Agora vamos imaginar a situação dos Índios que habitavam
a região depois da famigerada “visita” de 1702. O resultado dessa ida deixou um vazio ensurdecedor de
seis malditas décadas; foram 60 anos mudos e surdos. Possivelmente essas terras
ficaram sob o controle do sargento-mor e seus amigos, que durante muito tempo
dominaram a região. As terras onde hoje é São Mamede permaneceram “devolutas”
até 1762, provavelmente o sargento-mor Matias Vidal de Negreiros e seus amigos
já não estivessem mais vivos.
Mas, a demanda imposta aos povos nativos de 1702,
certamente continuou com as mesmas praticas de extermínios e escravidão, sem
que nada, absoluta nada e nem ninguém, nesse período, fizesse acontecer algo importante
depois dessas infames visitas, nem com a “posse” em 1762, pelo suposto capitão
do Império, o sesmeiro Manoel Tavares Bahia.
Estes
fatos devem ser considerados o fulcro para quaisquer análises históricas porque incorporam perspectivas abrangentes para mirar os outros aspectos que
tomarão por consequência parte dos fatos histórico, sociais e culturais e do
trabalho em São Mamede, a partir dos vestígios fragmentados deixados (esquecidos)
quando da investida do sargento-mor Matias Vidal de Negreiro, os Alferes Marcos Rodrigues Cabral e
Manoel Monteiro, no limiar do século XVIII, estendendo-se
até o crepúsculo do século XX.
SESMARIA
Nº 568, DE 28 DE JANEIRO DE 1762
Doada a Manoel Tavares
Bahia
Reg. de uma Carta de Data e Sesmaria de terra de três léguas no sertão do
sabogy.
Passada
ao sobredito
Francisco
Xavier de Miranda Henriques - faço saber aos que esta minha Carta de Data e
Sesmaria de terras defina irrevogável doação deste proprietário todo sempre
virem que me enviou a dizer por sua petição Manoel Tavares Bahia, que ele era
senhor e possuidor de um sítio de terras de crear gados vaccum cavallar na
ribeira do sabogy de que houve por compra, chamado São Mamede e para evitar
duvidas e contendas que se lhe poderão oferecer, queria que devolutas, e
desaproveitadas as ilhargas do dito sitio, da parte sul as sobras do sitio
Serra Branca e do Mabanga, Farinha e Pastos e Pedra Branca e por parte do
poente as sobras das Trincheiras e Laranjeira e da parte do norte sobras da
Tapera, ficando dentro o Riacho chamado do Papagaio e o Riacho do Meio e do
Jatobá, que todos fazem barra no sitio dito com três Léguas de comprido e uma
de largo ou fazendo da largura comprimento ou do comprimento largura, fazendo
pião onde melhor conta fizer.
Importante, Manoel Tavares Bahia, não se identificou ao solicitar a sesmaria 562 que era ou fora capitão da S.M, enquanto que na sesmaria 557 quando trata das divisas esse fato escuso fica evidente.
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