Aldemar Paiva, um alagoano buliçoso
que resolveu contar em versos uma história que deveria ser conhecida em todo
mundo por ser “real” e muito comum principalmente no Brasil dos desiguais. A
história contada pelo poeta é muito doída, marcante e ainda expõe a ferida da
desigualdade aberta, sagrando e produzindo miseráveis e famintos, imagens naturais no nosso meio. Uma mentira
deslavada que de tão repetida ao longo da História fez com que o povo a
absorvesse e a transformasse em destino, má sorte, desventura, infelicidade ou
desdita. Mentira que destruiu gerações, escravizou, matou e feriu a alma do
homem simples tão profundamente, que deixou marcas irremovíveis no cérebro dos
já infernizados pela perversa desumanização sistêmica, responsável pela deficiência
cognitiva programada – que o impede de admitir sem resistir: a pobreza e a
submissão para uns e o poder e a abundância para outros.
E foi num lance publicitário, no ano
de 1931, no século passado, que a coca-cola usou a história de São Nicolau de
Mira, um Bispo de origem Turca, nascido ai por volta de 280 d.C. que de acordo com
a história, procurava proteger os mais carentes. Foi por causa dessa campanha,
que Papai Noel adquiriu esse aspecto que conhecemos atualmente.
É consenso comum dizer – que a origem
de Papai Noel é um elo que de fato está muito próximo ao aspecto humano de São
Nicolau de Mira. Relata a história que São Nicolau de algum modo procurava
fazer o bem e uma das maneiras para concretizar esse bem, era deixar algumas
moedas próximas das chaminés das casas, daqueles que a ganância teima em
dar-lhes nomes pejorativos de menos favorecidos. Esse ato de bem e caridade
humana acontecia sempre à noite.
As histórias sobre os feitos generosos
e realizados por São Nicolau de Mira dão uma dimensão de sua liberdade
espiritual em favor dos humildes. Conta-se que um pai não possuía bens (dinheiro)
suficientes para poder pagar os dotes de suas três filhas, o que cuidaria dizer
que a família não tinha recursos para oferecer-lhes um casamento digno,
honrado. Diante desse desalento moral imposto por regras de uma sociedade
patriarcal insana, o pai em estado de sofreguidão resolveu conduzir as filhas
para a prostituição. Porém, logo que tomou conhecimento da história das três
jovens, São Nicolau resolveu atuar, tomou três saquinhos os encheu de moedas de
ouro, conforme o valor dos dotes de cada filha, em seguida foi à casa da
família pela madrugada, escalou o telhado e atirou os saquinhos com o ouro pela
chaminé. Com essa atitude de São Nicolau, as jovens foram salvas da
prostituição, e daí surgiu o mito do Papai Noel.
Bispo de Mira
A sagração de Bispo da cidade de Mira aconteceu com São Nicolau ainda na
juventude. A sua espiritualidade, caridade e sabedoria levaram-no a ser
considerado por muitos que o admiravam como uma grande alma. De fato, São
Nicolau exercia forte atrativo espiritual às pessoas, levava uma vida voltada à
simplicidade, a humildade, a santidade. “Amava ao próximo como a si mesmo”. E,
foi no afã de sua inabalável fé que promoveu ações de propagação e defesa do
Evangelho nas regiões da Palestina e do Egito, sem nunca abandonar a cidade
Mira.
Morte de São Nicolau
A história aponta que São Nicolau faleceu
em 6 de dezembro do ano 326, na cidade que o vira nascer e muito amava, Mira.
Seu túmulo tornou-se um local de peregrinação fervorosa; anos depois seus
restos mortais deixaram a cidade de Mira na Turquia e foram transladados para a
cidade de Bari, na Itália. Lá, até os dias de hoje, suas relíquias são motivos de grande veneração. O culto a São Nicolau propagou-se por toda a
Europa.
São Nicolau foi beatificado pela
Igreja Católica pelos os grandes sinais que realizou. Muitos dos quais em favor
dos pobres e desamparados. O Dia de São Nicolau é comemorado em 06 de dezembro,
data de sua morte. Em virtude disto, muitas pessoas costumam montar as árvores
de Natal nessa data. São Nicolau é o santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da
Noruega. Além disso, ainda é considerado o padroeiro dos estudantes.
Fontes de pesquisa sobre São Nicolau
de Mira:
Em jornais, revistas, leituras em
livros antigos e pesquisa na internet.
MONOLOGO PARA PAPAI NOEL
Aldemar Paiva - AL
Não gosto de você, Papai Noel...
Também não gosto desse seu papel
De vender ilusões à burguesia.
Se os garotos humildes da cidade
Soubesse do seu ódio à humanidade
Jogavam pedras na sua fantasia.
Você, talvez, nem se recorde mais,
Cresci depressa e me tornei rapaz
Sem esquecer, no entanto, o que
passou...
Fiz-lhe um bilhete, pedindo um
presente,
E a noite inteira eu esperei contente,
Chegou o sol e você não chegou.
Dias depois, meu pai pobre cansado,
Trouxe um trenzinho feio, enferrujado,
Que me entregou com certa hesitação.
Fechou os olhos e balbuciou:
- É pra você... Papai Noel Mandou...
- E se esquivou contendo a emoção...
Alegre e inocente, nesse caso,
Pensei que o meu bilhete com atraso,
Chegara às suas mãos no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu,
Deu muitas voltas e meu pai sorriu
E me abraçou pela ultima vez.
O resto só eu pude compreender
Quando cresci e comecei a ver
Todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e me disse, a
medo:
- Onde é que está aquele brinquedo?
- Eu vou troca por outro na cidade.
Dei-lhe o trenzinho, quase a soluçar.
E como quem não quer abandonar
Um mimo que lhe deu quem lhe que bem,
Disse medroso: eu só quero ele...
Não quero outro brinquedo, quero
aquele...
E por favor, não vá levar o meu trem.
Meu pai calou-se e pelo rosto veio
Descendo um pranto que ainda creio
Tão puro e santo só Jesus chorou.
Bateu a porta com muito ruído,
Mamãe gritou, ele não deu ouvido,
Saiu correndo e nunca mais voltou!
Você, Papai Noel, se transformou
Num homem que a infância arruinou,
Sem pai e sem brinquedo afinal,
Dos seus presentes não há um que sobre
Para a riqueza de um menino pobre
Que sonha o ano inteiro com Natal!
Meu pobre pai, doente e mal vestido,
Pra não me ver assim desiludido,
Comprou por qualquer preço uma
ilusão...
Num gesto nobre, humano, decisivo,
Foi de longe pra trazer o lenitivo,
Roubando o trem do filho do patrão.
Pensei que viajara, no entanto,
Depois de grande, minha mãe, em
pranto,
Contou que fora preso. E como réu,
Ninguém a absolvê-lo se atrevia.
Foi definhando, até que Deus, um dia,
Entrou na cela e o libertou pro céu.
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