A HISTÓRIA DE SÃO MAMEDE COMEÇA NO SÉCULO XVIII
1702, data em que já despertava o século das luzes, a Europa fervilhava, a América se inquietava antecedendo a Revolução Francesa. O mundo se maravilhava com os grandes inventos, as novas descobertas das ciências nos diversos ramos do conhecimento geravam perplexidade, a teoria gravitacional universal de Isaac Newton, o espírito do relativismo cultural incitado pela sondagem do mundo não conhecido serviram de meios para explodir o iluminismo: uns diziam que era o fim do mundo; outros mais afeitos as novidades sentenciavam: é o começo.
Destacavam-se entre os principais precursores do novo pensamento – século XVIII – os racionalistas, Baruch Spinoza e René Descartes, os filósofos políticos Thomas Hobbes e John Locke; a razão humana, na época, surgira como pilastra importante, afirmando que por meio do uso sensato da razão, é possivelmente viável um grande desenvolvimento que alcance, por assim dizer, as extremidades. Assim, muito mais do que um conjunto de ideias estabelecidas, o iluminismo representava uma atitude, uma maneira de pensar. Immanuel Kant, declarava: o lema deveria ser “atrever-se a conhecer”. Dai surge o desejo de reexaminar e pôr em questão as ideias e os valores recebidos, com enfoques bem diferentes; dai as incoerências e as contradições entre os textos de seu pensadores. A doutrina conduzida pela Igreja foi veementemente atacada, embora a maioria dos pensadores não a renunciasse totalmente.
A França teve acentuado desenvolvimento em tais ideias e, entre seus pensadores mais importantes, destacaram-se Voltares, Charles de Montesquieu, Denis Diderot e Jean-Jacques Rousseau. Outros expoentes do movimento foram: Kant, na Alemanha, David Hume, na Escócia, Cesare Beccaria, na Itália, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, nas colônias britânicas. A experiência científica e os escritos filosóficos entraram em moda nos círculos aristocráticos, surgindo, assim, o chamado despotismo ilustrado. Entre seus representantes mais célebres encontram-se os reis Frederico II da Prússia, Catarina II, a Grande, da Rússia, José II da Áustria e Carlos II da Espanha. O Século das Luzes, ou Iluminismo, terminou com a Revolução Francesa de 1789, que incorporou inúmeras ideais iluministas em suas fases mais violentas, desacreditando-as aos olhos da míopes dos europeus contemporâneos. O Iluminismo marcou um momento decisivo para o declínio da igreja e o crescimento do secularismo atual, assim como serviu de modelo para o liberalismo político e econômico e para a reforma humanista do mundo ocidental no século XIX
Dentro desse panorama de efervescência Iluminista, do século XVIII; o Brasil lutava com todas as forças para chegar aos mais longínquos recantos do seu território. Alguns estados ainda engatinhavam em sua organização, o interior desses estados, habitado por indígenas, ainda estava intacto, sem a mão do homem civilizado. Na Paraíba, o homem civilizado já havia chegado a algumas regiões, montando fazendas de gados e fundando vilas. Em 1701, foi outorgada uma sesmaria em terras do atual município de Santa Luzia, lugar ainda devoluto na época, onde habitavam índios arredios e selvagens, ao Sargento-mor brasileiro entre os séculos XVII e XVIII, Matias Vidal de Negreiros – filho de André Vidal de Negreiros. Em 1702, Matias Vidal de Negreiros, os alferes Marcos Rodrigues Cabral e Manuel Monteiro chegaram aonde hoje se situa o município de São Mamede, ai começava a história do vale do Sabugy.
PERÍODO SEM REGISTRO HISTÓRICO – 1702 a 1762
Não conhecemos até o momento nenhum registro histórico entre 1702 a 1762. Suponhamos que nesses obscuros sessenta anos, alguém tenha se instalado na região onde é hoje o município de São Mamede, para explorar as terras com a criação de gado e agricultura de subsistência. Temos uma prova importante de que Manoel Tavares Bahia, antes de receber do governo de Francisco Xavier de Miranda Henriques, a concessão da carta de data e sesmaria das terras do sitio chamado São Mamede, em 1762, alegado por ele havido por compra, mas não cita o nome do vendedor; já estava na região como sesmeiro não legalizado, vejam
SEMARIA Nº 453 EM 19 DE SETEMBRO DE 1757
O alferes Antônio dos Santos de Vasconcelos, morador no sertão das Espinharas desta Capitania, que na ribeira do Sabugy tinha descoberto terras devolutas, que nunca tinhão sido povoadas entre a dita ribeira de Espinharas e Sabugy em um Riacho chamado do Meio, que nascia da Serra das Preacas e fazia barra no Rio Sabugy na estrada velha que das Espinharas pra o dito Sabugy e atravessa a estrada o dito Riacho do Meio, que pela do sul contesta com terras do Capitão Antônio Dias Antunes e pelo norte com terras do Capitão Manoel Tavares Bahia e pelo poente com as do defunto Antônio de Souza Marques ou seos herdeiros e pelo nascente com terras do mesmo Manoel Tavares Bahia; e porque elle supplicante carecia de terras para povoação de seos gados, pretendia três legoas de terras de comprido e uma de largo por data de sesmaria no logar confrontado, fazendo peão na mesma travessa no riacho momeado, com duas legoas para cima e uma para baixo e meia para cada banda ou como melhor conviniência lhe fizesse. Fez-se a concessão requerida, no governo de José Henrique de Carvalho.
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