terça-feira, 1 de setembro de 2020

SEXTINA


 

Quimeras, brutas quimeras

Sangrando-as das grandes eras

Sem calma nem acalanto,

Divas fatais inquilinas,

Assassinas, assassinas!

Vivem sugando meu pranto.

 

No olho que deplora o pranto,

Penam severas quimeras,

Inquietas assassinas

Trazidas de antigas eras,

Velhas, loucas inquilinas,

Que não me farão acalanto.

 

Ah!, Se um viçoso acalanto!

Domasse enfim esse pranto

Pulsátil às inquilinas,

Que assistiram as quimeras

Desde as mais longínquas eras,

E pouco a pouco, assassinas.

 

Ás vezes, tais assassinas

Menosprezam o acalanto

Transitam eras sobre eras,

Em meio a severo pranto

Que sobrepuja as quimeras,

Às Nobres vãs inquilinas!

 

Nesta posse as inquilinas,

Vivas feras assassinas,

Agem, pois, sobre as quimeras

Inflamando-as no acalanto,

Que se desarranja em pranto

Na insanidade das eras.

 

E, foi na aridez das eras

Do nada, que as inquilinas

Deram-me languido pranto

Entre as graças assassinas,

Feriram o meu acalanto

Nas aflições das quimeras.

 

Passaram-se eras sobre eras,

E aquelas vãs inquilinas,

Deixaram solidão e pranto!

 

 

 

Mário Bento de Morais

 

 

 

 

 

 

 

 

 




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