As chicanas povoam o direito
Para postergar ou impor embaraços,
Daqueles do tipo João sem braços,
Que ferem os aspectos do conceito
Sorvendo a moral proba do respeito
Jurídico, desviando a verdade,
Do caminho da santa liberdade
Torturada pelo ego da cobiça:
Com as bençãos solenes da justiça
Criminaliza-se a honestidade...
Nos tribunais os recursos desabam
Pelas vias vivas das veniagas,
Amoitadas por trás das contas pagas
Tradições que nunca se acabam,
Nas coxias os atores se gabam
Dos atos cênicos de iniquidade
Em cartaz nos teatro da cidade
Apresentando lotação maciça:
Com as benções solenes da justiça
Criminaliza-se a honestidade...
Vende-se a razão a troco de subornos
Estes são os valores da consciência
De alguns doutos postos em evidência,
Que servem aos maus hábitos de adornos.
Quando flagrados alegam transtornos
Ou que não houve irregularidade
Porque preza por sua idoneidade
E nem a sua honra desperdiça:
Com as bençãos solenes da justiça
Criminaliza-se a honestidade...
Não há antídoto que cure a ganância
Nem lei robusta que agasalhe o fraco,
Tão pouco um laço que apanhe o velhaco,
Ou o soberbo censurar a arrogância.
O cético deixar a petulância,
A cognição vê Deus com humildade,
O que julga não ter cumplicidade,
Mas o condão da entidade castiça:
Com as bençãos solenes da justiça
Criminaliza-se a honestidade...
Mário Bento de Morais
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