Obra prima de um dos gênios da Literatura de Cordel, o campinense Zé
Laurentino. Essa pérola traz uma lição que deve ser divulgada nas escolas e nos
meios de comunicação do Brasil. Zé, como ninguém soube passar, creio o maior de
todos os ensinamentos, o respeito. Portanto, podem se deliciarem com esse
tesouro da lavra de um grande Zé.
Têm
certas coisas seu moço
Que de bom gosto eu não faço
É dá esmola a quem pede
Com santo embaixo do braço.
Pois eu acho que os santos
Não têm muita precisão
Afinal eu nunca vi
Um santo comer feijão.
Mas por arte de pecado
Ou por minha pouca fé
Todo dia lá em casa
Passa um velho andando a pé
Por sinal muito feliz
Chega a minha porta e diz
Esmola pra São José!
E o diabo da mulher
Que é muito da alcoviteira
Nunca vi uma mulher
Que não seja rezadeira
Adquire um tanto ou quanto
Corre e vai dá ao santo
Pra o velho fazer a feira.
Muitas vezes logo cedinho
Se eu vou tomar o café
Quando dou fé é o grito
Esmola pra São José!
Isto foi me enchendo o saco
Cada dia enchendo mais
Um dia cheguei em casa
Com a braguilha pra trás.
Sentei num sepo de pau
Tomei uma de rapé
E ouvi a voz lá na porta
Esmola pra São José!
E para dar a esmola
A mulher se remexeu
Mas eu lhe gritei não vá
Pois quem vai hoje sou eu.
Quando eu cheguei a porta
O velho teve um espanto
E eu disse vá trabalhar
Que eu não dou esmola a santo
Troque o santo numa enxada
Deixe de ser preguiçoso
Pois santo não quer esmola
Deixe de ser presunçoso.
O velho me olhou e disse:
- Que São José te perdoe
E se Deus tiver te touvindo
Quero que ele te abençoe.
E que cubra tua casa
De paz, amor, união
Sossego, prosperidade
Conforto e compreensão.
E se um dia o senhor
Precisar deste velhinho
Ele não mora tão perto
E eu lhe ensino o caminho.
Fica no sítio Cauã
Onde já morou meu pai
A direita de quem vem
A esquerda de quem vai.
Se um dia o senhor passar
Por ali com precisão
De fome o senhor não morre
Também não dorme no chão.
Quando o velho disse aquilo
Eu senti naquele instante
Como se eu fosse uma formiga
Sob os pés de um elefante.
Tava com as pernas tremendo
Digo e não peço segredo
Que o velho deu-me uma pisa
Sem me tocar com o dedo.
Eu com tanta ignorância
Ele tanta mansidão
Fez eu pagar muito caro
A falta de educação.
Que de bom gosto eu não faço
É dá esmola a quem pede
Com santo embaixo do braço.
Pois eu acho que os santos
Não têm muita precisão
Afinal eu nunca vi
Um santo comer feijão.
Mas por arte de pecado
Ou por minha pouca fé
Todo dia lá em casa
Passa um velho andando a pé
Por sinal muito feliz
Chega a minha porta e diz
Esmola pra São José!
E o diabo da mulher
Que é muito da alcoviteira
Nunca vi uma mulher
Que não seja rezadeira
Adquire um tanto ou quanto
Corre e vai dá ao santo
Pra o velho fazer a feira.
Muitas vezes logo cedinho
Se eu vou tomar o café
Quando dou fé é o grito
Esmola pra São José!
Isto foi me enchendo o saco
Cada dia enchendo mais
Um dia cheguei em casa
Com a braguilha pra trás.
Sentei num sepo de pau
Tomei uma de rapé
E ouvi a voz lá na porta
Esmola pra São José!
E para dar a esmola
A mulher se remexeu
Mas eu lhe gritei não vá
Pois quem vai hoje sou eu.
Quando eu cheguei a porta
O velho teve um espanto
E eu disse vá trabalhar
Que eu não dou esmola a santo
Troque o santo numa enxada
Deixe de ser preguiçoso
Pois santo não quer esmola
Deixe de ser presunçoso.
O velho me olhou e disse:
- Que São José te perdoe
E se Deus tiver te touvindo
Quero que ele te abençoe.
E que cubra tua casa
De paz, amor, união
Sossego, prosperidade
Conforto e compreensão.
E se um dia o senhor
Precisar deste velhinho
Ele não mora tão perto
E eu lhe ensino o caminho.
Fica no sítio Cauã
Onde já morou meu pai
A direita de quem vem
A esquerda de quem vai.
Se um dia o senhor passar
Por ali com precisão
De fome o senhor não morre
Também não dorme no chão.
Quando o velho disse aquilo
Eu senti naquele instante
Como se eu fosse uma formiga
Sob os pés de um elefante.
Tava com as pernas tremendo
Digo e não peço segredo
Que o velho deu-me uma pisa
Sem me tocar com o dedo.
Eu com tanta ignorância
Ele tanta mansidão
Fez eu pagar muito caro
A falta de educação.
Então naquele
momento
Eu gritei por Salomé
Mandei trazer pra o velhinho
Uma xícara de café
E contando o meu dinheiro
Só encontrei um cruzeiro
Dei todinho pra São José.
Eu gritei por Salomé
Mandei trazer pra o velhinho
Uma xícara de café
E contando o meu dinheiro
Só encontrei um cruzeiro
Dei todinho pra São José.
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