De instante e instante preste perigo
Sonda a
vida em contínua ameaça;
Morre-se
vivendo em lenta agonia
Desde o
primeiro passo para morte,
Que dia
após dia mirra-se em pranto
Sozinho
pelos guetos da fortuna.
Que
loucura insana tem a fortuna!
Ao
ver-se morrendo nesse perigo
Gargalhando sobre as dores do pranto
Esquivando-se da grave ameaça
Que
principia o passo para morte
Pela
língua sedenta da agonia.
Nasce morrendo e vai a plena agonia,
Tentar em vão se abeirar a fortuna
Que o
espera de braços com a morte
Num
baile de mascara onde o perigo,
É pierrô
insólito da ameaça
Que balda a sorte num vale do pranto.
Porém,
forja-se o ser em ser no pranto
Que se
veste nos porões da agonia
Sob a opressão
do nariz que o ameaça
E
reclama ao divo da vil fortuna,
Que o
deixa frágil em meio ao perigo
De se
dar livre ao desejar a morte.
Adoça-se a opinião sobre a morte,
Anjo
extremo que silencia o pranto
De quem não ver o ser, mas um perigo
Ao ente
no deserto da vão agonia,
Que se procura em si mesmo a fortuna
Vivendo além da própria ameaça.
Cingido
pelas trevas que o ameaça
Vive
sempre a ler a própria morte
Servil aceita os sinais da fortuna
Marcados nos signos de riso e pranto
Inda
que no dia a dia a agonia
Sirva de alento frente ao perigo.
Pobre
homem nato sob ameaça,
Definha
pouco a pouco para morte
Acreditando nos dons da fortuna.
Que não
o livra desse fatal perigo
Nem
ameniza os dramas da agonia
Para
brindar de lágrimas o pranto
Mário
Bento de Morais
Meu poeta,mim sinto honrado de ter o previlegio de ler essa sextina.
ResponderExcluirpor ter uma estrofação dificil, a sextina torna-se pouco utilizada pelos poetas. A sextina surgiu no século XII. Camões escreveu apenas uma. Aqui no Brasil, Jeorge de Lima, escreveu algumas. Outros poetas tambem escreveram. Eu gosto do estilo! Escrevi no estilo original que sextilha em 10 silabas e sextilha em em sete silabas.
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