quarta-feira, 16 de setembro de 2020

SEXTINA

 

Morre a vida! Eu, no dia a dia tenso,

Quando dei indistinto o primeiro passo

Não pensava, agora, se acaso penso,

Nada me convêm além do compasso

Do passo a passo que me foi tão imenso

Pra ganhar como resguardo um abraço.

 

E, entre os braços firmes daquele abraço

Abraçava um abraço calmo e tenso,

Como se um fogo d’um amor imenso

Falasse-me da firmeza do passo

Que devia seguir pelo compasso

Sem falar de tudo aquilo que penso.

 

Arde-me expor por expor o que penso

Quando senti a força daquele abraço,

A alma tenra de compasso em compasso

Palpitava em meio a um sorriso tenso,

Mas que havia amor naquele passo

Tão curto para um mundo tão imenso!

 

No entanto, permiti-me um rastro imenso

No caminho, ao grafar o que penso

Depois de ler as linhas vãs do passo,

Que dei no encontro d’um simples abraço

Maior do que o mar, e por vezes, tenso

Quando a vida se submete ao compasso.

 

E assim, segue a vida presa ao compasso

De cada passo se curto ou se imenso,

Ou talvez, se estável ou muito tenso,

Mas considerando aquilo que penso

Sobre o significado de um abraço

Quando se pratica um pequeno passo.


Então, muito se anda no passo a passo

Ao acatarmos as regras do compasso,

Ao passo em que pese e pense o abraço

Quando se cuida d’um amor imenso

Morre-se pouco a pouco, quando penso,

Que a vida vive o dia a dia tenso.  

 

 Porém, há de se refletir o passo

 Lasso, que se procura no compasso

 Para se inventar na paz d’um abraço.

 

 

Mário Bento de Morais

 

 

 

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