Eia, sus! Os vulneráveis por fim,
Vão morar em belíssimas mansões,
Num airoso condomínio fechado,
Por obra das boas intenções
D'um gestionário iluminado
As angústias dos ricos, dedicado,
Haja vista, ser essa a causa nobre,
Que a consciência justa lhe condói:
A miséria generosa constrói
Mansão sofisticada para pobre.
Os desvios justos foram o germe
Dos que sofrem felizes lá no cimo,
Sem recursos que lhes deem abrigos
Às famílias que esbanjam sem arrimo,
Mas sem punir a quem se fez o bem
Quando há tantos por aí que vão além,
Com o bornal abarrotado de cobre,
Que a ferrugem tenta, mas não corrói
A miséria generosa constrói
Mansão sofisticada para pobre.
Há um bem acima da improbidade,
Que aquece na forja a nota fiscal
No limite permitido por lei
Ato discricionário vacal,
Que orienta conduz licitações,
Geri, controla, chefia as ações
Cuidando para que ninguém exprobre,
Transformando-se num falso herói
A miséria generosa constrói
Mansão sofisticada para pobre.
A lama otimista guarda a ganância,
Que vive como o abutre, espreitando,
A presa que por infeliz destino,
Exponhe-se a morte se descuidando!
Essa presa é o pobre despojado,
Pelas as injustiças, calejado,
Por carregar a cruz da vida sobre
Os ombros chagados, aí como dói!
A miséria generosa constrói
Mansão sofisticada para pobre!
Mário Bento de Morais
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