O legado de Frei Martinho
04 de september de 2008
[Texto de Hilton Gouveia] JORNAL
A UNIÃO
Anatália
Martins Vieira, 62, presidente das Obras Sociais da Ordem Franciscana Secular
de Itaporanga, no Vale do Piancó, a 398 Km da Capital, é responsável pela
guarda de uma relíquia muito preciosa para a comunidade católica da Paraíba:
trata-se da camiseta de celebração de Frei Martinho Jansweid, um frade alemão
que chegou à Paraíba em 1911, cuja vida, realmente incontestável em grau de
heroísmo, contribuiu para se criar uma aura de santo, em torno de sua
personalidade apostólica.
Para tornar isto público a Direção do Convento do
Rosário, em João Pessoa, registra a biografia do religioso no livro "Frei
Martinho - Uma Herança Viva da Fé Cristã", na comemoração dos 75 anos de
sua morte e relata algo mais sobre este homem com índole de profeta,
responsável pela construção de cinco grandes igrejas na Paraíba e mais 17
fraternidades franciscanas na Paraíba e no Ceará.
"Eu guardo esta camiseta por simples devoção.
Até hoje eu não sabia que ela tinha tanto significado histórico, cultural e
religioso", diz Anatália. A peça do vestuário ritual de Frei Martinho é
uma camiseta de gola redonda e manga curta, normalmente usada por baixo da
batina, nas celebrações. Anatália talvez seja a única pessoa a residir na
Paraíba que possua uma relíquia de uso pessoal de Frei Martinho. Às 14h do dia
sete de setembro deste ano, pela primeira vez, a peça, que tem aproximadamente
80 anos, foi exibida para a imprensa.
Anatália evita o contato de mãos ou do ar com a
camiseta, por temer danos ao tecido. A relíquia está no seio de sua família
desde a morte de Frei Martinho, no dia 28 de julho de 1930. Neste dia, o
cadáver de um importante estadista brasileiro também chegava a Capital: era o
do então governador João Pessoa, assassinado dois dias antes, em Recife, pelo
advogado João Dantas.
No necrológio do missionário, cuja autoria é
atribuída a Frei Stanislau Cleven, existem passagens interessantes sobre a vida
missionária de Frei Martinho. Conta-se que certa vez ele chegou a uma fazenda
sertaneja e pediu um cavalo emprestado, para continuar sua viagem. O dono do
animal não atendeu ao pedido e despediu o frade de forma grosseira. Frei
Martinho profetizou que ninguém mais montaria aquele cavalo. Na tarde do mesmo
dia o cavalo morreu.
Antônio Silvino, o famoso cangaceiro, ousou invadir
um povoado onde Frei Martinho costumava parar, para cumprir suas missões. Horas
antes, o frade o havia aconselhado a não molestar o povoado. Silvino, cujo nome
verdadeiro era Manoel Batista de Morais, não levou em conta a advertência.
Acabou preso por uma volante policial e cumpriu 15 anos de cadeia no Recife.
Certa vez Frei Martinho cumpria uma viagem de
crismas. Um rapaz disse, em tom de galhofa, que iria mandar um burro para ser
crismado. O homem caiu morto na mesma hora.
Em 24 de setembro de 1917, ao passar, mais uma vez
por Misericórdia (atual Itaporanga), Frei Martinho concedeu o hábito de São
Francisco de Canindé à Carolina Diniz. Ela era irmã de padre Joaquim Diniz.
Hoje, esses personagens estão bem próximos de nós, através de um descendente
ilustre, D. Antônio Fernando Diniz, ex-bispo de Guarabira.
Nascido em Colônia (Alemanha) no dia 5 de dezembro
de 1876, Frei Martinho ingressou na Ordem dos Frades Franciscanos Menores em 13
de maio de 1894. Sua disposição e entusiasmo para a catequese contribuiu para
que os superiores o transferissem para o Norte do Brasil, com apenas dois meses
de noviciado. Estudou Filosofia e Teologia no Convento de Salvador (Bahia).
Alcançou a ordenação sacerdotal em 22 de dezembro de 1900, através do Arcebispo
Primaz D. Jerônimo Tomé da Silva.
Transferido para a Paraíba, em 1911, dedicou-se ao
Colégio Seráfico Santo Antônio, rebatizado como escola Apostólica, que
funcionava num anexo da Igreja de São Pedro Gonçalves, em João Pessoa. São
incontáveis o número de retiros e missões pregados no interior, por este frade
incansável, que percorria os longínquos rincões da Paraíba e do Ceará montado a
cavalo ou mesmo andando a pé.
Somente na Diocese de Cajazeiras, Frei Martinho
fundou as fraternidades de Souza, Pombal, Cajazeiras, Itaporanga, São João do
Rio do Peixe, Malta e Catolé do Rocha. As fraternidades de Malta e Pombal não
existem mais. Em outubro de 1917 plantou uma semente missionária em Piancó. Mas
não voltou lá, por causa da rivalidade entre os padres Aristides e Manoel
Otaviano. Martinho não quis tomar partido. Aristides, que vivia abertamente com
a mulher e os filhos em Piancó, acabou morto pela Coluna Prestes, em 1926.
Em Itaporanga, Martinho, que tinha aversão a
publicidades e rixas, também respeitou o ponto de vista do pároco local, que
não permitiu colocar, em altar especial, uma imagem de São Francisco, antes da
imagem de Jesus. Martinho elaborou a planta e dirigiu a construção da Igreja de
Nossa Senhora da Conceição. Mas deixou a obra na altura dos altares. Ao
sentir-se doente e prenunciar a própria morte, retirou-se para João Pessoa.
Frei Martinho é autor da construção de cinco
grandes igrejas na Paraíba, no período de 1911 a 1930:
Ü Nossa Senhora do Rosário, em
Jaguaribe, João Pessoa.
Ü Nossa Senhora da Conceição – São
Mamede
Ü Nossa Senhora da Conceição –
Itaporanga
Ü Nossa Senhora da Conceição –
Taperoá
Ü Nossa Senhora da Conceição –
Barra de Santa Rosa.
Sua reconhecida obra de heroico missionário também
lhe rendeu homenagem especial no Curimataú Paraibano, onde existe um município
com o seu nome. Durante a Páscoa de 1930, Frei Martinho foi acometido de forte
gripe. Pressentindo que a morte estava próxima resolveu retirar-se para João
Pessoa. Chegou muito febril em Soledade, onde o esperava o Provincial Frei
Amadeu, que o transportou para a Capital.
Em 26 de julho de 1930, o arcebispo D. Adauto de
Miranda Henriques concedeu-lhe a bênção e dele se despediu. Frei Martinho pediu
a extrema-unção e o Santo Viático. Perdeu os sentidos no dia seguinte. Faleceu
no dia 28. Seu corpo se encontra na Cripta da Igreja do Rosário, em Jaguaribe,
onde é visitado por centenas de fiéis, todos os anos.
Parabéns pelo artigo. Muito boa referência sobre a vida de Frei Martinho, um santo e dedicado homem de Deus.
ResponderExcluireu tenho um quadro original de frei martinho q vem desde a bisavó de minha esposa e estou disposto a coloca-lo a venda quem interesar pode me enviar uma email rs.repre@hotmail.com uma reliquia q está na familía a muitos anos
ResponderExcluireu tenho um quadro original de frei martinho q vem desde a bisavó de minha esposa e estou disposto a coloca-lo a venda quem interesar pode me enviar uma email rs.repre@hotmail.com uma reliquia q está na familía a muitos anos
ResponderExcluirBoa tarde ricardo vc mora aonde tem telefone wasap para poder falar com vc. Paz e bem.
Excluirwats 991615143 mas ja tenho um pessoa d ordem enteressada estou so avaliando o valor dele ok amiga
ExcluirMeu nome é Martinho e pela minha pesquisa recebi esta nomeação de minha mãe católica já falecida em homenagem ao frade missionário alemão-paraibano Frei Martinho. Não conhecia ainda a santa biografia do meu xará.Parabéns.
ResponderExcluirMinha mãe era devota do Frei Martinho. Gostaria de ver uma foto do Frei Martinho.
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