Como posso aceitar, compreender...
Ou me sentir sóbrio ante a insânia
Do lólio intruso que traz vesânia
À seara humana sem me arder?
Em pânico tento, zelo entender...
Essa fome de se impor sobre a mente
Da nação que confere a essa gente
Poderes sobre si ao pungir desgraça,
Que abusa d’alma, a honra esgarça
Tornando fatal o povo indigente!
O tirano não se atém a limite...
O extrapola por sua índole má,
Não transige e nem um pouco se dá
Ao prazer e... Nem amar se permite!
Quando instigado à verdade se omite,
Com desprezo a vida reza ao inferno,
Celerado, mas mostra-se galerno
Fingindo regalo junto aos vesanos,
Que se entregam aos dizeres profanos
Sob o fulcro do sagrado moderno.
Não há poder sem a vossa vontade...
Nem força sobre vós sem permitirdes,
Pois tudo que vós, contra vós urdirdes
Para vós pode vir em tempestade...!
Mas se acatardes vossa potestade...
Para unir-vos em vós outros, inconhos,
Tereis maravilhas de céus risonhos
Brilhando-os acima das conivências,
Que atormentam as boas consciências
Plenas de graça, de paz e de sonhos.
MARIO BENTO DE MORAIS.
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