domingo, 8 de maio de 2016

A DISPOIS DAS INLEIÇÃO


Autor: CHICO DE AMARO


Seu doutô eu venho aqui
Pruque tenho nicissidade
De cunversar cum senhor,
Inspere tenha bondade
Pra ovir minha razão.
                        
Apois lá na minha terra
Adonde sou morador
As coisa tá toda errada
Eu vou contar pru senhor
O principo da questão.

É uma questão milindrosa
Pruque involve otoridade
Mas Cuma sou cabra macho
Vou contar toda verdade
Cuma tudo aconteceu.

O prefeito de minha terra
Qui o povo nele votou
Prometeu o mundo e o fundou
Mas nem cum o fundo chegou
Adispois que se elegeu.

O pobe é qui nem iscada
Pru político se atrepar
E quando tá lá inriba
Pra baixo num quer mais oiar
Para quem lhe apoiou.

No período da inleição
Ele é bom e é cortez
Faz favor a todo mundo
E diz: eu sou pru vancês
Na alegria e na dor.

Mas dispois qui a inleição passa
O homi vira uma ferra,
Não quer mais saber do povo
Já não é mais Cuma era
Nem faz o qui prometeu.

Torna-se um bicho do mato
Feroz qui nem um lião
Se o pobe lhe pede uma coisa
Ele solta um palavão
Pois do pobe se insqueceu.

O pobe não tem mais vez
E não é mais arricibido
Cum sorriso e cum abraço
Se torna um homi insquicido
Inté a ôta inleição.

E lá vem a inleição de novo
O pobe agora é alembrado
O canidato lhe abraça
Se fazendo de inducado
E inté lhe aperta a mão.

E é nesse aperto de mão
E é nesse abraço doutô
Qui o politico se escancha
No homi trabaiador
Cum toda sua isperiença.

E diz: cumo vai à famia?
O pobe diz – de rim pra lá,
Inté minha fia mais veia
Já deixou de estudar
Pru farta de assistênça.

Ai o político diz:
Pruque vancê não me procurou
Eu tômem  sou seu amigo
E pra isso aqui estou
Pra agora lhe ajudar.

Ele aperta a mão do pobe
Cum certo nojo doutor
E chama inté de amigo
Com um tom de traidor
E a conciênça de cão.

E o pobe, esse homi
Qui só sabe trabaiar
Não compreende a malíça
Dêsse político vulgar
Sente inté sastifação.

E dali sai todo feliz
E in casa diz a mulé:
Oje eu tive uma prosa
Inte tomei um café
Cum o douto seu prefeito.

Não é doutô qui o pobe
Vai se inganar ôta vez
Votar em quem num merece
É uma grande insensatez
E farta inté de respeito.





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