FOTOGRAFIA -
MANOEL LUCENA – COLÓ.
Blog colocidade
No ano passado estive com Anireves, a
grande sabia, na estação primaveril. Fiquei muito impressionado com seus ensinamentos.
As suas reflexões eram recheadas de um fulgor intenso, abrasador, cauterizante.
Nelas, havia uma sabedoria marcada pelo compasso do tempo e do espaço que
gritara nos meus ouvidos como um sopro, uma aragem divina com aroma de flores
silvestres. Tudo era muito poderoso, profundo, cativante e vivo!
Este
ano mudei a estação e a procurei no inverno. Encontrei-a contemplando o
esqueleto de um velho pau d’arco massacrado pela inconsciência cinzenta dos deuses
mortos em vida. Esperei com paciência, muita paciência, para ouvi-la. De repente ela se voltou para mim e o seu
rosto estava iluminado, brilhante! Fiquei perturbado, inseguro; e sem me dar
conta – sua voz rasgou o silencio que nos separava – homem da terra, “Manu” já
sentenciou: “Quando se danificam grandes árvores, deve-se pagar uma multa
proporcional à sua utilidade e seu valor; tal é a decisão”.
Face a
face, continuei ali pasmo com aquele ser único... Nada me ocorria além de
admirar aquela imagem que os meus olhos me ofereciam naquele instante. Sem me
refazer daquele impacto Anireves disse-me ainda, homem da terra guarde isto em seu coração, pois foi uma grande
alma que escrevera no seu código: “Aquele que perdoa aos aflitos que o
injuriam, é honrado por isso no céu; mas aquele que, por orgulho de seu poder, conserva
ressentimento, irá por essa razão para o inferno”.
Estas assertivas
são instrumentos valiosíssimos para se construir uma humanidade justa, rica em
atos nobres e sóbria em suas realizações. De modo que são elas sombras abundantes
deixadas às futuras gerações para que não pereçam sob o sol causticante do
deserto árido da arrogância.
Depois
de pronunciar estas duas sentenças, Anireves deixou o seu posto de contemplação
e se encaminhou em direção à planície vertical que a esperava bem a nossa
frente. Adiante volveu o seu rosto para mim e como se um trovão saísse de sua
boca, disse: nem o ódio nem as nulidades poderão prosperar entre vocês, defenda
o direito de quem procria; a maternidade é a mais sublimes das obras do Senhor.
Então, lembre-se: “se o homem vivo é a gloria de Deus; não tortureis sequer com
uma flor uma mulher culpáveis de cem faltas”. E se foi.
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