Esta sextina vai com todo carinho ao meu amigo e poeta Geraldo Brito de Medeiros. Geraldo, eu tenho o enorme prazer de dedicar estes simples versos, a você pelo grande respeito e apreço que lhe devoto. Um grande abraço. Mário Bento de Morais
No meu corre/corre ocorre-me a vida
Vulgar, movendo-se em traje
de vidro!
Cheirando o fumo fatal da
Amazônia,
Que se arde em dor e
caprichosa pena
E que pouco a pouco se morre
um pouco
Abraçada aos herdeiros
renegados.
Fere-me o futuro dos
renegados,
Entregues ao acaso áspero da
vida,
Que dela havia um sopro
inda pouco
Como resto num estojo de
vidro
E venerado pelo olhar de
pena
Ante a crucificação da Amazônia.
Sob as chamas ferozes a
Amazônia,
Murcha sem as vozes dos
renegados,
Que roucos e sem motivos de
pena
Da Diva que lhes prometera
vida
Mas, fingida em sua corte
de vidro
Zomba dos rogos de quem
pede pouco.
Já o porvir calmo enxerga
muito pouco
Ou quase nada daquela
Amazônia,
Que terá painéis em tela de
vidro
Expondo a dor dos povos
renegados
Que despidos roubaram-lhes
a vida
Para inalarem gases vis de
pena.
Sem ar, respirando as rosas
da pena
Que a maquinação adormecera um
pouco,
Assassinando a História em
vida
Conduzindo ao sarcófago a Amazônia,
Que jamais cismassem os
renegados
D’um fadário encarcerado em
vidro.
Resta aos restos respirar
ar de vidro
Em meio à floresta morta de
pena
Dos fosseis dos herdeiros
renegados
Que sujavam a cada dia um
pouco
O mar, verde mar vivo da
Amazônia,
Que se afasta passo a passo
da vida.
Então, o siso que só via ouro e vidro,
Garimpa na solidão a fatal
pena
Da sede da carne dos
renegados.
Mário Bento de Morais
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