quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

ESQUELETO DE UM SÍMBOLO, O VELHO PAU D’ARCO EM SÃO MAMEDE



FOTOGRAFIA - MANOEL LUCENA – COLÓ.
Blog colocidade

Foste tu, velho pau d’arco
Senhor de linda ramagem
Representante supremo
Da natureza selvagem
Rebento divo da terra
Que enfeitava a paisagem.

Quanta inveja causaste
Ao te ornares de flores!
Quanta magia esbanjaste
Em meio à flora em cores!
Quantas tribos amparaste
Cansadas de suas dores!

Cansadas de suas dores,
Quantas tribos amparaste?
Em meio à flora em cores,
Quanta magia esbanjaste?
Ao te ornares de flores
Quanta inveja causaste?

Quantas aflitas cantigas
Ouviste na tempestade
Das tribos antes da guerra
Invocando a divindade
Com os guerreiros em transe
Num misto de ansiedade?

Depois da guerra a dança
Pra festejar a vitória:
Rituais e oferendas,
Sacrifícios, fé e gloria
Aos deuses purificados
De existência in memória.

Olhando teu esqueleto
Vejo quanta violência
Sobre tu velho pau d’arco
D’uma gente sem consciência
Que assistiu a tua morte
Sem te prestar assistência.

Durante teus ledos anos
Suportaste mil tormentas
Nos dias tempestuosos
Ou nas tardes nevoentas,
Nem estragos te fizeram
As borrascas truculentas!

Se de pé estais ainda
Com esse gesto funesto,
É porque o teu destino
Expressa um manifesto
Num grito silencioso
Como forma de protesto.

A tua imagem medonha
Em situações noturnas,
Causa impressões assombrosas
E vibrações taciturnas
Com rajadas destorcidas
Das ventanias soturnas.

Deste nome a um bairro
No auge de tua grandeza
Pujante, linda, viçosa,
A divisão da beleza,
Estandarte da caatinga,
Relíquia da natureza.

Por fim, meu velho pau d’arco,
Fatal foi minha omissão
Sou cúmplice de tua morte
Por não te dar proteção,
De joelhos ao teu cerne
Venho te pedir perdão.

João Pessoa – PB, 10 de agosto de 2014.


                                                     Mário Bento de Morais

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