sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O NOBRE E O MISKIN

Não há sectarismo mais careta

Do que esse da fala inconsequente!

Que sugeriu destruir o indigente

Que a avidez o atirou sobre a sarjeta.

Não é humano expelir essa veneta

De acesso repentino de loucura!

Nem é sagaz se lançar a procura

De algo que separe o miskin do liso,

Ambos são sobras da “flor” sem juízo

Que os inflige a viver na desventura.


Ser miskin não é causa de discussão

Nem tão pouco pode ser um defeito,

Nem ser nobre se constitui direito

De humilhar o miskin sem tostão.

Nobres, restos se deem ao perdão

Para que a vida se torne um colosso!

Não se matem nem se entreguem ao fosso

Aberto no coração da sandice

Porque se inflar é mais que babaquice

E, às vezes, quebra até o nosso “pescoço”.


Qual a diferença entre o miskin e o liso?

Quiçá Aurélio nos dê a conhecer:

Ao miskin falta o básico pra viver,

Sua carência é mais que um juízo,

Nessa metafísica inclui-se o liso

No vasto infortúnio popular,

Miskin e liso têm o mesmo paladar

Comem do pão que o diabo amassou,

Sofrem abusos do sonso que instou

A invenção dos Franceses, restaurar.


Guillotin aconselhou a guilhotina,

Para matar sem que haja alvoroço;

Nobre disse que ao pisar no pescoço

Traz prazer e poder a quem domina.

Para o miskin, cuida-se a disciplina

Pra que viva sem oportunidade,

Já o liso não merece piedade

Foi descuido de Deus o ter nascido,

Descartá-lo é crédito garantido

No banco da infeliz sociedade!


Nobres brotos da deusa medicina,

Três “gênios” da raça, num esboço

De deuses acedentes ao colosso

Da arte de matar com disciplina.

Joseph fez lobby pró Guilhotina,

Mengele em Auschwitz fez história,

Já Marinus mencionou a memória

Do Patre pra dizer como matar,

Na fala o povo pôde constatar

Quão cruel é a empáfia predatória.


João Pessoa, 13 de novembro de 2022

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