As disputas pelas bocas
Ganham pautas nos jornais,
Os delinquentes em guerras,
Rixas brutas infernais,
O pó ditando o terror
Carnificina, horror,
O mal em caricaturas.
O massacre continua
Sob as mãos da dama-nua
Em suas descomposturas.
As formas dessas disputas
Diferem, porém, iguais -
As duas matam - são drogas,
Que embustecem os eguais.
Com seus modos singulares
Agridem a vida, os lares,
Em meio as cruéis torturas
Perversas vis ameaças,
Promessas chulas, trapaças,
Pilhagens nas conjunturas.
Fazem parte d'uma estrutura
Que esquadrinha a dor, a morte,
Lucra conforme a miséria
Do pobre infeliz sem sorte,
Massa fértil de manobra,
Ralé, indesejável sobra
De malditas conjecturas.
Presa dos lobos-da-terra,
Vítima fatal d'uma guerra,
Que se dar ás aventuras.
Muitos cheiram pra morrer
Outros morrem por fumar,
Uns matam pelo poder
E assim poderão premar,
Com pensamentos maldosos
Mesquinhos, insidiosos,
Os zumbis das desventuras.
Entre dois mundos atrozes
Foros de deuses ferozes,
Que se atem as imposturas.
Mário Bento de Morais