sexta-feira, 7 de março de 2025

"EU SÓ SEI QUE É ASSIM"


Agora que eu sou prefeito

De fato e de direito 

Conforme a lei de demanda

Da política de franquia

Verdadeira anarquia

Num esquema de ciranda.


Com status de laranja 

Vou ao menos dando canja

Como o líder da cidade

Meu ofício é assinar

Notas frias sem olhar

Falsificando a verdade.


Meu projeto é sair rico 

Para o povo nada explico

Porque não lhe devo nada,

Comprei voto, fiz promessa,

Levei todos na conversa

Dei baile na ciganada.


Tenho teses com bons planos

Pra mentir por oito anos

Explorando o meu tesouro,

Florão que o sumo Mathias,

A chamou com empatias

"Penosa dos ovos d'ouro".


Lumpen da madre mamparra,

Cresci degustando a farra,

Que se dava por esbulho.

Do sonho que medra o povo,

Porém, só havia aprovo

Com rateio do bragulho.


Nunca tive ocupações 

Vivi sob boas ações 

Do social coletivo

Gozando de privilégio, 

Farta mesa, bom colégio

Por mérito impositivo.


As borgas da juventude

Boçais aos dons da virtude,

Negam-me ter o redil.

Mas o metal delirante

Continua dominante

Sob arbítrio do ardil.


As custas da consciência

Estimulam dependência 

Com seus fins alucinógenos

Para os broncos usuários,

Que nas mãos dos temerários

Os tolos serão lisógenos.


Porém, só sei que é assim

Perpetua-se tudo enfim

Por razões sempre banais

Dos férteis oportunistas,

Falsários protagonistas

De atos irracionais.


São parasitas lendários, 

Que mistificam otários

Urdindo-lhes a cobiça,

Mas lhes tardam a verdade

Com astúcias, por maldade,

Pra nodoar a justiça.


Mesmo assim eu sou prefeito

De fato e de direito,

Em meio a forte ciranda

Da política de franquia

Verdadeira anarquia 

Porque a súcia, é que manda!


Mário Bento de Morais

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