sexta-feira, 23 de outubro de 2020

SEXTINA

 

Dei-me a graça da graça desse amor

Vivido na ilusão dos belos sonhos

Que a idade acende aos olhos o esplendor

Da vida plena nos dias risonhos,

Que num voo leve, leve ao alcandor

As velhas paixões e os dias medonhos!

 

Que nada mais me traga sois medonhos

Nem sons de paixões nem prosas de amor.

Deixe-me alcançar o velho alcandor

Pra que eu viva o viver daqueles sonhos

Lembrando sempre os instantes risonhos

Revivendo os limites do esplendor.

 

Quando se respira o ar do esplendor

Liberta-se dos tormentos medonhos,

Bebe-se o vinho dos tempos risonhos

E embriaga-se no agrado do amor

Vivendo-o em suas formas e sonhos

Para alcançar o ponto do alcandor.

 

E ai tempera-se de afogo o alcandor,

Felicidade, brilho e esplendor

Nos dias alegres dos nossos sonhos

Que chegaram infindáveis, medonhos,

Trazendo o perfume afável do amor

Aos nossos gentis momentos risonhos.

 

Quão felizes nossos gestos risonhos

Ao chegarmos ao apogeu do alcandor,

Sentimentos inefáveis de amor

Afloram no ápice intenso esplendor

Com seus raios luzentes e medonhos

A sondar os viços dos nossos sonhos.

 

Em nossas almas imperam os sonhos

Sempre airosos densos e risonhos,

Festos, falados, às vezes medonhos,

Mas que podem alcançar o alcandor

Do encanto que manifesta esplendor

Quando a voz da paixão se fez o amor.

 

Nos amores férteis vivem-se sonhos

Que os fazem livres largos e risonhos

Até na aridez dos traumas medonhos.

 

 

João Pessoa, outubro de 2020

 

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