O ciclo comum da vida
Precisa ser bem trilhado
Viver bem o bem viver
Perdoar-se partilhado
Oferecer-se à partilha
Sem se sentir humilhado.
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Os sonhos que o povo sonha
Morrerão ainda criança
Sem cueiros nem arrimos
Desnudos sem esperança
Nos homens que por usura
Ferem a perseverança.
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Somos três em uma vida
O espírito, eu e a sombra,
Mas somos apenas um
Na tempestade solombra,
Que quase sempre nos chega
Por via que nos assombra.
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Não é bom querer enxergar
Pelo olho mudo do cego
Nem ver o que só ele ver
Sob ponto de vista árdego,
Pois quem estrema o olhar
Mergulha em desassossego.
Desde a mais tenra idade
Guardo no baú da lembrança
E a conservo como dogma
Pra viver com temperança
Dote da última que morre
Relíquia da esperança.
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A volta do filho pródigo
Um exemplo de perdão.
Pai, esse teu filho insensato
Gastou o ultimo tostão,
Agora abraças com festa?
Meu filho, este é teu irmão!
Chegamos aqui sem nada
Chorando, nu, sem discurso.
Crescemos na caminhada
Com tropeços no percurso.
Nos primórdio da infância
Aprendemos a ganância
Construída na jornada.
Mas nada vamos levar
Por que devemos brigar
Se partiremos sem nada?
Não sei porque desse nada
Alça-se a própria ruína;
Em cada passo pro nada
Segue-se a mesma rotina.
Indiferente a si mesmo
Navega no mundo a esmo
Pelo mar espurco d’alma
Que vive por não ter sonhos
Pelos desertos medonhos
Debilitando-se em trauma!
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O poder tem prazo de validade,
Envelhece no lodo do cinismo
Sem aceitar o julgo do ostracismo
Definha esdrúxulo à realidade.
Vai-se a cobiça da imortalidade
Pelos dedos trêmulos da razão
Morta na síntese da conclusão
Dos acordos de falsa consciência
Sacrificada por falta de decência
Distintivo comum da colusão.
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O poder não é solidário
Nem afeito a divisão
Não se dar bem com o povo
Fecha-se na dimensão
Sórdida do mau caráter
No covil da colusão.
Ama apenas a si mesmo
Dedica o tempo a usura,
Nos refolhos dos desvarios
Acomoda-se a clausura
Antro das inanidades
De incomparável mesura.
Os que vendem o maná da justiça
Morrerão no palanque do ostracismo.
Acham-se Deus! Quando apenas um servo
Para servir com zelosa medida,
Justa sem pender em causa cedida,
Contrafeita; tornando-se vil, pervo,
Porque já basta das faltas o acervo
Que represa no povo pirronismo
Sufocando a moral do civilismo
Cauterizada no ego da cobiça,
Os que vendem o maná da justiça
Morrerão no palanque do ostracismo.
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Os conselhos são usados como lura
Aos veneráveis que andam no gardanho
Praticando nas quitandas o ganho
Se valendo da lenda de cordura.
Sem júri nem prudência futura
Cessarão dos bilontras o ativismo,
Que se valem do vil imobilismo
Do povo que por nada se enfeitiça
Os que vendem o maná da justiça
Morrerão no palanque do ostracismo.
Mário Bento de Morais
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