quinta-feira, 28 de novembro de 2024

O PODER NÃO TEM RAZÃO/QUANDO O POVO É VICIADO.

 O homem se torna fruto

Da farsa que lhe motiva,

Urde sagaz narrativa

Expressando gesto bruto.

De mau-caráter, astuto,

Caricato angustiado,

Burlesco licenciado

Para ao logro dar vazão:

O poder não tem razão

Quando o povo é viciado.


Este lindo casarão

De formosa arquitetura,

Já foi um templo sagrado

No auge da monocultura,

Riqueza branca da terra,

Que logo a glória descerra

Como um plano anunciado,

Paradigma da obsessão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Era um símbolo de ousadia

Na excessiva adversidade,

Terra e homem se uniam

Em busca de liberdade,

Ideia cismava a mente

Meta, futuro mormente,

Tudo estava iniciado

Vislumbrando ascensão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Olhando pra aquele aspecto

De tristeza e abandono,

Não parece os velhos tempos

Da grandeza do seu dono,

Que sonhava construir

Algo para usufruir,

Porém, foi supliciado,

Por um póstero irrisão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Sólon da Silva Machado

Fora o idealizador

Daquela obra magnífica,

Ostentando o grande amor

Que sentia por Eulália 

Sua preferida dália

Que o tornava agraciado

Por lhe transluzir paixão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Aquela arte será escombros

Pela força da ganância,

Fraqueza do mau político 

Labrosta, sem importância?

Que não fez o tombamento

Do infausto monumento

Rudemente avariado,

Por dolorosa omissão:

O poder não tem razão,

Quando o povo é viciado.


Mário Bento de Morais

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