitando,

A presa que por infeliz destino,

Exponhe-se a morte se descuidando!

Essa presa é o pobre despojado,

Pelas as injustiças, calejado,

Por carregar a cruz da vida sobre

Os ombros chagados, aí como dói!

A miséria generosa constrói 

Mansão sofisticada para pobre!


Mário Bento de Morais

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

SAUDADE


Saudade não me atormentes,

Preciso viver em paz!

Não te bastas eu perde-la

por quê te fazes audaz?

Com ela trouxeste a dor

Para que em forma de amor

Submetas meu coração.

Por quê tanta selvageria,

Tanta fereza, grosseria,

Maldade e perseguição?


Por quê saudade, por quê

Esse ódio carbonizado?

O que te fiz, qual o mal,

Por esse ranço enraizado?

Tornaste feroz carrasco

No rosto desprezo, asco,

Exibidos na expressão

De tua figura abstrata

Que me condena, maltrata

Só por mísera obsessão.


Vives a punir quem ama

Envilecendo o perdão

E, por seres mal amada

Inventaste a solidão.

Só por inveja e vaidade

Feriste a felicidade,

Matando completamente

A vida que há no amor

Deixando tristeza e dor

Machucando-a plenamente.


Saudade tu te alimentas

D'um sentimento fecundo

Natural da ilha das lágrimas 

Que fica no mar profundo,

Onde, ás vezes, se segrega,

O coração que se entrega

Intensamente encantado.

Por um bem além, distante,

Embora injusto, inconstante,

Mas que se ama deslumbrado.


O quê a saudade seria,

Se não existisse o amor?

Talvez um rude espinheiro

Num deserto abrasador,

Sem dar sombra nem encosto,

As intempéries exposto

Relegado na vastidão

Naquele mundo sozinho,

Nem pouso de passarinho

Comovia-lhe a solidão.


Mário Bento de Morais

MOTE/ FOI BONITA ESSA MULHER/QUE CAMINHA NA AVENIDA


Tudo nesta vida passa

Os caminhos, os atalhos,

As borrascas, os orvalhos,

O tempo que descompassa

O limite que ultrapassa

A corrida pela vida,

Que muito embora sofrida

Ninguém a deve tolher

Foi bonita essa mulher

Que caminha na avenida.


A beleza perde o brilho,

A graça ao passar dos anos

Desbota-se em desenganos,

Quando o desdém é empecilho,

A humildade deixa o trilho

Pra seguir linha perdida

Move-se despercebida 

No tempo de se colher

Foi bonita essa mulher,

Que caminha na avenida.


O encanto vai se esvaindo

Escorrendo entre os dedos

Para esconder os segredos,

Que lhe restaram sorrindo.

A imagem lhe foi fugindo

Aos poucos e sem saída 

Tornou-se enfim, esquecida,

Sem ninguém pra lhe acolher:

Foi bonita essa mulher,

Que caminha na avenida.


A idade desfaz os sonhos

Fecundos da mocidade,

Ao despertar a vaidade

Com seus dogmas enfadonhos,

Estilos torpes, medonhos,

Que a deixou descontraída,

Leve, solta, evoluída,

Para o seu mundo escolher:

Foi bonita essa mulher,

Que caminha na avenida.


Mário Bento de Morais

ENCANTO


Amei assim como a abelha,

Que docemente ama as flores

E se encanta com o néctar 

Mais que a beleza das cores,

Das belas folhas sedosas

Corolas maravilhosas

Ao vento descontraídas

Celebrando o esplendor,

Embriagadas de amor

E de emoções exibidas.


Essas loucuras sentidas:

Entregas, dengos, paixões,

Em cada encontro desejos

Cálidos, sem reflexões

Do vigor da intensidade,

Que incita a cumplicidade

Nas robustas relações 

Dos profundos sentimentos

Eternizando os momentos

Sublimes dos corações.


As divinas sensações

Sagazes de nossas almas,

visíveis em nossos sonhos

Nas noites frias e calmas,

Angelicais sopitavam

Na alcova se guardavam

Como dádivas do amor

Para o amor de quem ama

Sensualidade em chama,

Porém, velando o candor.


Ascende em nós um odor

D'um balsamo embevecido

Exalando a pura essência 

D'um cheiro desconhecido,

Que afeta diretamente

Toda estrutura da mente

À servidão emocional,

Mas são leves turbações 

Por forças das emoções 

Do amor incondicional.


Mário Bento de Morais

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

O PODER NÃO TEM RAZÃO/QUANDO O POVO É VICIADO.

 O homem se torna fruto

Da farsa que lhe motiva,

Urde sagaz narrativa

Expressando gesto bruto.

De mau-caráter, astuto,

Caricato angustiado,

Burlesco licenciado

Para ao logro dar vazão:

O poder não tem razão

Quando o povo é viciado.


Este lindo casarão

De formosa arquitetura,

Já foi um templo sagrado

No auge da monocultura,

Riqueza branca da terra,

Que logo a glória descerra

Como um plano anunciado,

Paradigma da obsessão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Era um símbolo de ousadia

Na excessiva adversidade,

Terra e homem se uniam

Em busca de liberdade,

Ideia cismava a mente

Meta, futuro mormente,

Tudo estava iniciado

Vislumbrando ascensão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Olhando pra aquele aspecto

De tristeza e abandono,

Não parece os velhos tempos

Da grandeza do seu dono,

Que sonhava construir

Algo para usufruir,

Porém, foi supliciado,

Por um póstero irrisão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Sólon da Silva Machado

Fora o idealizador

Daquela obra magnífica,

Ostentando o grande amor

Que sentia por Eulália 

Sua preferida dália

Que o tornava agraciado

Por lhe transluzir paixão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Aquela arte será escombros

Pela força da ganância,

Fraqueza do mau político 

Labrosta, sem importância?

Que não fez o tombamento

Do infausto monumento

Rudemente avariado,

Por dolorosa omissão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Mário Bento de Morais

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

MOTE/ EU NÃO TENHO O SEU AMOR/MAS AMO O AMOR QUE TENHO.

 

A enxergo, porém, não a vejo,

No entanto, a sua existência 

Sofre fatal influência,

Que chega a falta-lhe pejo.

Nos olhares o desejo

Do conquistador ferrenho,

Na boca dela um desenho

D'uma coração sedutor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor qu'eu tenho.


De fato, a sua beleza

Estimula, atrai, encanta,

Causa síncope até espanta

O olho sem delicadeza,

Qu'eivado de frivoleza

Fere o rosto, muda o cenho

Mesmo assim eu me contenho,

Lembrando da minha flor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor qu'eu tenho.


As curvas insinuantes

Presas a veste, sem crimes,

Porém, os alvos sublimes

Desconfortam os semblantes.

Sussurros desconcertantes

Vêm atordoar o engenho,

Mas estóico me mantenho

Conforme a Lei do Senhor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor Qu'eu tenho.


Rosto suave e bonito

Sabe que o menos é mais

Pois, não se excede jamais

Já que o encanto é finito,

Às vezes, um veranito

Com seu fraco desempenho,

Mas ao respeito me atenho

Para não fender a dor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor Qu'eu tenho.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

TUDO NOVO, MAS SEMPRE VELHO!


Titia, eu preciso ser prefeito

Para seguir com sucesso a tradição,

Já sei mentir sorrindo com alegria,

Prometer com empatia

Num falso aperto de mão.


Com competência sei o caminha da nota fria

E a estratégia pra fraudar licitação,

Dessa boquinha eu só quero sair rico

Meu salário eu multiplico

Meu robe é ostentação.


Todo meu plano é sair de bolso cheio,

Com esperteza eu vou superfaturar,

Terceirizando os serviços e a rachadinha

Eu formo uma dobradinha

Ninguém vai me segurar.


A minha luta vai ser desviar recursos

Para engordar a minha conta bancária,

O meu mandato fixei em oito anos

Vou realizar meus planos

Minha gestão vai ser hilária.


Mário Bento de Morais

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

O POVO TEM FOME DE LIBERDADE/OS PODEROSOS JANTAM A OPRESSÃO

 

Não queira ser feliz pela metade,

Porque o astroso o é do mesmo tanto,

A diferença estar em cada planto

Tomado pela alheia má vontade.

De fato, no fosso da tempestade,

Encontra-se sempre a falsa impressão

Atirada em rosto com a expressão:

Palerma - terno da sociedade - 

O povo tem fome de liberdade,

Os poderosos jantam a opressão.


O bem se completa com o respeito

Quando se o tem deveras a si mesmo,

Porém, alguns decidem viver a esmo,

Mas não se exclui o seu natural direito,

Embora um tanto se torne sujeito

A adoba que os conduz a concessão

Aceitando indolente transgressão

Obrigada pela necessidade,

O povo tem fome de liberdade,

Os poderosos jantam a opressão.


Aqui a nova forma de humilhar

Passa pela sujeição democrática

Necessária em meio a vida prática

Sob o ódio da fórmula de agrilhar

Pelos vis que não querem partilhar

Porque desejam manter sob pressão.

A loucura maldita da agressão,

Que fere de morte a realidade

O povo tem fome de liberdade

Os poderosos jantam a opressão.


A vaidade é o maná da injustiça,

Que sufoca os cantares da esperança

Cerceando o favor da temperança

Desistindo da bondade castiça,

Contudo, negar o bem enfeitiça

O tolo domável à submissão

Que o fez afeito sempre a invissão

Por natureza da má insanidade

O povo tem fome de liberdade,

Os poderosos jantam a opressão.


Mário Bento de Morais

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

A VERGONHA AVANÇA


As disputas pelas bocas

Ganham pautas nos jornais,

Os delinquentes em guerras,

Rixas brutas infernais,

O pó ditando o terror

Carnificina, horror,

O mal em caricaturas.

O massacre continua

Sob as mãos da dama-nua

Em suas descomposturas.


As formas dessas disputas

Diferem, porém, iguais -

As duas matam - são drogas,

Que embustecem os eguais.

Com seus modos singulares

Agridem a vida, os lares,

Em meio as cruéis torturas

Perversas vis ameaças,

Promessas chulas, trapaças,

Pilhagens nas conjunturas.


Fazem parte d'uma estrutura

Que esquadrinha a dor, a morte,

Lucra conforme a miséria

Do pobre infeliz sem sorte,

Massa fértil de manobra,

Ralé, indesejável sobra

De malditas conjecturas.

Presa dos lobos-da-terra,

Vítima fatal d'uma guerra,

Que se dar ás aventuras.


Muitos cheiram pra morrer

Outros morrem por fumar,

Uns matam pelo poder

E assim poderão premar,

Com pensamentos maldosos

Mesquinhos, insidiosos,

Os zumbis das desventuras.

Entre dois mundos atrozes

Foros de deuses ferozes,

Que se atem as imposturas.


Mário Bento de Morais

sexta-feira, 26 de julho de 2024

O IGNORANTE ACREDITA NAQUILO QUE ELE NÃO SABE E DESCONHECE A REALIDADE DAQUILO QUE ELE ACREDITA SABER.

 

                                        Credito de amigos de São Mamede

 A truculência raivosa

Flui na forma de progresso,

O passado caricato

Revigora o retrocesso,

D'um presente disfarçando

Que só se presta ao digresso.


A arrogância em excesso

Gera monstros no poder;

É fruto de escolha errada,

O povo tende a perder,

Os meandros da história

Pra depois se arrepender.


Porém, há de se entender,

A força que o voto tem!

Fazendo certo dá certo

A coesão se mantém,

Pois sendo a escolha certa

Nela a lógica se atém.


Assim, todos se atentem,

O futuro está nos dedos

Já que não há consciência,

Mas dilemas e segredos

Contados ao pé do ouvido

Como sussurros de enredos.


Mais forte do que torpedos

Promessas vencem o voto!

A sujeição democrática

Varre como terremoto,

Os destinos dos humildes

Pela causa do maroto.


Contudo, no mercado roto,

As ações da democracia

Estão cem por cento a venda

Procure a mediocracia

Corretora responsável

Com aval da aristocracia.


Eia! Sus, a democracia!

Forte, avante, vai sem rumo,

Cofre versos doma tolos

Jardim sem plano nem prumo, 

Sonhos superfaturados,

Fontes de bens e consumo.


Mário Bento de Morais

quarta-feira, 17 de julho de 2024

MOTE/COM AS BENÇÃOS SOLENES DA JUSTIÇA/CRIMINALIZA-SE A HONESTIDADE


As chicanas povoam o direito

Para postergar ou impor embaraços,

Daqueles do tipo João sem braços,

Que ferem os aspectos do conceito

Sorvendo a moral proba do respeito

Jurídico, desviando a verdade,

Do caminho da santa liberdade

Torturada pelo ego da cobiça:

Com as bençãos solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Nos tribunais os recursos desabam

Pelas vias vivas das veniagas,

Amoitadas por trás das contas pagas

Tradições que nunca se acabam,

Nas coxias os atores se gabam

Dos atos cênicos de iniquidade

Em cartaz nos teatro da cidade

Apresentando lotação maciça:

Com as benções solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Vende-se a razão a troco de subornos

Estes são os valores da consciência 

De alguns doutos postos em evidência,

Que servem aos maus hábitos de adornos.

Quando flagrados alegam transtornos

Ou que não houve irregularidade

Porque preza por sua idoneidade

E nem a sua honra desperdiça:

Com as bençãos solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Não há antídoto que cure a ganância

Nem lei robusta que agasalhe o fraco,

Tão pouco um laço que apanhe o velhaco,

Ou o soberbo censurar a arrogância.

O cético deixar a petulância,

A cognição vê Deus com humildade,

O que julga não ter cumplicidade,

Mas o condão da entidade castiça:

Com as bençãos solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Mário Bento de Morais

quarta-feira, 10 de julho de 2024

OS ESTULTOS CULTURAIS/CEIFAM OS BENS DA HISTÓRIA

 

Foi Dona Celly Vianna

Filantropa afetuosa,

Que concedeu às lavadeiras

Está sombra generosa,

Que lhes trouxe dignidade

Este gesto de bondade

Vive ainda na memória

Com registros nos anais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da história.


São Mamede está perdendo

As marcas da identidade

Construídas pelo povo,

Mas a perfídia vaidade

D'um vândalo carcomido

Com seu perfil exibido

Destrói ou louros da glória

Dos nossos bons ancestrais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.


Tonha preta, filha nobre,

Vítima da ignorância,

Que só conheceu a labuta

Desde a mais tenra infância,

Teve que ser serviçal

D'uma elite desleal,

Desumana, predatória,

Com seus conceitos banais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.


Dona Cícera Gouveia

E Francisca de Rosendo

Ao lado de outras mulheres

Nesse trabalho sofrendo

Sob um sol forte escaldante

Que lhes deixavam distante

Do começo da vitória

Para os sonhos irmanais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.


Genocídio cultural

Vitimou a Cely Vianna,

Um bem fruto do trabalho

D'uma gente soberana.

Mas o parvo embrutecido

Com seu ódio endurecido

E uma maldade notória,

Exala seus dons danais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.


MOTE/LIMITE INVENÇÃO DO AVARO/PARA FRUSTRAR O PRAZER...

Não dotaram o simplório

Do direito de pensar,

Mas se sente suasório

Quando costuma incensar.

Essa é a arte que lhe coube

Pois de fato nunca soube

Doutra coisa pra fazer

Por ser um infausto ignaro

Limite invenção do avaro

Para frustrar o prazer...


Vê Deus, mas reza ao diabo

Seu melindroso comparsa,

Que sobre o lixo do estrabo

Traçam os planos da farsa,

Nutrem o ego de maldade

Causando a sociedade

A ideia de benfazer,

Mas lhe pesa o despreparo

Limite invenção do avaro

Para frustrar o prazer...


Sonda a forma de enganar

Pelos meios presunçosos,

Quer a todos dominar

Com seus dogmas ardilosos.

Só faz o que lhe convém

Trata os outros com desdém

De fato é mais um blazer,

Que se sente um homem raro:

Limite invenção do avaro

Para frustrar o prazer...


Tem a lógica da inveja,

Sonha em alcançar a glória,

Mas, ás vezes, esbraveja

Reclamando da História,

Que lhe nega o alcândor

Do triunfo, do esplendor

Para seu "eu" satisfazer,

No entanto, tem pouco faro:

Limite invenção do avaro

Para frustrar o prazer..



quinta-feira, 13 de junho de 2024

MOTE/NOS BANQUETES OS CHACAIS/EXIBEM A ALMA DO POVO.

São Feras que matam mais

Do que vaidades de guerra,

Ferem mais que a falsidade

Da justiça aqui da terra,

Que nas planícies lautas

Dos sonhos de suas pautas

Buscam um destino novo

Em meios aos alvos reais:

Nos banquetes os chacais,

Exibem a alma do povo.


Caçam nas veigas gentis,

As presas fracas, cansadas,

Para as tê-las sob o julgo

Das benesses fracassadas.

As quais, são meros projetos

Sem objetivos concretos

Que têm dos pares o aprovo,

Porque são todos iguais:

Nos banquetes os chacais,

Exibem a alma do povo.


Sentem-se úteis á injustiça,

Ao sustentarem o atraso,

Estão aptos aos dons do mal

Que se dão com o descaso

Ás favas ao bem comum!

Negando para cada um

Os cajás d'um mundo novo

Com seus modos radicais:

Nos banquetes os chacais,

Exibem a alma do povo.


Sem arte, espalham prosápias

Pelo vento que os despreza,

Nem se lhes lançam a luz

Nas manhãs da natureza.

Esses demônios humanos

Perseguem, fazem planos

Roendo as sujeiras do ovo

Como sempre nos comesais:

Nos banquetes os chacais

Exibem a alma do povo.


Mário Bento de Morais

sexta-feira, 17 de maio de 2024

15 DE AGOSTO DE 2023 - A HISTORIA.


15 de agosto... A desonra

Veio trazer dor e choro

Ao meio já calejado

De insalubre desaforo

Da pobreza combalida,

Insatisfeita, falida,

Pela falta de decoro.


Insípido e inodoro,

Mas por graça da franquia

Tornou-se as dores do povo,

Que sem razão o delinquia,

como se um gens do passado

Voltasse, sedento, ousado,

Oh! sus! Velha oligarquia!


Eia! Tempo de anarquia

Com o voto encabrestado:

A "servidão voluntária"

Sob o chicote arretado,

Que no ar fazia uma dança,

No corpo grave mudança

Sobre o lombo do coitado.


Mas o verdugo espritado

Tinha poder sobre a vida,

Dominava a dor da morte

Em vista a sorte vencida

Pela fraqueza humana

Vestida de soberana,

Mas moralmente ofendida.


Oh! Meu ramo foi doída

As manhãs sem liberdade,

Morre-se a primeira morte

Sem viver a eternidade

Pagando os onze pecados

Todos criminalizados

Pela força da vaidade.


O ímpeto da tempestade

Sobre os destinos avança

E desaba incontinente

Sem margem para lembrança,

Assim os velhos costumes

Trazem inférteis estrumes

Que incendem desesperança.


Vinte e seis. Sus! Tem festança,

Céu azul, plena claridade!

Ar puro, afável, profundo...

Eis o que é a liberdade,

Comparada a servidão.

Oh! Pergunte ao cidadão

A cor da sociedade.


Mário Bento de Morais

quarta-feira, 15 de maio de 2024

SONETO/ OS VERSOS CEM FORMA


Todos assistiram ao desespero

Póstumo de tuas velhas vaidades

Vividas no submundo das maldades

Porção inferior de teu destempero.


Em luto a nudez de tuas verdades

Disformes motivos de teu exagero

Intenso, sem suscitar refrigero,

Para dedica-se as frivolidades.


No entanto, a tua festa continua

Em desfile pelas dores da rua,

Absorvidas nos concertos do fumo,


Assim as ambições se dão ao cansaço,

As veleidades se vão pelo espaço

A vida se torna uma nau sem rumo.



Mário Bento de Morais

terça-feira, 23 de abril de 2024

SONETO/A MEMÓRIA DO TEMPO

O tempo, monstro audaz, desagradável.

Lapim soberbo da humanidade,

Que mirra, aos poucos, a venustidade,

Da Criação Perfeita do Insondável.


Misantropo a humana airosidade,

De cuja vida, o cálculo findável, 

Tortura o querer ser inolvidável,

Porém, só alguns terão a eternidade!


Como? Póstumos? Sim. Talvez os vícios

Sejam os derradeiros benefícios

Á memória morta e o tempo vivo.


Legado que jamais será seguido

E desse modo viverá esquecido

Nos labirintos frios d'um arquivo.


Mário Bento de Morais

segunda-feira, 18 de março de 2024

XOTE DO POVO

 Xote em Comemoração aos 70 anos de Emancipação Política de São Mamede.

01/05/1954 a 01/05/2024


ESTÁ SE ACABANDO CORRAM, VENHAM CONHECER,

SÃO MAMEDE EM POUCO TEMPO PODE DESAPARECER.

 Refrão

Pois o atraso já virou realidade,

A franquia uma verdade

E oito anos de poder,

Tem festa e fome, ratos no meio do terreiro,

Mala cheia de dinheiro

Alavantu anarriê.


Sem ter mudança a fraude cresce, o mal prospera,

A tirania impera

Agiganta-se o poder.

Nas mãos de poucos a vida é presa a servidão,

Tédio, prazer, danação

 Na farra de são saruê.

Refrão

A rapinagem fez histórias nos jornais,

Registrou-se nos anais

Para a Paraíba ver,

Malversação não é um sistema novo,

Que despoja e engana o povo

Como prática do poder.


Quando acontece um lance mal calculado

E o esbulho dá errado,

Escândalos, cana e auê,

Vem logo á tona e é disso que o povo gosta

Fica a ferida exposta

Num enorme fuzuê.

Refrão


Mário Bento de Morais

terça-feira, 5 de março de 2024

OS SERVOS DA OLIGARQUIA/ESPERAM VIDA APÓS MORTE

Poema em comemoração aos 70 anos de São Mamede

de 01/05/1954 a 01/05/2024


Pobres, sem direito a sonhos,

Reclamam quedos da sorte!

Desejam viver felizes

Mas não têm uma alma forte

Contra a rendosa anarquia,

Os servos da oligarquia

Esperam vida após morte.


Têm a canga no pescoço

Que lhes servem de suporte,

Uma identificação

Com força de passaporte

Para o plano de franquia

Os servos da oligarquia

Esperam vida após morte.


Franqueado por oito anos,

Sem o apoio da coorte

Ficou burgomestre apenas

Pendido sem ter um norte

Reverso a hierarquia,

Os servos da oligarquia

Esperam vida após morte.


Numa jogada sem cálculos

Expôs os pares consorte,

Enxergando os dividendos

De formidável aporte

Era a parte que extorquia

Os servos da oligarquia

Esperam vida após morte.


Outros lances arriscados

Eram o melhor esporte!

Guarda mala para os malas

Com segurança e transporte

Capital á fidalguia

Os servos da oligarquia

Esperam vida após morte.


Mário Bento de Morais

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

MOTE/A LATADA DO TERREIRO ERA A FONTE/QUE FARTAVA A BULIMIA DA MALA.

 Poema em comemoração aos 70 anos de emancipação política  de São Mamede

01/05/1954 a 01/05/2024


A alegria era parte da maldade

Infinita á cacimba da ganância,

Oriunda da abjeta petulância

Império presumido da vaidade,

Flor fértil da irracionalidade

Que ainda tem o ranço da senzala

Sufocando o gemido de quem fala

Pela força da malta brutamonte,

A latada do terreiro era a fonte

Que fartava a bulimia da mala.


Pão e circo, o "banquete". Eia, viva o Rei!

Vibrava a multidão embriagada

De angústia e moralmente fadigada,

Domando a dor ao arrepio da lei,

Sonda-se o canto leve com Sirlei

Ao deus como preceitua a cabala,

Legitimando o grito que se cala

Nas ágoras sem a paz que o afronte,

A latada do terreiro era o fonte,

Que fartava a bulimia da mala.


Os acordes despertavam o eirado

Despedindo-se do dia faminto,

No monturo soturno do recinto

O rentismo se dava celerado.

Pelas mãos do eufórico desairado,

A honradez melindrosa se abala 

Cai por terra e na cautela da sala

Ouve a ordem soberana do arconte

A latada do terreiro era a fonte,

Que fartava a bulimia da mala.


Os sorrisos enfeitavam a noite,

Mas os rostos refletiam o dia

Tedioso, servil, sem ousadia,

Sem éolo nem borrasca que o açoite,

Nem ao menos a aragem da sonoute

Acalmava a tempestade que embala

A tristeza da chusma que combala

Com o peso da morte sobre a fronte,

A latada do terreiro era a fonte,

Que fartava a bulimia da mala.


Mário Bento de Morais


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

OS 70 ANOS DE SÃO MAMEDE

1º de maio de 1954/2024

 

Vais fazer 70 anos,

Mas parece uma menina,

Estais mais linda, formosa,

Diva da cor nordestina!

Eia! Animo, siga em frente

Vibrante, tenaz, valente,

À luz lauta da história

Eia! Sus, bela faceira,

Ninfa d’alma brasileira,

Erguida no pátrio da gloria.

 

E os sonhos, os ledos sonhos,

As lembranças liriais

Dos tempos idos, felizes,

Guardados especiais.

Para sempre enaltecidos

Memoráveis aplaudidos

No outono em ato civil

Nas mãos puseste o destino

Em desejo descortino

Avante à sombra gentil.

 

Em frente, rumo ao alcândor

Empíreo das divindades,

Dentre elas, és a mais bela,

A mais pura das deidades.

Veneráveis teus encantos

De veras são sacrossantos

indelevelmente eternos.

São mimos da natureza

Esses teus dons de beleza

Infinitamente ternos.


Airosa emanas perfume

De deliciosa essência,

Que nem o nume Nefertem

No auge de sua “existência”,

Em Mênfis fora moscada,

Olorosa e evocada

Por seu odor agradável,

Mas tu sempre a mais divina,

Mais casta, mais cristalina,

D’uma origem formidável.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

MOTE/ QUEM FRAUDA NÃO PAGA A CONTA/NEM A JUSTIÇA CONDENA


As castas da corrupção

Continuam dando as cartas,

São personagens lagartas

Das famílias tradição.

Sugadoras da Nação

Vendem uma alma serena

Com humildade pequena,

Rosnam em timbre de afronta:

Quem frauda não paga a conta

Nem a justiça condena.


Castas são falsos estratos

Monstros da sociedade,

Que manifestam maldade

Aos de glóbulos abstratos,

Que sob tutela e maus-tratos

Pagam eterna cadena

Sem crimes penam a pena

Deixando a verdade tonta:

Quem frauda não paga a conta

Nem a justiça condena.


Essa corja se faz nobre,

Mas tem a memória morta

Pois, só o letargo conforta

E o olvidamento encobre.

Porém, a razão descobre

Toda matula e ordena,

Que se desarrume a cena

Dessa vergonha de ponta:

Quem frauda não paga a conta

Nem a justiça condena.


Presumam a lei cumprida

Como diz na isonomia,

Que a premissa da eunomia

É a regra comum da vida 

Embora a estola agrida

Solfejando cantilena

Ou se rumine kalena

Infâmia que desaponta:

Quem frauda não paga a conta

Nem a justiça condena.


As castas vivem na moita

E quase nunca aparecem,

São niquentas que merecem

Alguma forma de coita,

Não de amor, mas a que açoita

A indignidade terrena

Dessa gente que só encena,

Porém, na surdina apronta:

Quem frauda não paga a conta

Nem justiça condena.


Mário Bento de Morais

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

AS DANAÇÕES DO TERREIRO

 

Foi determinado em ouro

O preço da liberdade,

Assassinando a justiça

Causando perplexidade,

Trazendo desassossego

Para o povo da cidade.


Ganhou notoriedade

Esse fato inusitado,

Justificou-se o desmando

Sendo o direito acoitado

Pelo braço da justiça

Com o chicote azeitado.


Já muito debilitado

Sem forças pra reação,

O direito cambaleia

Em transe de prostração

Sob vaias e zombarias,

Escarnio e humilhação.


Essa amarga sensação

De dantesca injustiça,

Alimenta o mau costume

Atrativo que enfeitiça,

Validando a indecência

Dogma da real cobiça.


Mas impunidade atiça

A ganância, a corrupção,

Veniagas nos terreiros,

Expertises, obrepção

Nos cavoucos dos embustes

Monturo de excepção.


Não se edifica a Nação

Sobre os ossos dos antigos

Escravizados e mortos,

Outros, míseros mendigos,

Sob o relho da mamparra

Que os sustenta com castigos.


Enfim, falares ambíguos

Tem a gente melindrosa,

Que se arvora preferida

Dos deuses, dádiva airosa,

Que desfruta de benesses,

Com sua mente asquerosa.