O tempo político é mais pesado do que o ar, e seu peso é como um projétil certeiro procura sempre a nossa cabeça. E jamais erra o alvo! Para o povo que vive do tempo não há mais tempo, pois a espera pelo tempo morreu na fila do tempo que não teve tempo para o seu tempo. Assim, caminham as barrigas de bolsos vazios, sempre através do tempo quase sem tempo. E passam-se os tempos e os temporais não cessam, faltou-lhes tempo nos dias turvos e nas noites brancas. E o tempo voa pelas trilhas das eras sem asas, buscando o além de si em si mesmo. Enganando-se e massacrando-se, iludindo-se e destruindo-se, até quando? Ora, o ontem é tempo, o hoje é tempo, o amanhã é tempo e tudo é tempo, até sorrir é tempo. A paciência é tempo, a pressa é tempo, a destreza é tempo sem glória; enquanto o sim é tempo, o não é tempo sem história. E o povo? Ah! Este tem tempo sim, mas perde-o sempre com sonhos inúteis e promessas surreais: se eu ganhar esta eu vou ajudar a toda sua família. A vitória chegou sem redias e sem focinheira – no tempo. As dívidas com os enganados – esquecidas. Agora já é outro tempo. Esse novo tempo vai precisar de muitos bolsos para guardar-se. Tudo é tempo. A derrota também é tempo, mas até quando? Quando? Não sei. Pergunte ao povo que se quiser pode ser o senhor do tempo.
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