O homem se torna fruto
Da farsa que lhe motiva,
Urde sagaz narrativa
Expressando gesto bruto.
De mau-caráter, astuto,
Caricato angustiado,
Burlesco licenciado
Para ao logro dar vazão:
O poder não tem razão
Quando o povo é viciado.
Este lindo casarão
De formosa arquitetura,
Já foi um templo sagrado
No auge da monocultura,
Riqueza branca da terra,
Que logo a glória descerra
Como um plano anunciado,
Paradigma da obsessão:
O poder não tem razão,
Quando o povo é viciado.
Era um símbolo de ousadia
Na excessiva adversidade,
Terra e homem se uniam
Em busca de liberdade,
Ideia cismava a mente
Meta, futuro mormente,
Tudo estava iniciado
Vislumbrando ascensão:
O poder não tem razão,
Quando o povo é viciado.
Olhando pra aquele aspecto
De tristeza e abandono,
Não parece os velhos tempos
Da grandeza do seu dono,
Que sonhava construir
Algo para usufruir,
Porém, foi supliciado,
Por um póstero irrisão:
O poder não tem razão,
Quando o povo é viciado.
Sólon da Silva Machado
Fora o idealizador
Daquela obra magnífica,
Ostentando o grande amor
Que sentia por Eulália
Sua preferida dália
Que o tornava agraciado
Por lhe transluzir paixão:
O poder não tem razão,
Quando o povo é viciado.
Aquela arte será escombros
Pela força da ganância,
Fraqueza do mau político
Labrosta, sem importância?
Que não fez o tombamento
Do infausto monumento
Rudemente avariado,
Por dolorosa omissão:
O poder não tem razão,
Quando o povo é viciado.
Mário Bento de Morais
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