domingo, 1 de maio de 2022

VERSOS AO MUNDO

 O ciclo comum da vida

Precisa ser bem trilhado

Viver bem o bem viver

Perdoar-se partilhado

Oferecer-se à partilha

Sem se sentir humilhado.

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Os sonhos que o povo sonha

Morrerão ainda criança

Sem cueiros nem arrimos

Desnudos sem esperança

Nos homens que por usura

Ferem a perseverança.

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Somos três em uma vida

O espírito, eu e a sombra,

Mas somos apenas um

Na tempestade solombra,

Que quase sempre nos chega  

Por via que nos assombra.

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Não é bom querer enxergar

Pelo olho mudo do cego

Nem ver o que só ele ver

Sob ponto de vista árdego,

Pois quem estrema o olhar

Mergulha em desassossego.

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Desde a mais tenra idade

Guardo no baú da lembrança

E a conservo como dogma

Pra viver com temperança

Dote da última que morre

Relíquia da esperança.

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A volta do filho pródigo

Um exemplo de perdão.

Pai, esse teu filho insensato

Gastou o ultimo tostão,

Agora abraças com festa?

Meu filho, este é teu irmão!

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Chegamos aqui sem nada

Chorando, nu, sem discurso.

Crescemos na caminhada

Com tropeços no percurso.

Nos primórdio da infância

Aprendemos a ganância

Construída na jornada.

Mas nada vamos levar

Por que devemos brigar

Se partiremos sem nada?

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Não sei porque desse nada

Alça-se a própria ruína;

Em cada passo pro nada

Segue-se a mesma rotina.

Indiferente a si mesmo

Navega no mundo a esmo

Pelo mar espurco d’alma

Que vive por não ter sonhos

Pelos desertos medonhos

Debilitando-se em trauma!

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O poder tem prazo de validade,

Envelhece no lodo do cinismo

Sem aceitar o julgo do ostracismo

Definha esdrúxulo à realidade.

Vai-se a cobiça da imortalidade

Pelos dedos trêmulos da razão

Morta na síntese da conclusão

Dos acordos de falsa consciência

Sacrificada por falta de decência

Distintivo comum da colusão.

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O poder não é solidário

Nem afeito a divisão

Não se dar bem com o povo

Fecha-se na dimensão

Sórdida do mau caráter

No covil da colusão.

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Ama apenas a si mesmo

Dedica o tempo a usura,

Nos refolhos dos desvarios

Acomoda-se a clausura

Antro das inanidades

De incomparável mesura.

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Os que vendem o maná da justiça

Morrerão no palanque do ostracismo.


Acham-se Deus! Quando apenas um servo

Para servir com zelosa medida,

Justa sem pender em causa cedida,

Contrafeita; tornando-se vil, pervo,

Porque já basta das faltas o acervo

Que represa no povo pirronismo

Sufocando a moral do civilismo

Cauterizada no ego da cobiça,

Os que vendem o maná da justiça

Morrerão no palanque do ostracismo.

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Os conselhos são usados como lura

Aos veneráveis que andam no gardanho

Praticando nas quitandas o ganho

Se valendo da lenda de cordura.

Sem júri nem prudência futura

Cessarão dos bilontras o ativismo,

Que se valem do vil imobilismo

Do povo que por nada se enfeitiça

Os que vendem o maná da justiça

Morrerão no palanque do ostracismo.

 

Mário Bento de Morais

 

 

 

 

 

 

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