quarta-feira, 15 de julho de 2020

QUANDO PENSAR NA IGUALDADE


A igualdade é fábula adormecida
Nos monturos das senzalas da lei,
Sob a volição tácita do rei
Que sem trono governa sobre a vida.
Lá nas bolsas a posse é garantida
Que cala nas ruas os estertores
Dos prostrados no País dos horrores
Furtivos nos esgotos dos jornais,
Que em conluio negam aos tribunais
Ouvidos à equidade dos clamores

A igualdade é exigência humana,
Que o direito natural a examina,
Clausula pétrea que a Lei divina
Reconhece-a sublime, soberana,
Paradigma que a divindade emana
Para que o ínvido despreze a torpeza
D’alma pesada alheia a natureza
Do que é justiça para os desiguais
Não é legitimo a elite sugar mais
Gota por gota o sangue da pobreza.

Mário Bento de Morais


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