segunda-feira, 14 de setembro de 2020

SEXTINA

 

 O injusto não se reconhece injusto

 Nem agora nem num depois de agora,

 Segue imenso sob a sua verdade

 Gloriosa ostentando a injustiça

 Auspiciosa, face a face ao mal,

 Como no reino d'um ser venerado.

 

 Gritos no gueto, o falso venerado!  

 Hosana! Hosana! Jacta-se o injusto,

 Ostra das benesses do beijo do mal

 Que enxerga na desesperança agora

 Fonte dos propósitos da injustiça 

 E tormento solene da verdade.

 

 Nos delírios do iníquo a verdade

 Estertora-se aos pés do venerado

 Apostolo do reino da injustiça,

 Que acumula posses a paz do injusto

 Justificado na crença do agora

 Para eternizar a fama do mal.

 

 Na ausência do bem se põe o mal

 Como senhor e dono da verdade.

 No gueto a pressa do poder agora

 Para ledice do deus venerado,

 Injusto, mas canonizado injusto

 No cosmo das catedrais da injustiça.

 

 Então, o norte sentina da injustiça!

 Sonda a choldra daqui e lhe lega o mal,

 Para trazer-lhe quietude ao injusto

 Que lhe dar o dom da interna verdade

 Sob o rosto vivo do venerado

 Que da gordura alheia vive agora.  

 

 O engodo aqui vale a verdade agora

 Porque o norte, ás vezes, beija a injustiça

 Como dádiva ao divo venerado,

 Que vibra nos nervos da paz do mal

 A eloquente agonia da verdade

 Para grandeza universal do injusto.

 

 Eis o agora e não o depois desse agora,

 Porque é licito vergar a injustiça

 E tolher a festa do venerado!

 

 

Mário Bento de Morais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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