Tornou-se fértil a estúrdia de alguns brasileiros que se revelaram para a universal palurdice – estremes da razão singular e paladinos da moral e senhores intocáveis da lei e da ordem, que sonham, entendem ou desejam ser o País uma extensão do seu próprio quintal e, agem como se assim o fosse ultrapassando os limites ingênitos aos demais cidadãos. Talvez este fosse o momento oportuno para usarmos a declaração de Ulisses, segundo Homero: “não é bom ter vários senhores”, porém, sem acrescentar nada mais. Só esta frase basta! Isto porque a história nos remete a alguns embustes que teimam em se repetir sem pedir licença por estroinice fecunda de lerdos cáusticos, que sem discurso humanamente consciente, envilecem a nobreza livre da realidade do povo, que vivendo a orfandade da verdade solida se empanturram das lérias do atraso.
AS FARSAS DA
HISTÓRIA
Foram
lorotas, mentiras promovidas a verdades, por gente submissa, geralmente falaz,
que vive a esmolar obséquios, sobejos das benesses alheia e profunda reverência
a sujeição democrática necessária. Gente disposta a atirar no fosso das
imundícies coletivas a própria liberdade e dela se despir para nutrir as
loucuras de um esperto, que se julga escolhido a bálsamo intenso às agruras
intrínsecas do povo. De modo que se pode concluir com acerto, que o aço da
porca é o mesmo do parafuso!
NO BRASIL
No Brasil,
século XX, as mentiras sobre a paternidade das Leis trabalhistas caíram no
domínio popular como obra de Getúlio Vargas. Segundo Hugo Baldessarini no Livro
Crônica de Uma Época, pag. 8, isto não corresponde à verdade. Os motivos.
“Evaristo de
Morais foi o primeiro a publicar um livro sobre a matéria, denominado Direito
Operário, editado em 1908, que defendia o direito de greve e outras
reivindicações dos trabalhadores”.
“Em 1923, se
iniciou a Previdência Social, com a criação, por iniciativa da Câmara, de uma
caixa de aposentadoria e pensões para os ferroviários. Nesse mesmo ano criou-se
o Conselho Nacional do Trabalho e, em 1926, mais dois órgãos de previdência
apareceram: o dos marítimos e o dos portuários”.
“A Primeira
lei sobre acidente de trabalha já fora aprovada, anteriormente, pelo congresso
e sancionada pelo Presidente Delfim Moreira, em 1919, quando Vargas nem
deputado era”.
“O direito a
férias foi assegurado , em 1925, pela lei nº 4932, não tendo Vargas, então
deputado, tomado parte nos debates”.
“E o aviso
prévio já era matéria prevista no Código Civil, desde janeiro de 1916”.
NA ANTIGUIDADE
Salmoneu, rei da Élida, segundo a mitologia grega, por querer usurpar as façanhas de Zeus, imitando os seus raios, planeou que seus vassalos lhe conferissem primor supremo com honras e sacrifícios; Zeus não gostou do audácia e com um raio o fulminou para o mármore do inferno. Segundo, Virgílio, Eneide, VI, 585-594.
“Sofrendo tormentos
cruéis, por querer imitar
Os estrondos
do Olímpio e os raios de Júpiter.
Puxando por
quatro cavalos e agitando uma tocha,
Atravessava os
povos da Grécia e a cidade no centro da Élida,
Triunfante e
pedindo para si as honras divinas.
Pobre louco
simulava os trovões e o raio inimitáveis
Com a trompa
de bronze e o tropel dos cascos dos cavalos.
Mas Júpiter
lançou seu raio entre as nuvens densas,
Não tochas
nem chamas fumegantes de um tição,
E o precipitou de cabeça no abismo profundo”.
Os reis do antigo
Egito, segundo a história, ao se exibirem em público, tinham lá também suas
solércias ao se mostrarem com gato, ramos ou com fogo sobre a cabeça, para de
esse modo impressionar os súditos, camuflando a real intenção simulando-se
esplêndidos. Essas intrujices desses reis rendiam-lhes venerações, respeito idolátrico
e obediências dos seus feudatários.
MÁRIO BENTO
DE MORAIS
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