segunda-feira, 21 de outubro de 2024

MOTE/ EU NÃO TENHO O SEU AMOR/MAS AMO O AMOR QUE TENHO.

 

A enxergo, porém, não a vejo,

No entanto, a sua existência 

Sofre fatal influência,

Que chega a falta-lhe pejo.

Nos olhares o desejo

Do conquistador ferrenho,

Na boca dela um desenho

D'uma coração sedutor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor qu'eu tenho.


De fato, a sua beleza

Estimula, atrai, encanta,

Causa síncope até espanta

O olho sem delicadeza,

Qu'eivado de frivoleza

Fere o rosto, muda o cenho

Mesmo assim eu me contenho,

Lembrando da minha flor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor qu'eu tenho.


As curvas insinuantes

Presas a veste, sem crimes,

Porém, os alvos sublimes

Desconfortam os semblantes.

Sussurros desconcertantes

Vêm atordoar o engenho,

Mas estóico me mantenho

Conforme a Lei do Senhor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor Qu'eu tenho.


Rosto suave e bonito

Sabe que o menos é mais

Pois, não se excede jamais

Já que o encanto é finito,

Às vezes, um veranito

Com seu fraco desempenho,

Mas ao respeito me atenho

Para não fender a dor:

Eu não tenho o seu amor,

Mas amo o amor Qu'eu tenho.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

TUDO NOVO, MAS SEMPRE VELHO!


Titia, eu preciso ser prefeito

Para seguir com sucesso a tradição,

Já sei mentir sorrindo com alegria,

Prometer com empatia

Num falso aperto de mão.


Com competência sei o caminha da nota fria

E a estratégia pra fraudar licitação,

Dessa boquinha eu só quero sair rico

Meu salário eu multiplico

Meu robe é ostentação.


Todo meu plano é sair de bolso cheio,

Com esperteza eu vou superfaturar,

Terceirizando os serviços e a rachadinha

Eu formo uma dobradinha

Ninguém vai me segurar.


A minha luta vai ser desviar recursos

Para engordar a minha conta bancária,

O meu mandato fixei em oito anos

Vou realizar meus planos

Minha gestão vai ser hilária.


Mário Bento de Morais

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

O POVO TEM FOME DE LIBERDADE/OS PODEROSOS JANTAM A OPRESSÃO

 

Não queira ser feliz pela metade,

Porque o astroso o é do mesmo tanto,

A diferença estar em cada planto

Tomado pela alheia má vontade.

De fato, no fosso da tempestade,

Encontra-se sempre a falsa impressão

Atirada em rosto com a expressão:

Palerma - terno da sociedade - 

O povo tem fome de liberdade,

Os poderosos jantam a opressão.


O bem se completa com o respeito

Quando se o tem deveras a si mesmo,

Porém, alguns decidem viver a esmo,

Mas não se exclui o seu natural direito,

Embora um tanto se torne sujeito

A adoba que os conduz a concessão

Aceitando indolente transgressão

Obrigada pela necessidade,

O povo tem fome de liberdade,

Os poderosos jantam a opressão.


Aqui a nova forma de humilhar

Passa pela sujeição democrática

Necessária em meio a vida prática

Sob o ódio da fórmula de agrilhar

Pelos vis que não querem partilhar

Porque desejam manter sob pressão.

A loucura maldita da agressão,

Que fere de morte a realidade

O povo tem fome de liberdade

Os poderosos jantam a opressão.


A vaidade é o maná da injustiça,

Que sufoca os cantares da esperança

Cerceando o favor da temperança

Desistindo da bondade castiça,

Contudo, negar o bem enfeitiça

O tolo domável à submissão

Que o fez afeito sempre a invissão

Por natureza da má insanidade

O povo tem fome de liberdade,

Os poderosos jantam a opressão.


Mário Bento de Morais

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

A VERGONHA AVANÇA


As disputas pelas bocas

Ganham pautas nos jornais,

Os delinquentes em guerras,

Rixas brutas infernais,

O pó ditando o terror

Carnificina, horror,

O mal em caricaturas.

O massacre continua

Sob as mãos da dama-nua

Em suas descomposturas.


As formas dessas disputas

Diferem, porém, iguais -

As duas matam - são drogas,

Que embustecem os eguais.

Com seus modos singulares

Agridem a vida, os lares,

Em meio as cruéis torturas

Perversas vis ameaças,

Promessas chulas, trapaças,

Pilhagens nas conjunturas.


Fazem parte d'uma estrutura

Que esquadrinha a dor, a morte,

Lucra conforme a miséria

Do pobre infeliz sem sorte,

Massa fértil de manobra,

Ralé, indesejável sobra

De malditas conjecturas.

Presa dos lobos-da-terra,

Vítima fatal d'uma guerra,

Que se dar ás aventuras.


Muitos cheiram pra morrer

Outros morrem por fumar,

Uns matam pelo poder

E assim poderão premar,

Com pensamentos maldosos

Mesquinhos, insidiosos,

Os zumbis das desventuras.

Entre dois mundos atrozes

Foros de deuses ferozes,

Que se atem as imposturas.


Mário Bento de Morais

sexta-feira, 26 de julho de 2024

O IGNORANTE ACREDITA NAQUILO QUE ELE NÃO SABE E DESCONHECE A REALIDADE DAQUILO QUE ELE ACREDITA SABER.

 

                                        Credito de amigos de São Mamede

 A truculência raivosa

Flui na forma de progresso,

O passado caricato

Revigora o retrocesso,

D'um presente disfarçando

Que só se presta ao digresso.


A arrogância em excesso

Gera monstros no poder;

É fruto de escolha errada,

O povo tende a perder,

Os meandros da história

Pra depois se arrepender.


Porém, há de se entender,

A força que o voto tem!

Fazendo certo dá certo

A coesão se mantém,

Pois sendo a escolha certa

Nela a lógica se atém.


Assim, todos se atentem,

O futuro está nos dedos

Já que não há consciência,

Mas dilemas e segredos

Contados ao pé do ouvido

Como sussurros de enredos.


Mais forte do que torpedos

Promessas vencem o voto!

A sujeição democrática

Varre como terremoto,

Os destinos dos humildes

Pela causa do maroto.


Contudo, no mercado roto,

As ações da democracia

Estão cem por cento a venda

Procure a mediocracia

Corretora responsável

Com aval da aristocracia.


Eia! Sus, a democracia!

Forte, avante, vai sem rumo,

Cofre versos doma tolos

Jardim sem plano nem prumo, 

Sonhos superfaturados,

Fontes de bens e consumo.


Mário Bento de Morais

quarta-feira, 17 de julho de 2024

MOTE/COM AS BENÇÃOS SOLENES DA JUSTIÇA/CRIMINALIZA-SE A HONESTIDADE


As chicanas povoam o direito

Para postergar ou impor embaraços,

Daqueles do tipo João sem braços,

Que ferem os aspectos do conceito

Sorvendo a moral proba do respeito

Jurídico, desviando a verdade,

Do caminho da santa liberdade

Torturada pelo ego da cobiça:

Com as bençãos solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Nos tribunais os recursos desabam

Pelas vias vivas das veniagas,

Amoitadas por trás das contas pagas

Tradições que nunca se acabam,

Nas coxias os atores se gabam

Dos atos cênicos de iniquidade

Em cartaz nos teatro da cidade

Apresentando lotação maciça:

Com as benções solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Vende-se a razão a troco de subornos

Estes são os valores da consciência 

De alguns doutos postos em evidência,

Que servem aos maus hábitos de adornos.

Quando flagrados alegam transtornos

Ou que não houve irregularidade

Porque preza por sua idoneidade

E nem a sua honra desperdiça:

Com as bençãos solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Não há antídoto que cure a ganância

Nem lei robusta que agasalhe o fraco,

Tão pouco um laço que apanhe o velhaco,

Ou o soberbo censurar a arrogância.

O cético deixar a petulância,

A cognição vê Deus com humildade,

O que julga não ter cumplicidade,

Mas o condão da entidade castiça:

Com as bençãos solenes da justiça

Criminaliza-se a honestidade...


Mário Bento de Morais

quarta-feira, 10 de julho de 2024

OS ESTULTOS CULTURAIS/CEIFAM OS BENS DA HISTÓRIA

 

Foi Dona Celly Vianna

Filantropa afetuosa,

Que concedeu às lavadeiras

Está sombra generosa,

Que lhes trouxe dignidade

Este gesto de bondade

Vive ainda na memória

Com registros nos anais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da história.


São Mamede está perdendo

As marcas da identidade

Construídas pelo povo,

Mas a perfídia vaidade

D'um vândalo carcomido

Com seu perfil exibido

Destrói ou louros da glória

Dos nossos bons ancestrais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.


Tonha preta, filha nobre,

Vítima da ignorância,

Que só conheceu a labuta

Desde a mais tenra infância,

Teve que ser serviçal

D'uma elite desleal,

Desumana, predatória,

Com seus conceitos banais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.


Dona Cícera Gouveia

E Francisca de Rosendo

Ao lado de outras mulheres

Nesse trabalho sofrendo

Sob um sol forte escaldante

Que lhes deixavam distante

Do começo da vitória

Para os sonhos irmanais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.


Genocídio cultural

Vitimou a Cely Vianna,

Um bem fruto do trabalho

D'uma gente soberana.

Mas o parvo embrutecido

Com seu ódio endurecido

E uma maldade notória,

Exala seus dons danais:

Os estultos culturais

Ceifam os bens da História.