Segundo o autor de “A BAGACEIRA”, José Américo de Almeida,
“ninguém se perde na volta”. Sinceramente, não foi o meu caso, na volta eu me
perdi! O caso se deu no ultimo de maio, quando fui à festa de encerramento do
mês Mariano, na minha terra, a ninfa do nobre e sofrido Sabugy, São Mamede.
Alguém por maldade sujou-lhe o rosto, feriu-lhe a graça, atirou-lhe a ultima
fecha, talvez por piedade ou pena, e lhe acertou em cheio o peito. O absoluto
do bárbaro chegou ao ápice, é o fim!
Fiquei desapontado e cheguei à conclusão de que o bárbaro merece
respeito, mas não poder. Vi a História dos nossos ancestrais desrespeitada e o
nosso orgulho exposto no lixo, sem pelo menos nos dar o direito de chorarmos o
nosso infortúnio. Já diziam os antigos, em terra de ninguém qualquer “um” é
rei. Então, quando um povo renuncia cuidar do seu próprio destino é por que
deseja tornar-se escravo. E assim, seja!
O prédio da prefeitura municipal de São Mamede, construído entre
os anos de 1954 e 1955 do século passado, perdeu o seu encanto, a sua beleza
arquitetônica fora prostituída, puseram abaixo a sua originalidade,
"profanaram o templo!". Seus antigos janelões de madeira de lei foram
substituídos por janelas de vidro – disseram-me “modernas”. As alegações foram,
por assim dizer, as mais diversas: queríamos dar ao prédio (leia-se o ego) um
aspecto bonito, de modernidade, disse-me uma autoridade, que era bárbaro. Em
seguida questionei: o mundo moderno tem-se preocupa muito com a preservação da
historia, por que aqui acontece o contrario? Recebi uma resposta que não me
convenceu e ficou por isso mesmo...
Diante de tamanha insânia, suponho que tenham consultado o povo
para provocarem essa desastrosa agressão ao patrimônio artístico e cultural da
cidade ou pelo menos o plano diretor ou será que agiram com o peculiar instinto
técnico administrativo? As hipóteses possíveis que deram ao gestor o lastro
para tomar a decisão abrupta e rancorosa de assassinar a memória dos nossos
ancestrais habitam sempre de forma negativa a seara dos nativos e congestionam
a boa vontade dos mais otimistas. E foi por isso que eu me perdi na volta.
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