As flores se curvam ao olhar da luz,
O homem se dá ao aroma da noite.
Dois destinos exibidos ao açoite
Do vento que por sendas os conduz
Mirando-os para o porvir lirial
Sob o lampejo do ouro virial
Do febo a beijar majestoso a vida,
Obra casta clímax da divindade
Que segue a plenitude da bondade
Do poder da criação concebida.
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Somos apenas meros instrumentos
Da orquestra, cujo maestro é Jesus,
Que sem culpas mataram-no na cruz
Afligindo-lhe perversos tormentos
Nas três horas de intensos sofrimentos
Exposto a chufas, relhos, agressões
D’uma turba de acesos santarrões,
Que negavam de Cristo a Divindade,
Ultrajando de Deus a caridade
Infectados de inveja e ambições.
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A fé não pode ser de rolhos fardos
Carregados de interesses escusos
Nem disfarces opressivos de abusos
Conduzidos pelos mestres javardos.
Santanários de gestos galhardos
Guardando-se das reais intenções
Amanhadas nas antigas lições
Dos farisaicos doutores da lei,
Que cantavam seus dogmas com sirlei
Aos surdos com as velhas arguições.
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A grama frágil desencosta a rocha
Destronando-a da zona de conforto,
Mirando apenas a força da luz
Despertando a vida no cosmo morto,
Dantes recluso à infertilidade,
Quando o sublime elã da liberdade
Respirou profundo o verde seivoso,
Libertando-o da severa opressão
Que lhe tolhia cumprir a criação
Em dar vida ao verde maravilhoso!
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A retidão não pode ser o braço
Retesado à elite, um puxadinho!
Nem a sombra acolhedora, um alinho
Às danações forçosas do madraço.
O cânone justo com forma e traço
Lúcido legará mais hombridade
Mais transparência mais dignidade,
Rega a paz com o mel da aceitação
D'uma empatia viva em construção
De esperança, justiça e igualdade.
Mário Bento de Morais
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