Não há sectarismo mais careta
Do que esse da fala inconsequente!
Que sugeriu destruir o indigente
Que a avidez o atirou sobre a sarjeta.
Não é humano expelir essa veneta
De acesso repentino de loucura!
Nem é sagaz se lançar a procura
De algo que separe o miskin do liso,
Ambos são sobras da “flor” sem juízo
Que os inflige a viver na desventura.
Ser miskin não é causa de discussão
Nem tão pouco pode ser um defeito,
Nem ser nobre se constitui direito
De humilhar o miskin sem tostão.
Nobres, restos se deem ao perdão
Para que a vida se torne um colosso!
Não se matem nem se entreguem ao fosso
Aberto no coração da sandice
Porque se inflar é mais que babaquice
E, às vezes, quebra até o nosso “pescoço”.
Qual a diferença entre o miskin e o liso?
Quiçá Aurélio nos dê a conhecer:
Ao miskin falta o básico pra viver,
Sua carência é mais que um juízo,
Nessa metafísica inclui-se o liso
No vasto infortúnio popular,
Miskin e liso têm o mesmo paladar
Comem do pão que o diabo amassou,
Sofrem abusos do sonso que instou
A invenção dos Franceses, restaurar.
Guillotin aconselhou a guilhotina,
Para matar sem que haja alvoroço;
Nobre disse que ao pisar no pescoço
Traz prazer e poder a quem domina.
Para o miskin, cuida-se a disciplina
Pra que viva sem oportunidade,
Já o liso não merece piedade
Foi descuido de Deus o ter nascido,
Descartá-lo é crédito garantido
No banco da infeliz sociedade!
Nobres brotos da deusa medicina,
Três “gênios” da raça, num esboço
De deuses acedentes ao colosso
Da arte de matar com disciplina.
Joseph fez lobby pró Guilhotina,
Mengele em Auschwitz fez história,
Já Marinus mencionou a memória
Do Patre pra dizer como matar,
Na fala o povo pôde constatar
Quão cruel é a empáfia predatória.
João Pessoa, 13 de novembro de 2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário