domingo, 16 de setembro de 2012

EU E O CARÃO

O poeta popular enche a alma da gente toda vez que inflama seu gênio, com José Marcolino não foi diferente, o poeta não só enchei mas transbordou-a com o seu belo poema, "EU E O CARÃO. Sinto não o conhecê-lo, mas desde já parabenizo pela beleza da obra. 


Deitei-me uma ocasião
Devido a pouca saúde
Acordei por, no açude,
Cantar penoso um carão.
Entoava uma canção
Que mais parecia um hino
Imitava um violino
Acordei, não dormi mais,
Quantas notas musicais
Num crânio tão pequenino.

Só sei que a dificuldade
Tava na alma da gente,
Eu soluçava doente,
Ele a cantar com saudade.
Talvez fosse uma amizade
Que o fizesse sofrer,
Pontos de o seu padecer
Vieram tocar nos meus,
Eu de cá, pedindo a Deus,
Que me deixasse viver.

Comecei a meditar,
E em minha imaginação,
Senti que aquele carão
Cantou pra me consolar;
Percebi que o seu cantar
Acalmou as minhas dores
Ele, pelos seus amores,
Eu pela questão nervosa,
Naquela noite inditosa
Éramos dois sofredores.

Ele cantava sem calma
No açude atrás de um morro,
Suas notas de socorro
Deixaram alivio a minha alma.
Da paz, eu ouvia palma,
E melhorou tudo, enfim,
Tava um bulício o capim,
O vento soltava açoite,
Parece até que a noite
Fazia preces pra mim.

Seu cantar foi se alongando,
Eu de cá da cama ouvindo:
Eram dois entes sentindo
Um cantado outro chorando.
Onde estará pousando
Com seus sons harmoniosos,
Os meus momentos nervosos
Graças a Deus já passaram:
Se os seus se aliviaram,
Somos dois vitoriosos.


(Poeta José Marcolino)














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