15 de agosto... A desonra
Veio trazer dor e choro
Ao meio já calejado
De insalubre desaforo
Da pobreza combalida,
Insatisfeita, falida,
Pela falta de decoro.
Insípido e inodoro,
Mas por graça da franquia
Tornou-se as dores do povo,
Que sem razão o delinquia,
como se um gens do passado
Voltasse, sedento, ousado,
Oh! sus! Velha oligarquia!
Eia! Tempo de anarquia
Com o voto encabrestado:
A "servidão voluntária"
Sob o chicote arretado,
Que no ar fazia uma dança,
No corpo grave mudança
Sobre o lombo do coitado.
Mas o verdugo espritado
Tinha poder sobre a vida,
Dominava a dor da morte
Em vista a sorte vencida
Pela fraqueza humana
Vestida de soberana,
Mas moralmente ofendida.
Oh! Meu ramo foi doída
As manhãs sem liberdade,
Morre-se a primeira morte
Sem viver a eternidade
Pagando os onze pecados
Todos criminalizados
Pela força da vaidade.
O ímpeto da tempestade
Sobre os destinos avança
E desaba incontinente
Sem margem para lembrança,
Assim os velhos costumes
Trazem inférteis estrumes
Que incendem desesperança.
Vinte e seis. Sus! Tem festança,
Céu azul, plena claridade!
Ar puro, afável, profundo...
Eis o que é a liberdade,
Comparada a servidão.
Oh! Pergunte ao cidadão
A cor da sociedade.
Mário Bento de Morais