O espírito humano
tem viva uma centelha da justiça divina, que desperta na existência e cresce sempre com as praticas de ações solidárias; porém, às vezes, os insucessos causados pelo vazio existencial trazem graves males psicossomáticos e geram hábitos perversivos que fazem cessar com o brilho da suprema verdade e da essência justa das obras.
Quando desnuda a palavra verdade
Assim como a fé sem as suas obras,
Não fazem monges em suas dobras
Nem logram a real fidelidade.
Fingem-se probas à realidade,
Porém, sem os méritos da virtude
Não alcançam a clara solicitude
Nem vive da natureza a substância,
Morrem-se na pobreza da ganância
Delinqüidas na plena ilicitude.
A justiça só existe se a verdade
Sempre permanecer insuportável;
O que mente se opõe desagradável
Invocando entrave à praticidade,
Tese morta que evoca nulidade,
Mas que tácita tange em meio à
súcia
Que a esconde nos refolhos d’ astúcia
As intenções nefastas à decência
Movidas de avidez e incoerência
Que causa à verdade fatal excrucia.
A verdade no meio, às vezes, pena
Ásperos desdéns até da justiça,
Que por conluio surreal atiça
A empáfia sórdida que condena
E, por vezes, formidolosa cena
Colorem as manchetes dos jornais
Com acórdãos dos nobres tribunais
Que destroçam de vergonha os
patrícios
Ao se exibirem fartura de
indícios,
Nos processos cortesmente venais.
MÁRIO BENTO DE MORAIS
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