sexta-feira, 25 de novembro de 2011

FLÔ DE MARACUJÁ - Catulo da Paixão Cearense

Apois antonce

Eu lhes conto

A história que eu vi contá

A razão pruque masce roxa

A flô do maracujá


Maracujá já foi branco

Eu posso inté lhe jurá

Mais branco que a caridade

Mais branco do que o luar


Quando as flô brotava nele

Lá nos confim do sertão

Maracujá parecia

Um ninho de argodão


Mais, um dia...

Há muito tempo...

Num mês que inté nem me lembro

Se foi maio... se foi junho

Se foi janero ou dezembro

Nosso sinhor Jesus Cristo

Foi condenado a morrê

Numa cruz crucificado

Longe daqui como quê


E havia junto da cruz

Aos pés de nosso sinhor

Um pé de maracujá

Carregadinho de fulô


Pregaram Cristo a martelo

E ao ver tamanha crueza

A natureza inteirinha

Pôs a chorá de tristeza


Chorava os vento nos campo

Chorava as fôia e as ribeira

Sabiá tombem soluçava

Nos gáio da laranjeira

E o sangue de Jesus Cristo

Sangue pisado de dô

No pé do maracujá

Tingia todas as frô

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